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Como as marcas estão abordando a menstruação em grandes eventos?

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Opinião

Como as marcas estão abordando a menstruação em grandes eventos?

As conversas sobre menstruar em festivais reforçam o sentimento negativo de que não é um bom momento para curtir o evento


2 de outubro de 2023 - 8h17

(Crédito: AbobeStock)

Alerta de spoiler: não estão. Foi a conclusão que chegamos no estudo “Festivais, banheiro e menstruação”, produzido pela área de insights da Webedia Brasil. A curiosidade sobre o tema surgiu a partir de um social listening durante a última Brasil Game Show (BGS), a maior feira de Games e Tecnologia da América Latina. Nos deparamos com pessoas reclamando de menstruarem justamente nos dias da feira e decidimos investigar a relação entre grandes eventos, banheiros e menstruação e entender como as marcas podem participar desse momento. Dica: indo além da presença e contribuindo para transformar positivamente essas experiências, que podem ser bem desconfortáveis para as pessoas que menstruam.  

O primeiro passo foi expandir o monitoramento dos mesmos termos que pesquisamos no Twitter durante a BGS para eventos de música, como o Rock in Rio e o Lollapalooza. As conversas sobre menstruar em festivais reforçam o sentimento negativo. Palavras como “ódio”, “medo” e “dor” tiveram destaque no social listening. Expressões como “mano” e “meu deus” demonstraram ainda tom de surpresa e frustração nas conversas sobre o assunto. Já imaginou tentar ficar horas na grade do palco esperando seu artista favorito estando menstruada? Ou pior, ter que trocar um coletor menstrual dentro de um banheiro químico? É por isso que várias pessoas relataram nas redes sociais táticas para atrasar ou adiantar o fluxo menstrual para não passar por essas situações.  

Fato é: menstruar durante um evento nunca é bem visto. Mas outras pesquisas indicam que esse não é um problema exclusivo dos eventos. Para muitas mulheres a menstruação é motivo de não fazer certas coisas, seja pelo desconforto, como o inchaço do corpo, ou até pela auto estima, que é afetada negativamente nesse período. No caso dos eventos essa situação se agrava pela estrutura dos banheiros, que geralmente não é planejada considerando uma pessoa que menstrua. Uma pesquisa realizada por dois matemáticos da Universidade de Ghent, na Bélgica, demonstrou que mulheres tendem a ficar 6m90s em filas de banheiros de festivais e eventos de massa, enquanto homens aguardam apenas 11 segundos. As principais variáveis que levam isso a acontecer são que os homens têm mais banheiros à disposição, mesmo quando a área dos sanitários é dividida igualmente, e que as mulheres precisam de mais tempo para usar o banheiro.  

Mas e as marcas nessa história? O tema não deve servir apenas para marcas menstruais. A menstruação muda a rotina das pessoas em diversos aspectos e pode ser uma ativação importante para vários segmentos, como roupas, esportes, limpeza e beleza. Marcas de roupas não falam sobre como as pessoas mudam suas roupas durante a menstruação. Produtos de limpeza nunca mostram como podem ajudar a tirar manchas de menstruação. Marcas de beleza não falam sobre como esse período pode afetar a autoestima. As marcas de esporte pouco falam sobre como as pessoas param de praticar exercícios durante o período. Ninguém fala sobre, mesmo que todos esses momentos ocorram na vida de uma pessoa que menstrua e, consequentemente, estão ligados à sua jornada de consumo.  

Apesar de não ser uma obrigação, as marcas podem contribuir sim para falar sobre o assunto e contribuir no debate da importância de se criar espaços e experiências mais agradáveis para todos. O ponto de partida é quebrar o tabu entre marcas, menstruação e eventos e parar de ignorar esse período que faz parte da vida de metade da população. 

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