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SXSW

Como o investimento chega a startups de grupos minorizados?

Kathryn Finney, fundadora do Genius Guild, atua na aceleração de startups de mulheres negras e luta pela diversificação do empreendedorismo nos Estados Unidos


11 de março de 2023 - 6h00

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Kathryn Finney esteve acompanhada por Tessa Flippin, da Capitalize VC (Crédito: Giovana Oréfice)

“Dos US$ 150 bilhões em capital de risco dos Estados Unidos, menos de 1% do financiamento total vai para fundadores negros” – a frase inicial de apresentação do painel “How to Build the Damn Thing” retrata uma realidade que empreendedores negros enfrentam nos EUA, mas que pode ser espelhada para a mesma situação que acontece em diversos países pelo mundo.

A convidada foi Kathryn Finney, epidemiologista, empreendedora, investidora em série e fundadora do Genius Guild, fundo de risco baseado em Chicago que investe em negócios de empreendedores negros. Ela é autora do livro “How to Build The Damn Thing”, em que destrincha os princípios do venture capital, bem como faz críticas à cultura tóxica do Vale do Silício, em que startups são majoritariamente controladas por homens brancos, aqueles que detêm a maior parte do capital.

Tendo passado por diversas questões sendo mulher e negra no mundo dos negócios, bem como um background em que viu a tecnologia transformando a vida de sua família e a comunidade em que vivia, apostou no empreendedorismo social com o objetivo de trazer mais para perto pessoas que se pareciam com ela: “Venho de uma comunidade em que ganhamos dinheiro como um prêmio, quando temos sucesso e nos provamos. Mas isso não acontece em negócios recém criados”, declarou.

Em tempos de crise, como o que o mundo viveu nos últimos dois anos, mercados caem e negócios de grupos minorizados são os que mais sofrem com a escassez de capital. A dica de sobrevivência para que empreendimentos continuem escalando é o foco nos fundamentos do negócio, bem como manter boas relações com investidores a fim de garantir capital mesmo pós-crise.

Além disso, entre os tipos de investimentos mais valiosos para que um negócio escale estão o auxílio em criar networking e estrutura. “Um dos desafios como empreendedor negro, muitas vezes, é que não fazemos parte das redes de networking que precisamos para poder partir para as próximas fases”, pontuou Kathryn. Ela salientou o poder da união, uma vez que uma rede de apoio faz com que mulheres na mesma situação sejam não só vistas, mas lembradas.

“O ecossistema da tecnologia realmente não vê as mulheres negras como inovadoras neste espaço. Eles nos veem como funcionárias, mas não inovadoras e líderes de startups”, alertou. Graças à atuação de atores como a do Genius Guild, mais empreendedores negros estão tendo a chance de chegar a locais por muito tempo inacessíveis, em um movimento de levar mais humanidade para uma indústria que tem pouca (ou quase nada) dela.

A empreendedora lembrou ainda que o sucesso não depende de grandes nomes de universidades, por exemplo, ou no caso de startups de tecnologia, de grandes programadores para iniciar um negócio. No cotidiano, Kathryn busca experts nas áreas em que atuam, conhecimento de indústria, experiência de mercado e o conceito de negócios escaláveis – aqueles em que todos ganham, entre investidor, empreendedor e comunidade. Além, claro, de boas pessoas.

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