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9 de junho de 2017 - 6h59
Por Felipe Barreto (*)
Está chegando o maior evento internacional do trade de games, a E3. Dia 13 de junho, em Los Angeles, os maiores lançamentos do segmento serão anunciados e apresentados para a mídia especializada e para formadores de opinião (jornalistas, youtubers, vlogers…). O universo gamer já está em frenesi com a energia da antecipação, tanto entre usuários quanto entre profissionais do trade.
A E3 é importante para quem produz e para quem consome. Se o festival de cinema de Cannes tratasse de filmes pop eu arriscaria dizer que a E3 seria uma mistura de Cannes Pop com os drafts da NBA e da NFL. Somados. Sim, somados. Games é o segmento da indústria do entretenimento que mais gera receita, bem além do cinema e da música. E está avançando pelo território dos esportes tradicionais com os campeonatos de eSports (esportes eletrônicos).
Alguns ainda vão imaginar algo como o campeonato de Space Invaders de 1980 (foto de abertura deste artigo), quando a realidade de um evento de eSports de grande porte parece mais um Madison Square Garden em dia de Justin Bieber, como no campeonato de League of Legends, o LoL (foto abaixo).
E mesmo que você não trabalhe com marcas nativas deste segmento, é bom parar e avaliar se está pronto para entrar nesta arena. Investir nesta frente pode gerar resultados expressivos. Marcas como Pepsi, Coca-Cola e Gillette, entre vários outros pesos-pesados do marketing, estão em ação.
Participar deste amplo circuito de grandes campeonatos de games pode garantir acesso da sua marca ao restrito universo de um grupo demográfico muito desejado: jovens e jovens adultos, desde os “Millenials” até a “Geração Z”, com poder aquisitivo e influentes em seus círculos e que somam cerca de 150 milhões de indivíduos.
Um senhor mercado. E como nos esportes, os eSports oferecem uma audiência de diversos backgrounds culturais, nacionalidades, credos e origens geográficas que assistem, interagem, torcem e se envolvem de forma passional com o drama da competição e seus ídolos.
Este perfil de usuário é excitante para muitas marcas, mas também apresenta desafios claros. São usuários especialmente ativos em redes sociais e em canais digitais que sabem como usar adblockers e ferramentas online de privacidade. São gamers que se mobilizam ao redor de causas, inclusive a causa própria que é a revolução de transformar um hobby em uma paixão de desdobramentos milionários.
Então, antes de entrar na arena pare e pense.
Se sua marca não é nativa do mundo gamer, avalie se está pronta para um envolvimento de longo prazo, de seeding verdadeiro. Exercite sua autocrítica e revise o plano de marketing para garantir que não se trata de uma intromissão.
Sua marca precisa de uma proposta de valor clara, uma estratégia para enriquecer a experiência do fã de eSports de uma forma imediatamente reconhecível.
Considere que estes consumidores estão muito bem, obrigado, sem você e sua marca invadindo os games. Vá além do simples patrocínio de equipes com um logo a mais nos uniformes de competição e enriqueça a experiência.
Pare, pense e escute. Aprenda a língua, os códigos e seja relevante.
É fácil entrar em campo e bancar o tiozão com piadas de “pavê”. O burn causado por uma campanha mal-ajambrada será imediato e em larga escala. E é fácil errar. No eSports o cenário ainda está fragmentado em centenas de competições e o mundo dos games vai muito, muito além de torneios.
São muitas tribos, muitos gostos diferentes, mas com duas constantes universais humanas que sua marca deve ativar: o desejo de Reconhecimento e a necessidade do Pertencimento.
Venha jogar!
(*) Felipe Barreto é COO da CasaDigital