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Maioria nos EUA topa trocar dados por benefícios

Segundo pesquisa do Pew Institute, 47% dos norte-americanos aceitam relevar seus dados pessoais as empresaà


19 de janeiro de 2016 - 3h24

(*) Por Pyr Marcondes

Pesquisa do Pew Institute revela que apenas 32% dos norte-americanos ouvidos é radicalmente contra trocar seus dados em troca de benefícios. A maior parte, 47%, está totalmente confortável com esse toma lá, dá cá, enquanto os restantes 32% topam, dependendo das condições oferecidas. Ou seja, tem negócio.

Esses dados colocam em cheque a impressão generalizada de que o uso de dados pessoais pelas empresas é considerado danoso pela sociedade e, portanto, uma prática que fere o código da nossa individualidade.

Na opinião da maior parte dos pesquisados não é nada disso. Se há benefícios, tô dentro.

Numa sociedade que entende a questão dessa forma, o que podemos chamar de “melhores práticas” no uso dos dados?

A lógica consensual nasce da opinião dominante. Portanto, numa leitura rápida, a boa prática no mundo do consumo seria aquela que estimula a troca de dados por benefícios e não aquela que zela pela privacidade. Certo ou não?

É claro que nos choca algo assim, mas choca quem, cara pálida? Você e eu, gente que se acha.

Difícil dizer como seria uma pesquisa dessas no Brasil. Certamente as classes mais no topo da pirâmide seriam contra o escambo dos dados pela miçanga e pelo espelhinho. Afinal, ninguém aqui é índio.

Mas e a maioria dos consumidores brasileiros diria o que? Hem? O que você acha?

Minha aposta é que, como nos EUA, uma boa parte dos consumidores aqui iria dizer que vê vantagem e vamo que vamo.

Os mais incomodados seriam os mais velhos, já que os mais jovens, nem ligam.

É exatamente o que mostra a pesquisa do Pew Institute nos EUA. Entre a população com 50 anos ou mais, 39% disseram que são contra a prática. Veja que nem nessa faixa etária conceitualmente mais conservadora a posição é maioria. Já na faixa dos 18 aos 49 anos, a esmagadora maioria, 73%, é favorável a levar vantagem em tudo.

Não se trata, obviamente, de pegar esses números e sair trocando dados por bananas, por aí. Trata-se de entender uma realidade social na área do consumo que é reveladora deste nosso atual momento. A internet contribuiu muito para isso. Foi ela quem arregaçou aquilo que o marketing direto com seus cadastros e malas-diretas começaram a fazer há muitas décadas. Levando ao limite, por um lado, a capacidade das empresas, negócios e até governo, assaltarem nossos dados num arrastão digital sem tamanho, o maior da história. Por outro lado, disseminou programas de afiliados, gamificou promoções online, transformou o que poderia ser considerado um câmbio negro, numa moeda válida e aceita em todo lugar.

Aí, começamos a achar que, se todo mundo faz, meio que tudo bem, ainda mais se eu levo um descontinho aqui, concorro a um prêmio acolá, e boas.

Relaxamos. Compactuamos. Vendemos barato aquilo que deveria valer uma fortuna ou que nem deveria ter preço: a nossa privacidade, nossos hábitos e gostos particulares.

Isso só tem volta se não tratarmos mais nossos dados como lixo. Mas acho que a maior parte das pessoas não está nada preocupada com isso. 

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