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Mashable deixa de publicar notícias e vai produzir vídeos para marcas

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Mashable deixa de publicar notícias e vai produzir vídeos para marcas

É uma mudança e tanto. E um fracasso e tanto.


8 de abril de 2016 - 12h56

Por Pyr Marcondes, diretor geral da M&M Consulting

O portal de informações sobre tecnologia e negócios dos EUA, Mashable, considerado referência entre os novos players de mídia da nova era, tira do ar sua operação de notícias e vai mudar seu negócio para a produção de vídeos de infotainment para marcas. É uma mudança e tanto. E um fracasso e tanto.

Em matéria que publicamos semana passada aqui em ProXXIma, tive a oportunidade de comentar que, após dar uma atualizada nos modelos de negócio em expansão na nova mídia pelo mundo, notadamente após o SXSW, que ficava claro para mim que, apesar de novos formatos de receita, apesar das novas estruturas de produção e de distribuição de conteúdos, e mesmo apesar das novas dinâmicas de gestão, mais enxutas e ágeis, que os novos players do mundo da mídia continuavam com problema de bottom line. Lucro. Quer dizer. Falta de.

Mashable veio, infelizmente, confirmar minha tese, o que nem de longe me deixa lisonjeado, mas só aumenta a preocupação de todos nós com o destino da indústria de conteúdo editorial e de mídia em todo o mundo. A qui idem.

Mashable fazia um trabalho muito bom de jornalismo contemporâneo, aliando competência na apuração, agilidade na produção, inteligência na distribuição, acuracidade na análise, irreverência crítica quando cabia, volume considerável, tudo baseado em tecnologia de dados. Data driven journalism. Enfim, do ponto de vista jornalístico e editorial, pouco a criticar ou a considerar. Sérios e modernos. Só que não bastou.

Do ponto de vista comercial, foram ousados em adotar modelos novos de native adversting. Integravam pacotes ao longo de toda a plataforma. Criaram formatos proprietários em algumas editorias. Quebrarem paradigmas mostrando que é possível envolver marcas e conteúdo, sem que a idoneidade do veículo ficasse maculada. Mas também nada disso deu certo.

Pete Cushmore, seu sócio fundador, principal acionista e CEO, é um dandy. Engomadinho, fashiozinho, bem metido. Escocês, iniciou o Mashable em seu País de origem aos 19 anos de idade, rapidamente com estrondoso sucesso de crítica. Frequentou todas as listas de jovens brilhantes e geniais da nova indústria da mídia, entre elas as da Forbes e do Huffington Post. Além de muito articulado e atualizado, é também muito bem relacionado com os investidores, tanto que o Mashable acaba de receber uma rodada de US$ 15 milhões, mesmo diante de toda essa situação. Mas fica seriamente a dúvida no ar se todos esses atributos serão suficientes agora, na fase dois, o retorno.

A nova escolha de posicionamento do Mashable é aparentemente ok. Parece mesmo que há espaço para uma empresa com o DNA e a experiência que o Mashable tem na produção de conteúdo, que passe agora a focar na produção de vídeos com cara de informação e entretenimento para as marcas. Enfim, pode até ser uma saída.
De certa forma, a mais bem-sucedida operação da nova mídia, essa sim um sucesso estrondoso de público e caixa, a Vice Media, trilha já esse caminho, entre vários outros, e vai muito bem, obrigado.

Esse tal de infotainment é uma mistura de informação objetiva, às vezes até sob a forma de documentários, misturada com entretenimento, porque o conteúdo é envolvente, só que trazendo a marca junto, em formatos comerciais que na verdade ainda estão sendo criados. Mas podemos imaginar desde os tradicionais product placement até o branded content, em que a marca assina, avalisa e se envolve de forma sutil, mais cúmplice do que vendedora.

Enfim, lá se foi o Mashable para outras bandas. E a gente fica aqui pensando é para onde nós iremos, anyway? 

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