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Opinião

O peso da positividade compulsória

Reflexões sobre 'A Sociedade do Cansaço' de Byung-Chul Han


26 de setembro de 2023 - 9h07

(Crédito: Talo/Adobestock)

Recentemente, terminei “A Sociedade do Cansaço” do filósofo coreano Byung-Chul Han e confesso que fiquei muito mexida. Não apenas mexida, mas profundamente imersa em seus argumentos. Foi duro voltar os olhos para o mundo depois de encontrar tanta clareza nas palavras de Han.  

Han argumenta que, ao contrário da sociedade disciplinar do século XX, caracterizada pelo controle e repressão, estamos agora na sociedade do desempenho e do excesso. Nessa sociedade, a pressão para realizar mais, melhor e com agilidade de máquinas, é sentida com mais intensidade dentro de nós do que externamente. Explico.  

Atualmente somos submetidos a uma “positividade compulsiva”, que a mim mais parece compulsória. Essa positividade em excesso surge da busca incessante por produtividade, desempenho, felicidade e sucesso. No entanto, à medida que elevamos nossas expectativas e exigências a níveis estratosféricos, o resultado é um aumento alarmante nos níveis de estresse e exaustão.  

A sociedade contemporânea é dominada pelo culto ao “sim”, em que qualquer negativa, expressão de medo ou apreensão nos rotula de pessimistas e pessoas difíceis. Isso é uma insanidade, especialmente considerando os desafios complexos que enfrentamos atualmente e, em última análise, considerando nossa própria humanidade.  

Somos constantemente pressionados a dizer “tudo vai dar certo” o tempo todo. No entanto, é importante reconhecer que nem tudo pode dar certo, e isso não deve ser visto como um fracasso, mas como parte da jornada da vida. Nem todos os dias são de glória, nem todos os finais são felizes.  

No âmbito da saúde mental, a insistência na produtividade constante e na busca incessante pela positividade contribuem diretamente para o aumento das taxas de depressão, ansiedade, burnout e sentimentos de inadequação.  

 No mundo corporativo, a cultura exacerbada da positividade pode levar a ambientes onde as pessoas evitam discutir problemas reais por medo de serem hostilizadas ou taxadas como problematizadoras. E o preço disso costuma ser alto.  

Diante de tudo isso, fico pensando em como as próximas gerações lidarão com questões complexas como perdas, expectativas não cumpridas, tristeza e frustração. Que tipo de mundo estamos moldando, onde o desempenho domina nossas vidas e o tempo para reflexão é visto como um desperdício?  

Precisamos urgentemente repensar esses aspectos. Recomendo a leitura. 

 

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