SXSW e carreira

10 de março de 2023 - 12h24

Minha história com o festival SXSW (South by Southwest) começou quando, depois de 21 anos como executiva na Ambev, decidi que era hora de mudar. Porém, definir o próximo passo era um grande dilema. Ir para outra grande empresa e seguir intraempreendendo ou usufruir dos meus aprendizados para abrir meu próprio negócio? Virar consultora ou trocar a segurança de uma carreira estruturada por algo diferente? Toda essa incerteza do novo e do risco de fazer a escolha errada me angustiava.

Até que o Guilherme Alves, meu marido, sempre muito conectado, me contou sobre o maior evento de criatividade e tecnologia do mundo que acontece anualmente no Texas (EUA), o que me soou como a Disney daqueles que buscam por transformação. Vi todo o conteúdo disponível online e fui a vários downloads, eventos que as pessoas contam sobre o que aprenderam. Ao ser picada pelas provocações do festival, decidi dar um grande passo na minha jornada profissional e fazer um movimento tão incomum e questionado na época, mas ao mesmo tempo tão crucial para “pivotar” minha carreira. Decidi ir para o mundo da tecnologia, da nova economia. Era ali que as tendências apontavam e que eu via o meu futuro. Era onde eu poderia promover soluções reais para problemas reais com alto potencial de escala. Me juntei ao time da 99 e, em paralelo, eu e Guilherme fundamos a Explore, para ajudar a revolucionar a educação por meio da aprendizagem criativa.

Minha relação com o SXSW ganharia um novo capítulo, quando de fato conheceria in loco o evento. Foi muito mais do que eu esperava, mesmo com tão alta expectativa, e ainda fui convidada a participar de um painel sobre mobilidade, na Casa Brasil. Empolgada em levar inspiração e aprendizados para mais pessoas, em 2020 inscrevemos uma palestra, contando sobre o case que fechou meu ciclo na mobilidade, sobre como usamos a inteligência artificial para ajudar a identificar casos de assédio a passageiros e motoristas, em conjunto com a consultoria Think Eva.

A poucos dias do embarque, o sonho de palestrar em Austin foi suspenso pela grande pandemia que mudaria a história de todos para sempre. Pode ter sido uma coincidência, mas acredito que pontos estavam sendo conectados. Durante a maior crise sanitária e humanitária do século, iniciei minha trajetória no mundo da saudabilidade e me tornei sócia da Liv Up, startup de alimentação saudável e, recentemente, me juntei à Afya, o maior ecossistema de educação em saúde e soluções digitais da América Latina, empresa dedicada a transformar a saúde em conjunto com quem tem a medicina como vocação. Desde então, este é meu grande foco: ajudar a melhorar a vida das pessoas unindo três vertentes: tecnologia, saúde e educação.

Após seis anos desde o meu primeiro contato com o SXSW, chego a Austin certa do que me move pessoalmente e profissionalmente. Não tenho mais a angústia e a incerteza do caminho que deveria seguir, mas sou uma eterna aprendiz, pronta para absorver ao máximo tudo o que acontece por aqui e desenvolver minha capacidade de criar e transformar. Estamos em um time de correspondentes da Afya com médicos, intraempreendedores e líderes de negócio para cobrir o evento colhendo impressões, vendo o que mundo está pensando e discutindo sobre o futuro da educação, da saúde e o uso das tecnologias para tornar a jornada do médico cada vez melhor, mais potente e impactante.

Criatividade é sobre fazer conexões com o repertório que se tem. Abrir a agenda para sair do corre e respirar, ver coisas novas, ver mais sobre os temas que você já sabe e, mais ainda, sobre o que você não sabe. É sobre gerar repertório e ter mais referências para que, mesmo que involuntariamente, sua cabeça faça associações mais potentes e inovadoras.

Se eu puder dar um conselho: se dê o direito de pausar um pouco a rotina enlouquecida do dia a dia para reabastecer a cabeça, o corpo e as relações. É o que o SXSW me propicia. É o que chamo de pausas aceleradoras, o tempo dedicado ao seu autodesenvolvimento.

Bom SXSW para nós.