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Ponto de vista

Plim-Plim


12 de fevereiro de 2014 - 4h32

Queria cometer aqui uma justiça: falar bem da TV brasileira. Sim, a nossa velha senhora, esculhambada nos últimos anos, crucificada em praça pública, sentenciada à morte “n” vezes, a torto e a direito. E vou falar bem pacas!

Legal o “lance do digital”, legal ver o Porta dos Fundos toda semana (legal mesmo: vejo todos), legal também o conteúdo “on demand no meu mobaiou”, e blá-blá-blá.

Mas, espera aí, a TV brasileira está dando um baile! E faz tempo que não vejo a turma elogiar. Em tempos de vacas mais magras e desafios nas novas mídias, os pesos pesados e/ou a “mídia tradicional” têm de se colocar à prova o tempo todo. Os números mostram que a audiência vai muito bem, obrigado; afinal, como já comentaram bastante por aqui, é melhor o certo do que o duvidoso quando se tem uma bala na agulha sem o direito de errar, mas… o assunto aqui é Conteúdo. A nova (velha) moda dos gurus marqueteiros de plantão.

Não sou um consumidor voraz de televisão apenas por um motivo: não consigo. Adoro ver televisão. Claro, são os ossos do ofício e do hobby, este que se mistura com o ofício o tempo todo. Mas a falta de tempo não me permite assistir a tudo que quero, é a tal da Síndrome do Conteúdo Não Consumido. Sofro deste mal, e muito.

Queria assistir a todas as séries em todas as suas temporadas, queria ver todos os filmes, queria ver aqueles documentários maravilhosos sobre todos os assuntos. Mas não consigo, não consigo… O Canal Off, então, queria ver o dia todo, em looping! Não tem como… Sem falar nos festivais, nas entrevistas, em algumas novelas, nos muitos shows e vários especiais. Não dá tempo.

Mas, na virada do ano, feriasinhas, e me dediquei a ver TV. E que surpresa boa, rapaz!

A Globo está arrebentando, não tem como não falar. “Amores Roubados” foi top, melhor que muito filme de Hollywood. A fotografia, a direção, a trama, o elenco, o timming; tudo foi impecável! Até a abertura, com aquelas fotos P&B, os caras acertaram.

“O Tempo e o Vento”, “Serra Pelada” e a “A Teia” só no trailer já arrebentaram (aliás, os trailers nestes formatos novos também já estão dando show à parte), sem falar na logomarca da Dona Globo. Reparou como está mais bacana? Ganhou ares modernos sem aqueles prateados e arco-íris. Está limpa, P&B, com cara de Apple.

O “The Voice Brasil” foi o melhor show de calouros já produzido no Brasil (desculpa, Seu Sílvio, mas é um fato). Musicalmente um show de bola: da escolha das músicas aos arranjos, passando pelos candidatos maravilhosamente selecionados e ainda pela impecável e envolvente condução do Tiago Leifert, que, aliás, é outro que vamos cada vez mais ver por aí. Eta, carinha bom!

A novela “Amor à Vida”! Eu confesso que implico um pouco com algumas novelas, mas não tem como não achar o Félix excelente, a dificuldade de construir em horário nobre um personagem tão bacana, em uma dinâmica de produção diária, mostra a competência e a qualidade da nossa dramaturgia. E, por isso, se o Mateus Solano não ganhar o tal “Oscar da TV”, é marmelada! E, para completar, a semana final foi drama na melhor expressão da palavra.

Até o especial do Rei foi na medida, com Tatá e a Anita dando um molho.

A Globo está mostrando que, se o negócio agora é content, é com ela mesma. “Ah, não, agora é Cross-content, dirão os malas de sempre. Ok, então toma novela com BBB! Demais, não? E já tem conteúdo exclusivo para o GShow. Alguém tem dúvida de que vão arrebentar? O Marcelo Madureira fazendo um jornal cômico na web vai ser matador.

Com o casting estrelar, a qualidade de roteiristas – olha a “A Teia” aí outra vez –, o dinheiro e a coragem na produção, tenho certeza de que veremos muitas mudanças positivas ainda, não importando a plataforma que, aliás, vai sempre nos colocar o desafio de olhar para a frente – sim, é digital, digital, digital, mas o que não é digital? Existe algo mais velho do que a alcunha Digital???

Além do mais, como uma pesquisa mostrou na semana passada aqui no M&M, as plataformas sociais estão deitando e rolando com estes conteúdos. Ou dá para falar de “The Voice” sem aquelas hashtags todas aparecendo?

Vamos valorizar o que tem de bom na telinha, na telona, na segunda tela ou nas próximas telas que surgirem. Com este conteúdo, não tem pra ninguém.

Ah! E tem a Copa do Mundo. #imaginanacopa o que será da transmissão?

Um bom ano a todos, com muito conteúdo de qualidade e – eu desejo – algum tempo para desfrutá-lo.

Alexandre Grynberg é diretor de atendimento e operações da NBS
 

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