Moda também é resistência no Jacarezinho

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Comunicação

Moda também é resistência no Jacarezinho

Segunda empreitada do Papel & Caneta no Brasil mobilizou profissionais da comunicação em torno do universo da moda na favela

Depois dos refugiados em Nova York e do coletivo Mooc em São Paulo, o projeto Papel & Caneta aterrissou no Rio de Janeiro. Mais especificamente no Jacarezinho, uma das maiores favelas da capital fluminense, um dia após o fim da ocupação de policiais no local.

Ali no coração da comunidade está o endereço da Jacaré Moda, uma produtora que nasceu como agência de modelos das periferias locais e, ao longo do tempo, estendeu a atuação e passou a trabalhar com produção fotográfica e audiovisual. Com o intuito de ampliar o potencial da iniciativa e reforçar que a diversidade no universo da moda deve ser perene – ainda mais em um país como o Brasil –, o P&C, representado por seu idealizador André Chaves, acompanhado por mais de 15 profissionais como Gustavo Otto, head de estratégia da 3yz (na época, ainda atuava como EVP de planejamento da NBS), Thais Fabris, sócia-fundadora da 65/10, Lidia e Suyane, do coletivo Mooc e Carol Althaller, head de business intelligence da Artplan, fizeram uma imersão de sete dias, dividida entre a sede da NBS e a comunidade.

Equipe do P&C e da Jacaré Moda durante o processo criativo na sede da NBS no Rio (Crédito: Divulgação)

Com 15 anos de existência, a produtora já havia atingido reconhecimento considerável a partir de 2015, quando o fundador Júlio César participou do quadro Mandando Bem, do Caldeirão do Huck. “Era um projeto muito grande que movimentava outras periferias”, comenta André. Além de Júlio, o projeto conta com os sócios Lucas Rodrigues, Clariza Rosa e Helena Gusmão, profissionais das áreas de publicidade e jornalismo. No entanto, havia espaço para mais reconhecimento, dentro e fora do País, justamente para quebrar o estereótipo de que a moda no Rio equivale ao combo praia, Copacabana, samba e Gisele Bündchen. E, mais do que isso, propor que a indústria da moda passe a se adequar à periferia e à diversidade e não o contrário.

Segundo André, o workshop foi norteado por dois objetivos: criar um filme que refletisse a história e a força dos jovens modelos que atualmente resistem à ideia de que favela se resume a um lugar de pobreza e violência. E, em segundo lugar, produzir um ensaio fotográfico com eles para retratar a realidade de cada um.

Júlio César, fundador da Jacaré Moda (Crédito: Divulgação)

Ao longo do processo criativo, o time detectou na Jacaré Moda duas forças motrizes que podem ser sintetizadas em duas palavras: gambiarra e resistência. Gambiarra porque as pessoas se ajudam e executam suas ideias com os poucos recursos disponíveis. Filho de pedreiro e faxineira, Júlio sonhava em estudar moda enquanto dava expediente como porteiro. Seu portal para o universo fashion foram revistas que encontrou retirando o lixo no prédio em que trabalhava. E desse ato de “se virar” vem, quase como consequência, a resistência, a vontade para levar adiante sua trajetória e seu talento.

É essa ideia que compõe o filme “Resistance” (assista acima), criado a várias mãos pela equipe do Papel & Caneta e da Jacaré Moda e dirigido pelo diretor de fotografia Geoff Levy, de Nova York. “O próprio Papel & Caneta é uma grande gambiarra. As pessoas se ajudando, vários fios se cruzando. Para fazer o vídeo, fizemos uma gambiarra porque nunca tínhamos gravado dentro da favela, principalmente o Geoff. Tentamos mostrar isso, o ter tão pouco e fazer muito disso”, comenta André. O enredo explora a realidade de três modelos da produtora: Caio Guimarães, Camila Reis e Natália Sant’Anna. Com histórias diferentes, o caminho de cada um se encontra na favela e na afirmação de suas identidades por meio da moda.

Caio Guimarães, modelo da Jacaré Moda (Crédito: Divulgação)

Hoje, eles atuam não somente como modelos, mas em todas as áreas de produção, como workshops com experts da indústria e, futuramente, a meta é que se envolvam no desenvolvimento de campanhas. “A Jacaré Moda não é feita apenas por modelos e composites. Para nós, modelo não é só um cabide. Para nós, modelo é potência. A gente quer mostrar a história de transformação deles”, afirma Júlio César.

Para viabilizar o processo criativo e o filme, o Papel & Caneta contou com a verba de um crowdfunding do qual todos os participantes fizeram parte, como Jess Greenwood, vice-presidente da R/GA Nova York, Tim Claassen, sócio e head of strategy da Havas Lemz Amsterdam, Rob Campbell, sócio da Deutsch Los Angeles e Laura Jordan-Bambach, ex-presidente do D&AD Londres.

Além da divulgação de “Resistance” em primeira mão pelo Meio & Mensagem, a revista norte-americana Paper, focada em arte, moda, cultura, irá divulgar o vídeo também nesta segunda-feira, 11. Já o ensaio de fotos será veiculado na revista Elle em janeiro com uma reportagem especial.


11 de dezembro de 2017 - 8h00

Depois dos refugiados em Nova York e do coletivo Mooc em São Paulo, o projeto Papel & Caneta aterrissou no Rio de Janeiro. Mais especificamente no Jacarezinho, uma das maiores favelas da capital fluminense, um dia após o fim da ocupação de policiais no local.

Ali no coração da comunidade está o endereço da Jacaré Moda, uma produtora que nasceu como agência de modelos das periferias locais e, ao longo do tempo, estendeu a atuação e passou a trabalhar com produção fotográfica e audiovisual. Com o intuito de ampliar o potencial da iniciativa e reforçar que a diversidade no universo da moda deve ser perene – ainda mais em um país como o Brasil –, o P&C, representado por seu idealizador André Chaves, acompanhado por mais de 15 profissionais como Gustavo Otto, head de estratégia da 3yz (na época, ainda atuava como EVP de planejamento da NBS), Thais Fabris, sócia-fundadora da 65/10, Lidia e Suyane, do coletivo Mooc e Carol Althaller, head de business intelligence da Artplan, fizeram uma imersão de sete dias, dividida entre a sede da NBS e a comunidade.

Equipe do P&C e da Jacaré Moda durante o processo criativo na sede da NBS no Rio (Crédito: Divulgação)

Com 15 anos de existência, a produtora já havia atingido reconhecimento considerável a partir de 2015, quando o fundador Júlio César participou do quadro Mandando Bem, do Caldeirão do Huck. “Era um projeto muito grande que movimentava outras periferias”, comenta André. Além de Júlio, o projeto conta com os sócios Lucas Rodrigues, Clariza Rosa e Helena Gusmão, profissionais das áreas de publicidade e jornalismo. No entanto, havia espaço para mais reconhecimento, dentro e fora do País, justamente para quebrar o estereótipo de que a moda no Rio equivale ao combo praia, Copacabana, samba e Gisele Bündchen. E, mais do que isso, propor que a indústria da moda passe a se adequar à periferia e à diversidade e não o contrário.

Segundo André, o workshop foi norteado por dois objetivos: criar um filme que refletisse a história e a força dos jovens modelos que atualmente resistem à ideia de que favela se resume a um lugar de pobreza e violência. E, em segundo lugar, produzir um ensaio fotográfico com eles para retratar a realidade de cada um.

Júlio César, fundador da Jacaré Moda (Crédito: Divulgação)

Ao longo do processo criativo, o time detectou na Jacaré Moda duas forças motrizes que podem ser sintetizadas em duas palavras: gambiarra e resistência. Gambiarra porque as pessoas se ajudam e executam suas ideias com os poucos recursos disponíveis. Filho de pedreiro e faxineira, Júlio sonhava em estudar moda enquanto dava expediente como porteiro. Seu portal para o universo fashion foram revistas que encontrou retirando o lixo no prédio em que trabalhava. E desse ato de “se virar” vem, quase como consequência, a resistência, a vontade para levar adiante sua trajetória e seu talento.

É essa ideia que compõe o filme “Resistance” (assista acima), criado a várias mãos pela equipe do Papel & Caneta e da Jacaré Moda e dirigido pelo diretor de fotografia Geoff Levy, de Nova York. “O próprio Papel & Caneta é uma grande gambiarra. As pessoas se ajudando, vários fios se cruzando. Para fazer o vídeo, fizemos uma gambiarra porque nunca tínhamos gravado dentro da favela, principalmente o Geoff. Tentamos mostrar isso, o ter tão pouco e fazer muito disso”, comenta André. O enredo explora a realidade de três modelos da produtora: Caio Guimarães, Camila Reis e Natália Sant’Anna. Com histórias diferentes, o caminho de cada um se encontra na favela e na afirmação de suas identidades por meio da moda.

Caio Guimarães, modelo da Jacaré Moda (Crédito: Divulgação)

Hoje, eles atuam não somente como modelos, mas em todas as áreas de produção, como workshops com experts da indústria e, futuramente, a meta é que se envolvam no desenvolvimento de campanhas. “A Jacaré Moda não é feita apenas por modelos e composites. Para nós, modelo não é só um cabide. Para nós, modelo é potência. A gente quer mostrar a história de transformação deles”, afirma Júlio César.

Para viabilizar o processo criativo e o filme, o Papel & Caneta contou com a verba de um crowdfunding do qual todos os participantes fizeram parte, como Jess Greenwood, vice-presidente da R/GA Nova York, Tim Claassen, sócio e head of strategy da Havas Lemz Amsterdam, Rob Campbell, sócio da Deutsch Los Angeles e Laura Jordan-Bambach, ex-presidente do D&AD Londres.

Além da divulgação de “Resistance” em primeira mão pelo Meio & Mensagem, a revista norte-americana Paper, focada em arte, moda, cultura, irá divulgar o vídeo também nesta segunda-feira, 11. Já o ensaio de fotos será veiculado na revista Elle em janeiro com uma reportagem especial.

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