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Time Warner vai desaparecer da face da Terra. Será?

Estamos vivendo momento de profunda reestruturação de toda a indústria da comunicação mundial


16 de fevereiro de 2016 - 2h59

(*) Por Pyr Marcondes

É forte a especulação nos bastidores das bolsas nos Estados Unidos de que o Grupo Time Warner estaria vulnerável a um hostile takeover, prática típica de mercados abertos em que investidores “atacam” empresas-alvo financeiramente em momento frágil, para comprar suas ações em grandes volumes e a preços vantajosos, desbancando os atuais controladores.

Na verdade, o que corre solto nos mesmos bastidores do mundo das finanças no País é algo mais amplo. É que estaríamos vivendo momento de profunda reestruturação de toda a indústria da comunicação mundial, em seu todo frágil e em fase de downgrade, com ações a preços extremamente voláteis, tornando-se em tese alvo de interesse preferencialmente dos grandes conglomerados de tecnologia como Amazon, Google (Alphabet), Microsoft, Apple e outras.

Ninguém imagina um mundo sem conglomerados de conteúdo, mas muitos começam a imaginar um mundo em que o conteúdo seja gerado e gerido por controladores ainda mais poderosos e de forma bem diferente do que tem sido há séculos, pelos grandes players de mídia, como Time Warner. Mais que isso, que esses geradores de conteúdo estariam ainda sem modelo definido de negócios diante do impacto das novas tecnologias e que essa incerteza e indefinição de quem, como eles, vê tecnologia com reticências e até como ameaça, abre caminho para quem é do ramo se instalar e reinar. Por fim, comprar empresas de conteúdo nunca esteve tão barato.

Nos últimos anos, temos visto ensaios nessa linha como a compra de centenas de jornais por grupos de investidores mundo afora, destaque para o caso do Wall Street Journal adquirido pela Amazon.

Semana passada, o veterano inglês The Independent anunciou a migração cem por cento para sua versão digital, outro indicador dessa mesma macro reformulação.
Enquanto isso, empresas de tecnologia deixam cada dia mais clara sua intenção em tomar conta do mundo do conteúdo e do entretenimento.

Netflix é um player de tecnologia. E todos sabemos o impacto transformacional que vem liderando não mais apenas na distribuição de conteúdo “televisivo” (se é que ainda podemos chamar assim), mas agora também fortemente no âmbito da produção, sendo hoje um dos mais importantes players entre os estúdios geradores de conteúdo da indústria cinematográfica e de séries nos EUA. Virou um estúdio de Hollywood, só que com uma plataforma tecnológica proprietária hoje implantadas em mais de 140 países, coisa que nenhum estúdio de Hollywood tem.

Semana passada, veio a público que a Apple está apostando também suas fichas nesse mercado, tendo Dr. Dre como astro de sua primeira série para a TV. Não é de hoje a especulação de que a companhia tem em gestação seu projeto de entrada no mundo da TV pela via tecnológica, como Amazon e Netflix. Incorporar a produção de conteúdo é, nesse contexto, mais do que óbvio, é inevitável.

Amazon estreia esta semana novo programa de TV, não mais apenas no formato de série, como tem feito para combater sua rival Netflix, mas agora entrando no gênero dos programas de revista, misturado com documentários. É uma diversificação no ângulo de abordagem.

Voltando ao caso da Time Warner, que já havia passado para diante suas operações menos rentáveis, a saber, Time Warner Cable, AOL e Time Inc., comenta-se que eventualmente a HBO passaria por um spin off, graças a sua condição de operação forte e em ascensão. E que o restante do conglomerado seria então “absorvido” por investidores que, não se sabe ao certo, mas é uma possibilidade, desmembrariam a companhia.

Para Michael Wolf, colunista da revista especializada Hollywood Report e conhecedor dos bastidores das bolsas dos EUA, “muito possivelmente, ainda em 2016, a Time Warner vai desaparecer da face da Terra”. Para ele, “media is the next pharma: first one deal, then two, then 10”.

É uma especulação. Seja como for, nos últimos oito meses, segundo estatísticas da própria indústria de cinema, TV e entretenimento, cerca de US$ 109 bilhões simplesmente desapareceram no valor de mercado das sete maiores companhias do setor (pela ordem, Walt Disney, Comcast, Time Warner, 21st Century Fox, Sony, CBS e Viacom).

É todo esse conjunto de movimentos paralelos, subsequentes e complementares, perfeitamente em sincronia com a sede por crescimento dos grandes conglomerados de tecnologia em busca de conteúdo, que parecem colocar toda a indústria da comunicação como a conhecemos em estado de alerta. 

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