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Por que empresas brasileiras resistem em criar sites mobile

No País, companhias enfrentam dificuldade para dar o primeiro passo recomendado por especialistas em uma estratégia de mobile marketing: ter um mobile site


21 de outubro de 2013 - 12h30

Por ARTHUR QUEZADA
aquezada@grupomm.com.br

A comunicação via dispositivos móveis nunca esteve tão presente na vida dos brasileiros. A prova disto se traduz em números revelados por diversos institutos de pesquisa. A consultoria de audiência Navegg divulgou neste ano que o acesso à internet móvel cresceu 12% no segundo trimestre do ano, com mais de 11 milhões pessoas navegando pela web por meio desses aparelhos.

De acordo com a Strategy Analytic, o tráfego de dados – mensagens, vídeos, fotos e outros – em celulares e tablets no mundo deve registrar expansão de 300% até 2017. Em termos de quantidade de aparelhos, nas contas da IDC, as vendas de smartphones deram um salto de 99,6% no Brasil no primeiro semestre em comparação como ano anterior, contabilizando R$ 13,7 milhões de aparelhos. Já os tablets contabilizaram 3,3 milhões de unidades vendidas, representando crescimento de 165% sobre o primeiro semestre do ano passado, afirma o IDC.

Além disso, no País, 15% das buscas feitas no Google são oriundas de um dispositivo móvel – e em algumas categorias, esse número é ainda maior.

Contudo, diante de tantos números que comprovam o crescimento meteórico dos do segmento mobile, a necessidade de se encaixar neste cenário se torna evidente para marcas e empresas de qualquer segmento. Mas será que as companhias já agregaram este entendimento a suas ações? E quais serão os primeiros passos para obter êxito em uma estratégia para dispositivos móveis?

Especialistas no assunto ouvidos por esta reportagem elegeram um fator como prioridade para o sucesso no mundo móvel: os sites mobile. Na prática, isso significa que o acesso a sites via smartphones e tablets precisa ser uma experiência agradável para os internautas. “Acessar um conteúdo via mobile e descobrir que ele é limitado por causa da tela reduzida é a experiência mais frustrante para os internautas consumidores”, afirma Marcelo Castelo, sócio fundador da F.biz.

Para Fabiano Destri, diretor geral da Mobile Marketing Association para América Latina (MMA), as marcas já estão cientes deste novo contexto e da necessidade de um bom trabalho de base para os sites móveis. Mas, segundo ele, no Brasil o processo de inserção está muito lento. “As empresas já sabem da importância, mas obviamente ainda não direcionaram o budget necessário para isto. Eu vejo um movimento de interesse, provavelmente no próximo ano, as coisas vão se intensificar e muito”, analisa.

Destri ressalta ainda que o mercado e as empresas estão em um processo de descobrimento, no qual a grande missão é criar maneiras de aprimorar o contato dos consumidores. “Esse processo não pode ser da noite para o dia. O mobile site é só o começo das estratégias que podem ser desenvolvidas. Mas não adianta começar pelo fim, criando um aplicativo complexo, sendo que os internautas querem uma experiência agradável”, comenta.

Para David Kaul, gerente de soluções de performance do Google na América Latina, a mudança de comportamento dos consumidores desafia empresas e marcas a oferecerem uma experiência melhor por meio de todas as telas (sites mobile, apps, sites desktop). “Não estar preparado para este comportamento é o mesmo que ter as portas de sua loja fechadas em plena véspera de Natal”, afirma.

Exemplos positivos
Os bons trabalhos feitos em mobile site geram resultados instantâneos, tanto no relacionamento com os consumidores quanto em termos de rentabilização das empresas. É o caso da plataforma de compras online MercadoLivre. Em 2011, a empresa redesenhou todo o seu site móvel, focando essencialmente na experiência do cliente. “Pensamos e planejamos desde o desenho do site até a maneira que se comunica com os clientes. O cliente que navega no site mobile do MercadoLivre encontra tudo de forma ordenada, sem dificuldades, com informações e as imagens claras”, explica Daniel Aguiar, gerente de marketing da empresa.

Como resultado da estratégia, Aguiar afirma que hoje 12% do tráfego do MercadoLivre é gerado via mobile, enquanto no final de 2012 esse número era de 6%. Já o volume das transações na plataforma via dispositivos móveis somaram 10% do total realizado no Brasil. “Se olharmos o número de downloads na América Latina, veremos um crescimento anual de 155% e hoje totalizando 8,2 milhões de downloads”, conta.

Outro número importante para o MercadoLivre, é o valor médio das compras feitas por meio de dispositivos móveis que chega a ser 32% superior ao das compras via desktop. Para quem entra no site via celular, sem usar o aplicativo, o ticket médio também é maior: 20% superior ao do PC.

A marca de sabão em pó Omo também otimizou suas ações com investimentos móveis. Em estratégia criada pela F.biz, a empresa apostou em um novo formato de mobile site e conquistou números expressivos. Até o final de junho, o usuário que entrava por celular no site de Omo caia no site desktop, com isso, os dispositivos móveis representavam apenas 3% do total de visitas.

No final de junho, a agência lançou site mobile reformulado da marca, e os números explodiram, alcançando hoje 10% de todas as visitas. “Quando a marca não possui site móvel o consumidor se sente desrespeitado, por isso uma boa plataforma móvel é básica, e em curto prazo já mostra resultados”, enfatiza Castelo, da F.biz.

Problemas nacionais
Como qualquer mercado no mundo, o Brasil possui algumas características que entravam a evolução de processos tecnológicos. No ambiente mobile, isso fica evidente em alguns aspectos, como a infraestrutura de telecomunicações e os erros na priorização de investimentos.

Mesmo com a chegada da tecnologia de conexão 4G, os internautas ainda enfrentam muitos problemas em termos de conectividade. Segundo Destri, da MMA, essa carência acaba sendo um fator que atrasa as ações em dispositivos móveis. “As empresas muitas vezes não priorizam os dispositivos móveis por saber da precariedade das nossas conexões de internet. Porém, eu acredito que isso se resolva em um breve período de tempo”, comenta.

Além disso, outro fator que impede o crescimento dos investimentos em mobile é a mentalidade das marcas e companhias que preferem investir em mídia ao invés de melhorar a qualidade das plataformas. “Não adianta nada você gastar um caminhão de dinheiro anunciando em plataformas digitais, se o seu site não está compatível com a expectativa dos seus consumidores”, alerta Castelo, da F.biz.

 

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