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Para quem, como e por quanto tempo você quer mudar o mundo?

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Para quem, como e por quanto tempo você quer mudar o mundo?

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6 de julho de 2021 - 6h00

(Crédito: Rudall30/iStock)

Quando olhamos ao redor, hoje em dia, temos a impressão de que faltam quesitos essenciais para nossas vidas, como emprego, comida, saúde. Momentos caóticos assim costumam despertar a generosidade – o que, por consequência, faz aumentar as benfeitorias para causas humanitárias. Quem acompanha a captação de recursos para entidades beneficentes ou assistencialistas, costuma ver picos de doações, catapultadas pela empatia de pessoas físicas e jurídicas. É como se, de uma hora para outra, fosse possível duplicar ou até triplicar a assistência.

Tudo isto porque o nosso coração bate, o estômago remexe e lá vamos nós ajudar. Paixão à flor da pele, propósito puro. E aqui eu pergunto a você: Será que aqueles que são apaixonados por ajudar são os mais indicados para garantir que um negócio de impacto tenha resultados efetivos?

Não me entenda mal, os extasiados pelas causas são essenciais! Eles trazem consigo o coração e o oxigênio, ferramentas fundamentais para a continuidade da missão. Mas vamos fazer uma conta? Quero muito ajudar quem tem fome e captei R$ 100 em doações, logo, vou investir os R$ 100 em marmitas! Mas, e aí, como pagar o frete da entrega das marmitas, a mão de obra de quem vai prepará-las, a luz, o gás, a água? Como faço para sustentar um serviço contínuo e organizado? Qual o valor da administração e organização desta iniciativa, deste impacto?

Administrar uma causa requer muito planejamento e considerando nuances específicos do setor.

Essa reflexão vale também para você que está programando uma boa ação. Já pensou como o seu financiamento pode gerar sustentabilidade e perspectivas de médio e longo prazo para uma organização sem fins lucrativos funcionar e ser administrada? Vou te contar um bastidor de quem é administradora do terceiro setor há quase 10 anos: criar e coordenar uma iniciativa de impacto exige refletir sobre três aspectos essenciais: quem, como e por quanto tempo para produzir um planejamento estratégico e financeiro eficiente.

Precisamos saber quem são as pessoas que serão auxiliadas e, de acordo com o problema delas, como queremos solucionar. Também é importante saber como a transformação vai acontecer e como o dinheiro será obtido. E, por último, vale se questionar por quanto tempo a assistência deve ser oferecida para ser transformativa. Se o financiamento vier de um patrocinador, será que ele poderá entregar o recurso em mais de um ciclo de trabalhos? Quer dizer, será que as doações ocorrerão recorrentes, a ponto de manter aquele negócio de impacto funcionando? Propósitos contínuos como erradicar a fome, melhorar a educação ou alterar as dinâmicas de um mercado exigem consistência e recorrência nas ações.

É por pensar nisso, que negócios de impacto transparentes e bem administrados conseguem prestar contas dos recursos que recebem, dando segurança sobre o destino empregado a estes recursos, como exemplo, o reinvestimento para a sustentabilidade da causa.

Gestores de iniciativas sem fins lucrativos precisam fomentar nos patrocinadores e doadores uma visão de longo prazo, para que observem não só o produto final (a assistência), mas toda a jornada para que ela possa acontecer, para garantir que a associação ou instituição se sustente. Ser “sem fins lucrativos” significa apenas que os lucros não serão distribuídos, mas sim reinvestidos para o crescimento e a sustentabilidade do negócio de impacto. Por isso, melhorar processos, contratar especialistas, assim como organizar a saúde financeira e fiscal da organização também são formas de prestar um importante serviço à sociedade, refinando o atendimento à sua causa.

Gerar impacto é mais do que apenas “encontrar o problema” e “resolvê-lo”. Transformar o mundo exige pensar de maneira organizada e planejada, administrando recursos para resolver também os gargalos que fazem o problema existir. Para isso, é preciso que o esforço seja contínuo, com apoio financeiro suficiente para sustentar a iniciativa pelo tempo necessário para que efeitos sejam sentidos. Mudar o mundo, transformar um mercado ou uma realidade não é um trabalho fácil. Só posso garantir que é extremamente gratificante.

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