19 de outubro de 2015 - 4h07
Editado a partir de cobertura de E.J. Schultz para o Advertising Age
O modelo tradicional de agência de publicidade está quebrado. Os anúncios de pre-roll de vídeo são inúteis. Os modelos de mensuração estão desatualizados. A indústria da publicidade não tem mais diversidade. Marketing digital é uma expressão que deveríamos abolir. A estratégia de alinhamento global de agências é um dinossauro. Devemos abandonar também a palavra “publicidade”, que só atrapalha o conteúdo.
Essas foram algumas das afirmações de Brad Jakeman, Presidente mundial da área de bebidas da PepsiCo, no Masters of Marketing, encontro anual promovido pela ANA – Association of National Adevertisers, semana passada, que reuniu 2.700 profissionais de marketing e de agências dos EUA, no Orlando World Center Marriott.
"Odeio pre-rolls, eles são lixo”, enfatizou. “Eles poluem o conteúdo, que de fato as pessoas querem ver. Não é um modelo sustentável”.
Em sua apresentação, que se chamou “Designing for Disruption”, Jakeman detalhou: "O modelo de agência que eu cresci aprendendo a usar em grande parte não mudou nada até hoje", observando que está na indústria há 25 anos. Acrescentou que não tem visto os CEOs das agências se movimentando para aprimorar o modelo.
Mais adiante afirmou também que “o modelo de alinhamento global de agências é um dinossauro enquanto conceito”. Para ele, a estagnação dos modelos de agência está, dessa forma, inibindo grandemente a inovação: "Estou muito preocupado que este modelo todo quebre. E ele vai quebrar se não pensarmos em inová-lo”.
Jakeman afirmou ainda: "Fico doente e cansado como cliente quando tenho que enfrentar reuniões de agência com um monte de homens brancos heterossexuais falando comigo sobre como devemos vender marcas que são compradas 85% por mulheres", disse ele. "Inovação e disrupção nunca veem de grupos homogêneos de pessoas."
Com ele fez coro o diretor de marketing da Harley-Davidson, Mark-Hans Richer, que detalhou que sua companhia precisa hoje trabalhar com várias agências para ter atendidas as suas demandas de marketing e que há cinco anos não tem uma “agência líder”. A base de seu raciocínio é que ele hoje prefere ter o processo criativo de campanhas integrado em sua estratégia de marketing e não mais delegado exclusivamente para suas agências: “Não é algo os anunciantes devem exportar”, enfatizou.
O evento deste ano apresentou um número menor de anunciantes mostrando campanhas de TV, como nos anos anteriores, e mais preocupados com a reestruturação do negócio da propaganda como um todo.
Concluindo sua apresentação, Jakeman afirmou: “Não tenho visto em anos nada de realmente inovador proveniente da nossa indústria. Continuamos discutindo os spots de 30 segundos na TV. Gente, sério?”.