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SXSW: ?O Estado Militar está bem aí, no seu celular?, diz Julian Assange
Cada vez que uma mensagem privada enviamos é interceptada pela NSA, estamos tendo, você e eu, civis, nossa vida bisbilhotada por um braço do poder militar
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9 de março de 2014 - 7h30
POR PYR MARCONDES
De Austin
A tese de Julian Assange é simples, em toda a sua abrangência e complexidade.
A internet anabolizou a vigilância do Estado e se transformou na maior e mais poderosa arma de espionagem de toda a História.
Dono absoluto do poder de segurança que as instituições legais lhe asseguram (o presidente dos Estados Unidos não pode, por exemplo, fechar a CIA, se quiser, não tem essa autorização), o Estado deitou e rolou, até chegarmos a NSA.
A agência de inteligência dos Estados Unidos não é uma instituição civil; é um organismo de segurança ligado ao Estado Militar.
Concluindo a equação, cada vez que uma mensagem privada que eu mando para você é interceptada pela NSA, ou qualquer outra rede de vigilância equivalente, estamos tendo, você e eu, civis, nossa vida bisbilhotada por um braço do poder militar.
E é assim que, hoje, nosso poder de cidadãos, a base de toda Democracia, migrou tecnologicamente para os controladores de um complexo sistema de interesses, que une Estado e iniciativa privada, em um organismo digital onisciente que faz a União Soviética de Stalin parecer um conto dos Irmãos Grimm.
Falei quer era simples.
Foi fundamentalmente sobre isso que ele falou, mais uma vez (na verdade, não acrescentou nenhuma novidade aos que já conhecem seus postulados), aos milhares de presentes que lotaram o auditório 5 do Centro de Convenções de Austin, no SXSW. Não ao vivo, óbvio, mas por Skype, direto da embaixada do Equador, em Londres, onde está recluso há mais de 600 dias.
Foi entrevistado por Benjamin Parker, co-fundador e CEO do The Barbarian Group. Ele, uma das destacadas vozes dentre as agências de inovação e criatividade digitais do mundo hoje. Sua empresa, por sua vez, sempre apontada com destaque nas listas da Fast Company e dos festivais, mundo afora, como criativa fora da caixa e quebradora de paradigmas.
Estranho ou não ter sido um empresário de publicidade a trazer ao palco do evento uma das vozes mais controversas e perseguidas dos EUA (desde o início do seu exílio até hoje, foram gastos mais de US$ 8 milhões pelo aparato de segurança dos EUA para mantê-lo sob guarda, revelou Assange), seja como for, Parker mandou bem. Não se vê um papo com o Assange todo dia no Jornal Nacional, afinal.
Toda essa discussão e todo esse cenário que parece mais, aos simples, um bom enredo para Matt Demon encarnar um Jason Bourne 2.0 rápido, não está nada distante de você e de mim.
Você tem absoluta certeza de que seu celular não está grampeado pela NSA ? Que seus dados não estão no gigantesco data base do Governo norte-americano ? Quer apostar quanto?
Pois é, amigo (a), é por isso que desde antes de ontem com meu post sobre o Eric Schmidt e o nosso Estado brasileiro querendo criar uma internet paralela e vigiada, eu venho enchendo o seu saco com esse tema. Ontem, o Assange citou novamente o Brasil – assim como Schmidt – como exemplo dos países preocupados em criar um sistema particular de segurança (entenda-se, vigilância) de sua internet, separando-a da internet transnacional e aberta de hoje.
Depois, não me venham dizer que não avisei.
Prometendo e não entregando
“Building Relationships Through Real-Time Relevance” foi o chamativo e aparentemente instigante tema que reuniu Jan-Paul Jaques, Executive Creative da Blue Hive Shangai, Lizz Linabury, Scott Mills e Stuart O´Neil, todos da Team de Detroit, no apertadinho palco da sala Wanderlust, um centro de Yoga de Austin (isso mesmo), no SXSW.
O que se esperava (o tema prometia, pelo menos) era como as marcas podem construir essas tais relações com seus consumidores em tempo real. Não foi o exatamente o que o time de Detroit entregou.
O foco foi menos em real-time e mais em relevância. É como explicar para uma plateia de tubarões que peixinhos são presas fáceis. E insistir no tema, como se fosse um achado.
Chegaram a dizer que não basta se jogar numa oportunidade única como a queda das luzes do Super-Bowl (citando o exemplo de Oreo, da concorrente agência 360i) e também que não é preciso ter um war room em estado de atenção permanente (o que muitas marcas começam a experimentar).
Tema forte, painel fraco. Perdi meu tempo (eu devia ter desconfiado do centro de Yoga…). Registro porque faz parte da função.
Sensores conectados, sob sua pele
Seu corpo conectado direto com a internet. Já rola. É o que a simpática e carismática Leslie Saxon, Executive Director e Fundadora do Center for Body Computing da University of Southern Califórnia, nos deixou entender em sua esclarecedora palestra “Body Computing: The Future of Networked Humans”. Em uma horinha justa, nos contou como aquilo que todos pensamos ser ainda um futuro a se confirmar, o corpo humano conectado, já está mais que em curso. E nem percebemos.
“Estamos, com nossos aparelhos digitais e interativos agarrados a nosso corpo diariamente, cada vez mais parecidos com as máquinas. E elas, com sua Inteligência Artificial, cada vez mais parecidas conosco (seres humanos)”. Verdade.
Essa simbiose é já parte do corpo conectado. As máquinas nos dizem hoje o que fazer, seus algoritmos são capazes de prever nossas preferências e nos oferecer desde opções de entretenimento e cultura, até informações, serviços e notícias que servem apenas a cada um de nós, individualmente. Elas conectadas conosco.
Por outro lado, nós também estamos cada vez mais integrados a elas. Muitos seres humanos carregam já hoje, em seus corpos, sensores conectados com a internet, para monitoramento de seus indicadores de saúde e performance, sendo a Saúde e o esporte dois dos campos em que essa simbiose mais se manifesta e os testes andam mais avançados.
A própria USC, como conta a professora, tem assessorado inúmeras companhias de medicina e de equipamentos esportivos nessas pesquisas e testes.
Os sensores são subcutâneos ou implantes em órgãos-chave do corpo, e estão conectados a apps, que se transformam em dashboards virtuais e móveis, de nossa saúde e até a dos nossos familiares, já que os dados estão online, se quisermos monitorar a distância, por exemplo, a febre do Joãzinho, aquele moleque…
Em breve, prevê ela, esses dados estarão nas redes sociais, se assim desejarmos (a NSA vai adorar). Diagnósticos permanentes, 24 horas por dia. Um controle remoto da vida. BioGram é o nome sugestivo (inspirado no Instagram, se você não percebeu) do experimento que a Dra. Leslie tem em desenvolvimento (mais detalhes, neste link).
Nosso corpo, matéria, na web, digital. Fica pensando aí. Depois me conta.
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A cobertura do SXSW 2014 conta com patrocínio de:
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