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Camila Farani: as múltiplas facetas por trás das câmeras

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Camila Farani: as múltiplas facetas por trás das câmeras

Empreendedora e jurada do reality show Shark Tank fala sobre sua trajetória no mundo do empreendedorismo para além do programa


21 de março de 2022 - 0h46

Camila Farani (Crédito: Divulgação)

Investidora-anjo, empreendedora, conselheira e educadora são algumas das atribuições que descrevem, anos depois, a carreira de uma jovem adulta de 21 anos que ajudava nos negócios de família. Camila Farani é hoje conhecida como a jurada do reality show Shark Tank, da Sony. Entretanto, seu caminho no mundo do empreendedorismo é ainda mais brilhante no backstage. Da sugestão de aumentar 30% as vendas em um mês na cafeteria da família — meta atingida em 28% com a introdução de um Iced Coffee ao menu –, ela fundou o Grupo Boxx, que agrupa marcas como a Farani Caffè e a Farani Fresh Food.

Advogada, Camila é pós-graduada em Marketing e especializada em empreendedorismo e inovação pela Universidade Stanford, na Califórnia, e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Hoje, ela está à frente do G2 Capital e é membro do conselho de diversas empresas. Ainda, Camila enxerga que o empreendedorismo é sobre transformação de negócios e de vidas, mas que a pluralidade é necessária. “As mulheres representam 48% dos microempreendedores individuais no País, destacando-se em setores como beleza, moda e alimentação”, aponta.

Contudo, ela aponta que o empreendedorismo feminino no Brasil carece de incentivo, somado à falta de confiança. “Isso mostra que nós, empreendedoras, já estamos marcando presença, mas precisamos avançar ainda mais, especialmente no sentido de tornar esses negócios mais robustos. Precisamos de mais exemplos femininos de sucesso para que as empresas possam se inspirar”, acrescenta. Sendo ponte para o fortalecimento do ecossistema, Farani fundou o Ela Vence, plataforma para o desenvolvimento de lideranças femininas. Para 2022, espera-se que o negócio alcance um acumulado de 1,1 milhão de pessoas.

Confira entrevista completa a Women to Watch:

MISSÃO EMPREENDEDORA

“É muito gratificante, até porque estamos falando de ajudar a formar a próxima geração de empresas e de líderes do Brasil. Isso é muito impactante e uma imensa responsabilidade. Entendo que a minha missão como empreendedora e educadora é transmitir conhecimento, metodologias e energia de realização. E, na medida em que aporto recursos, como investidora, consigo ajudar a impulsionar esses novos negócios a ganharem tração, se fortalecerem. Vivemos um momento único no mundo e no Brasil, em que está cada vez mais claro que o empreendedorismo é a resposta para gerarmos renda, empregos e impactar a economia e a competitividade do País. E, especialmente, ajudar a transformar digitalmente setores que são fundamentais como saúde, educação, finanças, varejo, agronegócios, e tantos outros.”

MULHERES NO TOPO

“Quando iniciei minha trajetória como investidora-anjo, o número de mulheres investidoras era zero – ou praticamente zero. Hoje esse índice está entre 7% e 12%. Quando pensamos na presença de mulheres nos conselhos das empresas, a estimativa é de que a presença feminina esteja abaixo dos 30% no Brasil, segundo um estudo realizado pela Women Corporate Directors Foundation em parceria com a KPMG Brasil. O que isso nos mostra? Que precisamos aumentar esses índices, até porque o conselho tem a missão de ajudar a direcionar as organizações rumo ao futuro, e não existe futuro em que temas como inclusão, ESG e inovação não estejam presentes. Eu gosto muito da lógica da ‘inclusificação’, que é uma habilidade de liderança do futuro. Quando estamos em posições de liderança, precisamos ser capazes de reconhecer e celebrar perspectivas únicas e divergentes do nosso time e, assim, criar um ambiente em que todos sintam que podem ser únicos e, ao mesmo tempo, que pertencem àquele ambiente. Isso vai gerar maior engajamento das pessoas, e times engajados são 21% mais produtivos e geram 22% mais rentabilidade para as empresas. Ou seja, inclusão e diversidade é sobre justiça social, claro, mas é sobre resultado e sustentabilidade da operação.”

EMPREENDER É TRANSFORMAR

“O empreendedorismo é sobre transformação de negócios e de vidas. Esse movimento de crescimento acelerado de oportunidades para o empreendedorismo que vemos hoje no Brasil e no mundo não pode deixar ninguém de fora. Precisamos construir times plurais, pois só assim teremos capacidade para responder às demandas da sociedade atual. As mulheres representam 48% dos microempreendedores individuais no país, destacando-se em setores como beleza, moda e alimentação. Isso mostra que nós, empreendedoras, já estamos marcando presença, mas precisamos avançar ainda mais, especialmente no sentido de tornar esses negócios mais robustos. Precisamos de mais exemplos femininos de sucesso para que as empresas possam se inspirar. As principais dores das mulheres ao empreender estão sobretudo em capacitação, referências femininas, redes de apoio e fortalecimento dos argumentos para negociação.”

O FRACASSO FAZ PARTE

“Sempre falo que o fracasso é um evento, não uma pessoa. Eu mesma já me arrisquei em negócios que não deram certo, e isso acontece o tempo todo com quem está no mundo do empreendedorismo e do investimento de risco. Aliás, o mercado de investimento de venture capital movimentou US$ 621 bilhões ano passado no mundo. Esse é o total que os investidores aportaram em empresas, que poderão ser bem-sucedidas ou não. A vida e o mundo dos negócios, especialmente o que envolve o mundo digital, é sobre arriscar. Precisamos buscar o conhecimento o tempo todo, pesquisar o mercado, concorrentes, entender o perfil do novo consumidor e, assim, criar um produto aderente ao mercado. Isso vai minimizar os riscos. Também é importante não se apegar a uma ideia que não deu certo. Pivotar, reinventar o negócio pode ser um caminho dependendo do cenário.”

VENCER O DESAFIO

“Empreender é desafiador, exige persistência, busca constante por conhecimento e uma rede de apoio. Busca por exemplos que inspiram, mentoras e empreendedoras que já venceram muitos desafios e se tornaram líderes. O medo sempre vai fazer parte da equação, mas quando você começa a enfrentá-lo, vai se fortalecendo e avançando.”

O BRASIL PARA ELAS

“A falta de confiança e incentivo, somada a um ambiente nem sempre receptivo, são alguns dos obstáculos que as mulheres enfrentam diariamente. Dados da Rede Mulher Empreendedora (RME) revelam que 53% das empreendedoras brasileiras são mães, sendo que a maioria busca por horários flexíveis que permitam conciliar as tarefas domésticas e a vida profissional. Ou seja, muitas mulheres lidam com essa múltipla jornada de trabalho. Por isso, reforço que precisamos, cada vez mais, mostrar a força do empreendedorismo feminino e o quão longe nós podemos chegar na gestão de empresas e dos negócios.

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