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Inteligência artificial, drones e robôs: o futuro das operadoras

A revolução digital impõe um novo modelo de negócios às teles que, se no passado eram proprietárias do consumidor, agora têm que oferecer experiências


3 de março de 2017 - 13h04

A aprendizagem automática das máquinas, ou machine learning, é a base da inteligência artificial. Com essa premissa, operadoras e empresas que trabalham com análises de dados e otimização de redes promoveram debate no terceiro dia do Mobile World Congress (MWC) para trocar informações sobre como essas redes – e a futura rede de quinta geração (5G) – deverão estar preparadas para um universo no qual predominam as machine learning, ou seja, a inteligência artificial. Tudo isso é resultado da quarta revolução, a revolução digital originada a partir da digitalização de todas as redes, notadamente das redes das operadoras fixas e móveis.

Em outro debate, também com a presença de operadoras, ficou claro que as teles já estão no processo de migração de seu negócio. A Vodafone, na Inglaterra, por exemplo, tem um projeto em andamento com a chinesa Huawei para o uso de drones em fazendas. Esses drones enviam dados por meio da rede elétrica (smart grid) que, processados, auxiliam os agricultores no processo de semeadura, plantação e colheita que ampliam a produtividade, economizam energia e permitem um maior controle sobre a produção agrícola. “É o uso de drones como serviço. Com precisão. A Vodafone está explorando casos concretos que demandam avanços da conectividade (ou seja, a 5G), inclusive com plataforma preparada para a internet das coisas”, afirma o chefe de sistemas de TI da Vodafone, Lester Thomas. A operadora britânica tem um programa, o Vodafone Gigabit Society, que consiste em um programa de conectividade 5G, com operação autônoma de APIs amigáveis para operação de robôs, máquinas (machine learning) e internet das coisas e o uso de drones na agricultura faz parte desse projeto.

O robô da SoftBank, do Japão, conversa com o consumidor e resolve problemas diretamente sem que seja necessária a intervenção humana

Em outro campo, a alemã Deutsche Telekon expôs robôs que conversam com as pessoas e que, em breve, estarão à venda em suas lojas. A japonesa SoftBank, operadora considerada referência quando se trata de inovações e que já foi acionista do Yahoo no Japão, também apresentou robôs que trocam informações com os consumidores e resolvem problemas antes do contato humano. “Há dez anos, (nós, operadoras) vendíamos minutos. Em cinco anos, estaremos gerenciando frotas de veículos autônomos”, afirma o CEO da Eirtec, Patrick Buttimer. A empresa trabalha com dados e machine learning e, segundo Buttimer, a rede, ou infraestrutura, já não importa mais. “Precisamos de um novo jeito para olhar as coisas. Teremos a rede 5G, as smart grids (que é a rede elétrica, inclusive as torres de transmissão que atravessam os campos), casas conectadas, eHealth, entretenimento e carros inteligentes, com comunicação carro a carro. São novas fontes de receita para as operadoras”, argumenta, em resposta a uma das grandes questões deste MWC, que é para onde devem ir as operadoras.

Customer-centric

Buttimer ressalta que este ano, o mundo já dispõe de quase 30 bilhões de dispositivos conectados (que vêm a ser a internet das coisas e toda a base de telefonia móvel), com uma média de 3,8 aparelhos conectados por pessoa. “Em 2020, teremos uma população de 7,8 bilhões de pessoas, com 50 bilhões de dispositivos conectados e cerca de 6,5 aparelhos (inclusive carros) conectados por pessoa”, afirma. Para ele, essa redefinição das operadoras passa pelo conceito de customer-centric service, ou seja, empresas que fornecem experiência de serviços, e não mais a oferta de produtos e serviços. Um exemplo atual de customer-centric é a Amazon, que vende mais do que eletrônicos e livros. Vende a experiência envolvida por big data e inteligência artificial.

Mas, para que a nova operadora customer-centric se viabilize, é preciso que as machine leaerning, drones, robôs e todos os dispositivos conectados “conversem” de forma eficiente com as redes móveis. O presidente e CEO da Accedian, que trabalha com soluções de performance de rede e qualidade de experiência (QoE), Patrick Ostiguy, diz que a inteligência artificial é essencial para 5G. “Porque (a IA) é mais verticalizada, mais dinâmica, mais complexa para caracterizar a demanda. E a machine learning precisa de visibilidade, que são os três “Vs” do big data: volume, variedade e velocidade. Sem isso, não é suficiente para trabalhar na próxima geração. Até porque a perda de pacotes tem que ser mínima”, detalha. Brendan O´Reilly, CTO da Telefônica UK, completa: “Por que analytics em rede é tão importante? Por causa dos dados individuais do cliente, para fazer diagnóstico e investigação, para ter um analytics preditivo e um analytics prescritivo, com correção automática de anomalias. O desafio é, portanto, transformar a performance”, explica. Tecnicamente, o CTO da Telefônica está preocupado com o desempenho da rede para suportar tudo o que vem à frente. Mas, mais importante do que isso, e as teles já perceberam, é transformar-se como empresas e ser algo diferente do que apenas as antigas vendedoras de minutos.

 

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