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SXSW: startups brasileiras jogam bem e a Darknet pode nos salvar
Em Austin, empreendedores brasileiros misturados com investidores norte-americanos traçaram as bases para futuros negócios
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10 de março de 2014 - 10h39
POR PYR MARCONDES
De Austin
Ontem, bem longe do Brasil, aqui em Austin, tive a melhor e mais completa visão do ecossistema do empreendedorismo digital no Brasil. Precisei viajar um monte para enxergar uma realidade que está bem na minha cara. E na cara do País. E bem poucos, se alguns, estão mapeando.
Eu mapeei. E como você é um (a) leitor (a) legal, eu conto só para você. Com a única condição, a de que você espalhe: espalhe muito.
OK. Trato feito, num salão do Hilton, um dos privilegiados locais em que o SXSW acontece, dezenas de empreendedores brasileiros misturados com investidores norte-americanos fizeram sexo. Quer dizer, acho que exagerei. Encontraram-se e traçaram as bases de eventuais futuros negócios. Acho que fica mais apropriado dizer assim.
Na mesa de apresentadores, vamos lá…
– Gustavo Caetano, da Samba Tech, uma ex-startup mineira de garagem, que se tornou a mais destacada distribuidora de vídeos em plataformas digitais do País. Gustavo comanda a Associação Brasileira de Startups, com mais de duas mil jovens empresas afiliadas e uma comunidade de mais de cinco mil startupers;
– Rafael Moreira, a frente da Start-Up Brasil, iniciativa do Governo Federal, através do seu Ministério da Ciência e Tecnologia, que tem como objetivo fomentar o empreendedorismo digital, a tecnologia e a inovação no País e tem R$ 40 milhões para investir só esse ano nesse programa de fomento;
– Pedro Waengartner, Co-Fundador da Aceleratech, uma das aceleradoras qualificadas pelo programa Start-Up Brasil para contribuir no processo de identificação, seleção e coach das start-ups no setor (é uma das várias aceleradoras qualificadas pelo Governo);
– Bernardo Portugal, membro do board da ABVCAP, Associação de Private Equity e Venture Capital do Brasil, com mais de 200 membros.
Tudo embalado, organizado e entregue com competência aqui no evento pela APEX Brasil, que é já conhecida do mercado publicitário de alguns anos pelo aporte que tem feito notadamente na área de cinema do setor.
Pra mim, deu. Tipo, como assim? Esse é todo um ecossistema pronto e operando. Com empreendedores aos milhares, funding pesado do Governo Federal, agência de exportação fazendo a ponte internacional e investidores botando grana.
ProXXIma se compromete aqui a ir bem mais fundo nesse assunto. Por enquanto, fica essa introdução. Não tenho ideia de quantas startups conseguiram investimentos (faremos um balanço com a APEX mais adiante). Tenho, no entanto, certeza de duas coisas:
1. Não viramos o Silicon Valley;
2. Tem um enorme Boeing levantando vôo e que o empreendedorismo digital no Brasil já decolou. Só que estávamos todos olhando para a cabeceira errada da pista.
“Nano Size Me”, mais um que não entregou
Quem vem lendo meus posts aqui sabe que caí dias atrás, aqui no SXSW, numa academia de yoga que serve como uma das sedes do evento e que a palestra foi qualquer nota. Pois ontem, caí na besteira de ir lá de novo e, mais uma vez, quem prometeu, não entregou.
Desta vez foi um painel com o título, como no caso anterior, atraente, de “Nano Size Me: Too Much Ado About Nano?”, em que um representante da Salesforce, outra da empresa de tecnologia de dados Informática e outro ainda da Aflac, uma empresa de seguros, todos entrevistados pelo Ashley Brown, Director for Digital Communication & Social Media da Coca-Cola, num painel promovido pela Hill+Knowlton, falaram sobre nano-targets. E de como eles são importantes hoje. E de como é importante ser relevante para o consumidor. Parecia um grupo de freiras numa festa de sexo grupal.
Francamente, quando nas dezenas de salas do evento mais avançado do mundo em que o foco é inovação e tecnologia de ponta, onde se fala de Big Data e comunicação um a um não mais como algo a ser conquistado, mas quais as medidas para prevenir os abusos das plataformas abusivas (no mesmo horário, estavam acontecendo a poucos metros dali, as palestras “Privacy, Permission & The Evoltuion of Big Data” e “Privay is Dead: Long Live Privacy”, entre outras) discutir sobre segmentação de público, francamente.
Aí o leitor me pergunta: mas então, por que você não foi assistir essas aí e não a dos nano-cabeças? A resposta está nos posts anteriores: Eric Schmidt e Julien Assange já nos brindaram aqui com muito material sobre esse assunto.
Com exceção da palestra que assisti em seguida.
Criptografia: o lado negro da força pode nos salvar
Numa palestra-relâmpago de não mais que 20 minutos, de Andrew Delamater, Diretor da Huge, empresa especializada em Search e Inbound Marketing, o nosso caro palestrante, com cara de menino, mas com conhecimento de um sábio ancião sobre algoritmos e criptografia, nos falou de uma coisa obscura e fascinante: The Darknet, o lado negro da força.
Darknet é uma internet proibida. Habitada prioritariamente por hackers, traficantes e guerrilheiros. Totalmente administrada pelo código de ética da absoluta privacidade de seus membros, um lugar onde ninguém é ninguém, onde se compra e vende coisas (armas, por exemplo) só com moedas virtuais e tudo é protegido por criptografia de alta segurança. Impenetrável.
E é aí, depois de nos contar como funciona esse submundo digital que é uma terra sem lei, que o brilhante Andrew acredita que está a saída para os problemas de privacidade e vigilância de nossas vidas pessoais por órgãos do Governo e empresas: a prática comum do uso da criptografia de alta segurança.
É a mesma tese do Assange: criptografia de alta segurança é a única contra-arma que temos hoje que de fato pode assegurar a privacidade do cidadão comum, você e eu, no mundo digital. Seria como a nova base para uma nova Democracia, de volta ao respeito a privacidade, como era antes da internet. Inviolável e de alta eficácia.
Mostrou, por exemplo, um celular já equipado com essa tecnologia, irrastreável pelas operadoras ou por qualquer sistema de geolocalização.
Só para fechar.
Vamos voltar a esse tema. Mas o fato é que o menino da Darknet entregou mais em 20 minutos que muitos outros por aqui, representantes de grandes corporações, que começam a invadir o SXSW enxergando nele uma boa oportunidade de fazer seu marketing.
É de fato um excelente lugar para o marketing de muitas companhias. Mas como todas elas repetem, numa lenga-lenga modorrenta e chata, só se vier aqui com relevância, para jogar um jogo que poucos sabem jogar de verdade: o da inovação, o da quebra de paradigmas e o da tecnologia de ponta.
SXSW não é Cannes.
Ainda bem.
Mais sobre SXSW 2014:
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A cobertura do SXSW 2014 conta com patrocínio de:
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