Revolução autodeclarada: diversidade e inclusão no ambiente profissional
Empresas que incorporam valores de DEI&P não apenas cultivam ambientes mais inovadores, mas atraem os melhores talentos da força de trabalho
Revolução autodeclarada: diversidade e inclusão no ambiente profissional
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13 de dezembro de 2023 - 6h33
Desde o nascimento, papéis sociais são atribuídos com base no sexo, influenciando escolhas de cores e brinquedos. No entanto, orientação sexual e identidade de gênero não deveriam impactar a trajetória profissional. Estatísticas mostram que uma parte significativa da população enfrenta discriminação no trabalho devido à sua orientação sexual. O Dia Nacional da Visibilidade Trans, em 29 de janeiro, destaca a luta contra a discriminação, evidenciando a falta de empregabilidade para a comunidade trans, frequentemente forçada à prostituição como única fonte de renda. Uma pesquisa da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) revela que 90% da população trans depende da prostituição, resultando em uma expectativa de vida de apenas 35 anos, contrastando com os 76 anos para brasileiros cisgêneros.
Os pronomes de gênero (ela/dela, ele/dele) são a maneira como nos referimos à identidade de gênero de cada pessoa. Eles são importantes para a construção da identidade e da subjetividade de uma pessoa. Para as pessoas trans, o uso de pronomes corretos é essencial para que elas sejam reconhecidas e respeitadas em sua identidade de gênero.
Diversidade e inclusão no trabalho implicam reconhecer identidades não binárias e a importância dos pronomes corretos para as pessoas trans. Afinal, quando nos referimos a uma pessoa trans usando pronomes incorretos, estamos reforçando a invisibilidade e a discriminação a essa população. Por exemplo, chamar uma mulher trans de “ele” ou “dele” é uma forma de invisibilizar sua identidade feminina.
Identidade de gênero é uma característica interna. Não dá para saber o pronome de gênero correto a ser utilizado apenas olhando para alguém ou pelo seu nome. Usar o nome escolhido por uma pessoa e seus pronomes preferidos é uma forma de respeito mútuo e básico.
Dentro das organizações, a diversidade sexual e de gênero nem sempre é encarada da mesma forma que em outros contextos. Utilizar o nome e os pronomes escolhidos por cada pessoa é um ato básico de respeito mútuo, reconhecendo a singularidade de cada indivíduo. A maneira mais simples de usar pronomes preferidos é perguntar à pessoa qual é o pronome que ela prefere. Você pode fazer isso diretamente, ou pode observar a forma como ela se expressa, por exemplo, em suas redes sociais ou em outros contextos. Se você não tiver certeza do pronome preferido de uma pessoa, é melhor usar uma linguagem neutra, como “essa pessoa”.
É importante que as empresas incentivem a autodeclaração de seus colaboradores, pois isso ajuda a criar um ambiente mais inclusivo e respeitoso. Ao reconhecer e respeitar a identidade de gênero, contribuímos para a construção de um ambiente mais acolhedor e inclusivo para todos.
A autodeclaração é o ato de uma pessoa declarar sua própria identidade racial, étnica ou de gênero. No Brasil, a autodeclaração é o método utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para coletar dados sobre a população brasileira. A autodeclaração é reconhecida por lei como um documento válido para fins de identificação de gênero — isso significa que as pessoas trans podem usar a autodeclaração para alterar seus documentos oficiais, como RG, CPF e título de eleitor.
A importância da autodeclaração é dupla. Em primeiro lugar, ela permite que as pessoas se identifiquem com a sua própria identidade, reconhecendo sua história e cultura. Em segundo lugar, é essencial para a coleta de dados precisos sobre a população brasileira, o que é fundamental para a elaboração de políticas públicas inclusivas.
A autodeclaração é uma ferramenta eficaz para compreender e combater as disparidades existentes em nossa sociedade. Os dados do IBGE revelam que, entre 2012 e 2019, 42,7% dos brasileiros se declararam como brancos, 46,8% como pardos e apenas 9,4% como pretos.
A autodeclaração é uma ferramenta empoderadora, especialmente em um país marcado por diversas formas de violência racial e discriminação. Ela capacita os indivíduos a reivindicarem sua identidade, e isso contribui para a construção de uma sociedade mais justa.
Aqui na Creators, adotamos práticas que incentivam a autodeclaração, promovendo oportunidades para grupos sub-representados, como indígenas, asiáticos, pessoas com deficiência, negros, mulheres e pessoas 50+. Para isso, incentivamos nossa comunidade de criadores a se autodeclarar escolhendo tags de diversidade para criar seu perfil, e também tornamos obrigatório clientes escolherem recortes de inclusão na hora de publicar um briefing na plataforma.
Recentemente, quando apresentei o evento Innovation Festival, da Fast & Company Brasil, tive a honra de chamar ao palco e conhecer um pouco mais do trabalho de Pri Bertucci, que tem desempenhado um papel fundamental ao liderar iniciativas que promovem a compreensão e aceitação da diversidade nas empresas.
Pri Bertucci destaca a importância da linguagem neutra e inclusiva como uma ferramenta para reconhecer e incluir toda a diversidade da experiência humana, especialmente para pessoas não binárias. Segundo Bertucci, vivemos em uma sociedade que muitas vezes limita a compreensão de gênero apenas à dicotomia tradicional, ignorando as diversas possibilidades de existência. Como CEO trans da DIVERSITY BBOX, Bertucci ressalta que as empresas devem promover um ambiente seguro e focar em reconstruir as disparidades causadas pelo privilégio de certos grupos sociais.
Isso significa que as empresas precisam ir além de simplesmente anunciar vagas inclusivas e devem compreender as realidades das pessoas trans, flexibilizando requisitos para atrair e reter talentos diversos.
À medida que nos movemos em direção ao futuro dos negócios, fica evidente que a gestão responsável da diversidade está diretamente ligada ao sucesso organizacional. Empresas que compreendem e incorporam valores de diversidade, equidade, inclusão e pertencimento (DEI&P) não apenas cultivam ambientes mais inovadores, mas também atraem os melhores talentos da força de trabalho.
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