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Fabricação Digital – A Nova Revolução Industrial

Direto da Maker Fair/NY, Nagib Nassif, da Bolha, trás as últimas do Mundo Maker e da internet das Coisas


12 de outubro de 2016 - 10h02

Por Nagib Nassif (*)

 

A Maker Faire é a Meca dos makers e adeptos do DIY (Do It Yourself). Nós, da Bolha – estúdio de tecnologia criativa, nos dirigimos a ela anualmente para renovar nossa fé no movimento que acreditamos que vai mudar o mundo (ou melhor, que já está mudando). Quando possível, viajamos duas vezes no mesmo ano, visitando tanto a feira de San Francisco, a original, quanto a de Nova York, intitulada World Maker Faire.

 

No início de outubro estive na World Maker Faire em Nova York e mais uma vez pude constatar que o movimento Maker é algo que se inicia na educação. Mesmo antes do início da feira já se percebe isso, com o foco que os organizadores dão para o assunto. Ao se aproximar do pavilhão, você já se depara com uma legião de crianças ávidas por conhecimento de tecnologia e fabricação. Com certeza é esta parte do movimento que vai de fato mudar o nosso mundo logo mais quando estas crianças crescerem.

 

A Maker Faire este ano abordou quase os mesmos assuntos que nas edições dos últimos três anos, com sua mistura usual de ciência, prototipagem, arte e performance. Um espaço democrático voltado à inovação que coloca lado a lado nerds que bolaram protótipos em uma garagem e caçam apoiadores no Kickstarter com gigantes como Google, Intel e a Nasa.

 

A primeira coisa que quem já ouviu falar da Maker Faire invariavelmente me pergunta quando sabe que eu voltei de lá é qual a maior novidade em hardware, gadgets e afins. É natural, porque novos sensores e controladores são a base das inovações apresentadas. O Movimento Maker nasceu graças ao surgimento de nanoplacas como Arduíno, Beaglebone e Raspberry Pi. Elas continuam seguindo a Lei de Moore e ficando cada vez mais poderosas, menores e mais baratas.

 

A grande diferença que observei este ano é que todas trazem agora capacidade de comunicação wireless – seja Bluetooth, WiFi ou o novíssimo protocolo LoRa – apontando para uma integração cada vez maior com a Internet of Things. A Eslov, por exemplo, é uma plataforma que permite criar uma solução IoT em alguns minutos, segundo seu desenvolvedor. O FenSens é um exemplo de como alguém com uma boa ideia consegue transformá-la facilmente em produto comercial nesse novo universo. É um IoT device que traz sensores de distância para qualquer carro, facilitando manobras e evitando acidentes. Uma simples armação de plástico com câmeras e sensores que você pode instalar na traseira do carro e conectá-lo a um aplicativo no seu smartphone. Em 5 minutos você tem um carro inteligente.

 

 

Frequentar assiduamente uma feira dessas acaba gerando uma visão aérea do movimento, onde se percebe com muita clareza a evolução dos assuntos e a tendência do que vai ter um ciclo mais longo ou não. Na minha opinião, um tema se destacou este ano: a fabricação digital.

Desde o início do Movimento Maker, ele vem sendo propalado como a Nova Revolução Industrial. Uma revolução liderada por hackers em suas garagens em vez de grandes empresas investindo bilhões em departamentos de pesquisa. Seus defensores vislumbram um futuro onde o consumidor não vai simplesmente comprar produtos de massa, mas vai comprar conceitos e designs que podem ser modificados e personalizados pelo próprio consumidor.

O aparelho ícone dessa ideia é a Impressora 3D. Como toda tecnologia, ela teve seu momento de hype, quando se imaginava, lá em 2012, que em 2017 cada casa teria uma impressora 3D onde seus proprietários imprimiriam de tudo, dos brinquedos das crianças a peças de automóveis.

 

O Hype não se concretizou, mas a manufatura aditiva (o nome técnico da impressão 3D) atingiu seu platô de produtividade dentro de um nicho específico: a prototipagem. Esta última Maker Faire mostrou uma nova tendência: a impressão 3D não é a única ferramenta da revolução Maker. Outros mistérios da produção industrial e equipamentos que até bem pouco tempo atrás só existiam em versões colossais, agora aparecem em versões desktop para qualquer um utilizar e desenvolver seus próprios produtos em pequena escala. Alguns exemplos dessa tendência que eu encontrei na feira:

 

Personal CNC

http://www.tormach.com/

Empresas como a Tormach vendem máquinas de usinagem desktop, que permitem a uma pequena empresa criar peças, protótipos e até produtos finais em metal, madeira e uma variedade enorme de materiais.

 

Integração homem-máquina

https://shapertools.com/

A SHaper Origin é a primeira CNC de mão do mundo. Uma fresa superpotente que é operada com as mãos e possui inteligência embutida para corrigir eventuais erros do operador. Uma evolução concebida dentro do MIT que pode ser o início de uma grande linha de artefatos cyborg para serem utilizados em trabalhos pesados e de precisão.

 

Precisão industrial

http://www.wazer.com/

A Wazer faz corte com água e é a grande máquina do momento. Ela corta todo tipo de material, de vidro a titânio, com alta precisão, sem fazer sujeira e ocupando o menor espaço possível.

 

Laser doméstico

https://glowforge.com/

A Glowforge é uma cortadeira laser com scanner. Finalmente uma ferramenta a laser ganha uma versão doméstica incluindo a capacidade de escanear desenhos deixando tudo mais fácil e divertido.

 

 

 

 

 

Impressão de circuitos

https://voltera.io/

A Voltera não só imprime um circuito utilizando um composto condutivo especial como também pode aplicar a solda em um circuito já desenhado em outro processo. A precisão é incrível.

 

Automação Industrial em casa

http://www.chipsetter.com/

“O chão de fábrica na sua mesa” é o slogam da Chipsetter. Já tínhamos as impressoras de circuito, agora também temos máquinas pequenas para distribuir todos os componentes nela prontos para soldar, uma tarefa muito trabalhosa. Foi-se o tempo de reunir amigos e família para ficar soldando chips em uma placa.

 

Impressoras 3D

Elas continuam bombando, cada vez mais versáteis, de vários tipos, tamanhos, formas e tecnologias. Mas o que mais me surpreendeu foi o avanço das impressoras de porte maior que não utilizam mais filamentos e sim pellets de plástico (os mesmos utilizados na indústria) derretidos na própria cabeça de impressão. As nano impressoras 3D para smartphone também, como a ONO, chamaram muito a atenção.

 

(*) Nagib Nassif é sócio-fundador da Bolha, Estúdio de tecnologia criativa.

 

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