O Twitter anunciou na semana passada a extensão de seu recurso Moments. A ferramenta, lançada em 2015 no Brasil, dá acesso a uma seleção organizada de tuítes, geralmente sobre notícias e eventos, e até então era restrita somente à equipe editorial do Twitter e a alguns publishers. A partir de agora, mais influenciadores e marcas podem atuar como curadores na ferramenta, que futuramente será aberta a todos os usuários.
Leonardo Stamillo, diretor editorial do Twitter na América Latina, ressalta que a mudança permitirá a cada pessoa construir narrativas com pontos de vista diferentes. “É uma nova experiência de consumo de conteúdo. Hoje já temos diversos parceiros, como veículos de comunicação e times de futebol. Ampliar o acesso à ferramenta trará narrativas com pontos de vista mais particulares, sobre assuntos diferentes”, afirmou. Entre as personalidades brasileiras já escaladas para utilizar o recurso estão Claudia Leitte e Anitta.
Para Leonardo, do Twitter, a ampliação do recurso para influenciadores é uma oportunidade de gerar histórias únicas em uma “vitrine premium”. Ele também vê no recurso uma nova maneira de atrair marcas, que podem atingir seu público-alvo no Twitter. “Elas podem criar um storytelling, combinando vídeos, áudio, GIFs e fotos”, disse.
A mudança faz parte das tentativas recentes da plataforma para gerar engajamento e reforçar sua posição como uma plataforma de conversas, tendo em vista a concorrência forte com o Facebook, Instagram e Snapchat. Nos últimos meses, a plataforma têm dado grande atenção à conteúdo em vídeo em suas ferramentas Periscope e Vine, com parceiros de peso como Globo e ESPN.
A empresa de monitoramento Sentimonitor, de Porto Alegre, realizou uma pesquisa com nove marcas do setor de calçados, a partir de 142 mil mensagens distribuídas nas redes sociais, e constatou que as marcas estão parando de utilizar o Twitter. Quatro das noves marcas já não possuem perfis próprios desde 2014. Entre as marcas participantes estavam como Arezzo, Melissa, Corello, Via Marte e Santa Lola.
Para Bruna Gassen, analista de redes sociais da Sentimonitor, o fenômeno reflete também em outros setores analisados pela empresa. “O foco do Twitter ainda é o texto, outras plataformas têm um apelo mais visual, onde as marcas podem colocar vídeos e fotos”, disse.
Disputa pela melhor experiência
Twitter, Facebook, Instagram e Snapchat têm atualizado seus recursos constantemente, visando atrair novos usuários e anunciantes. No segundo trimestre de 2016, o crescimento de usuários ativos do Twitter foi de 3% em relação ao ano passado, e menos de 1% em relação ao trimestre anterior. As ações da rede social caíram em quase 50%, enquanto o Snapchat e o Facebook tentam dominar a área de notícias e eventos ao vivo no ambiente virtual.
“Está tudo relacionado a criação de conteúdo. As plataformas estão dando um jeito de dar a acesso à criação de conteúdo de forma mais integrada. Com o Stories, o Instagram busca não ficar só nas imagens. O Moments do Twitter é uma maneira de dar espaço para pessoas criarem e dar essa organização da curadoria”, avaliou Luis Constantino, head de digital da agência Mood.
Ele acredita que o Twitter não vai perder espaço e que a migração de conteúdo para novos formatos vai ser ser lenta, já que exige maiores investimentos de tempo e dinheiro por parte das marcas. “As marcas querem diferentes plataformas para criar, mas hoje é muito mais fácil criar conteúdo no Facebook do que para o Snapchat, por exemplo”, disse. Para ele, o Twitter ainda é muito importante para as marcas como uma plataforma de segunda tela. “Acho que o Moments vai ‘pegar’, pela necessidade de consumir as histórias de maneira organizada, com um filtro e uma seleção de alguém que sabe selecionar as melhores historias nessa avalanche de conteúdo”.
Mesmo assim, Leonardo acredita que o Moments incrementa a rede social pois oferece o contexto do que está acontecendo e valoriza o conteúdo de cada um de seus marcados, o que só é possível pela curadoria e edição manual.
