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Negócios escaláveis locais são os que mais atraem funding

Martechs e adtechs têm chamado a atenção de investidores que procuram negócios menos dependente de serviços e mais essenciais aos clientes


24 de junho de 2021 - 6h03

A cada ano,  mais e mais empresas voltadas ao marketing digital surgem. Esse crescimento é fruto da transformação digital pela qual o mundo está passando e que foi ainda mais impulsionada pela pandemia, que forçou empresas a se reinventarem e migrarem para o digital. “Hoje em dia, com negócios de todos os tipos e tamanhos, não tem como ficar fora do mundo digital. A internet é um dos principais canais de comunicação e vendas, e a pandemia deixou isso ainda mais claro”, reforça o managing partner da Redpoint Eventures, Manoel Lemos.

(Crédito: MicroStockHub/istock)

Essa expansão do mercado de marketing digital passou a chamar a atenção dos investidores. O investimento em publicidade digital bateu recorde nos Estados Unidos, alcançando US$ 125 bilhões em 2019, alta de 16% em relação ao ano anterior, segundo dados do relatório semestral do Interactive Advertising Bureau (IAB), elaborado pela consultoria PwC. Já de acordo com o estudo Inside Martech Report, do Distrito Dataminer, no ano passado, no Brasil, as martechs, que são startups que unem tecnologia a estratégias de marketing, atraíram US$ 199,8 milhões, por meio de 30 rodadas de investimento, volume semelhante ao registrado em 2019, quando o setor atraiu US$ 199,7 milhões.

Várias empresas relacionadas a esse universo do marketing digital como Squid, Socialbakers (agora Emplifi) e Lead Lovers já receberam aportes, responsáveis por impulsionar seus negócios. “Um caso muito interessante é o da RD Station, plataforma de growth para pequenos e médios negócios no Brasil. Eles começaram com os líderes do movimento de inbound e content marketing no Brasil e evoluíram para uma plataforma de growth cada vez mais completa, com aquisições e adição de novos produtos. Com mais de 20 mil clientes, foram comprados pela Totvs, numa das maiores transações de empresas de software que vimos na região”, exemplifica Lemos. A RD Station foi adquirida por cerca de R$ 2 bilhões. “Outro caso interessante foi a aquisição da Raccoon, que é uma grande agência focada no digital, pelo grupo liderado por Martin Sorrell, um pioneiro do espaço de marketing e que, agora, se dedica ao mundo digital”, cita o managing partner da Redpoint Eventures.

No terreno de aquisições, João Finamor, professor de marketing digital da ESPM, destaca que não são só empresas de investimentos que apostam neste mercado. “É um movimento em que não só os investimentos de crowdfunding estão super fortes, como outras empresas, que não necessariamente estão financiando, e sim investindo na área”, comenta, citando o Magazine Luiza como exemplo. Nos últimos anos, a companhia adquiriu empresas e portais de conteúdo digital como Jovem Nerd, ToNoLucro, GrandChef e VipCommerce.

O mundo de marketing digital é extenso. Para Lemos, da Redpoint Eventures, os negócios que possam ser escaláveis no contexto local são os que mais atraem o funding. “Se, por um lado, competir com as grandes plataformas pode ser um problema, por outro, permitir que negócios de todos os tipos usem plataformas mais sofisticadas, e possam crescer seus negócios através do marketing digital, é algo que tem grande atratividade”, complementa. Quanto mais escalável, diz, menos dependente de serviços e mais essencial para os clientes, maior a atratividade para o investidor. “A ideia é investir em negócios que possam ficar grandes em espaço de tempo relativamente, curto”.

Impulso das martechs
Para o professor da ESPM, a ascensão das martechs e adtechs tem ajudado o mercado de funding em marketing digital crescer. “Com o crescimento do digital e de toda a tecnologia envolvida, começamos a segmentar e ser muito mais específicos. Com isso, temos um retorno sobre investimento (ROI) muito melhor, e as martechs e adtechs trazem isso. Ao invés de estarmos trabalhando com grandes massas, conseguimos ser superespecíficos e, com isso, melhorar sua performance como empresa e seus resultados serão superiores”, afirma. Lemos, da Redpoint, concorda: “Por um período, o espaço de adtechs ficou menos interessante, dada a supremacia das mega plataformas globais, mas, agora, a necessidade de trazer e suportar negócios de todos os tipos para usarem essas plataformas gerou oportunidades interessantes. Já no lado de martech, a palavra-chave é crescimento. Plataformas que ajudam seus clientes a crescerem no mundo digital estão cada vez mais quentes”.

**Crédito da imagem no topo: koto feja/iStock

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