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“O desafio é escoar a produção brasileira”

Segundo Cris Barreto, curadora do Rio2C, o audiovisual produzido no Brasil já provou seu valor, mas ainda falta equilibrar a riqueza e a diversidade criativa com as novas formas de distribuição

Luiz Gustavo Pacete
29 de março de 2018 - 11h55

Séries de alta qualidade e talentos de nível internacional. O audiovisual brasileiro, do ponto de vista de conteúdo, já provou seu potencial. O desafio agora, segundo Cris Barreto, curadora de audiovisual do Rio2C, é equilibrar a riqueza e a diversidade criativa com as novas formas de distribuição. Ao Meio & Mensagem, Cris comenta os desafios e tendências apresentadas no setor audiovisual e que aparecem no conteúdo que será discutido na edição deste ano do Rio2C.

Em 18 de março estreou a quarta e última temporada da série O Negócio, da HBO Brasil (Crédito: Reprodução)

Meio & Mensagem – Quais as principais transformações que o setor audiovisual passa no Brasil?
Cris Barreto – Houve um admirável crescimento nos últimos sete anos, especialmente a partir da assinatura da Lei 12.485 que aproximou os pares do mercado para a discussão sobre quais produtos seriam mais adequados às grades. Críticas existiram por todos os lados, sobre a capacidade criativa e de produção, sobre qualidade. Mas também foi um processo de aprendizado. Hoje, muitas de nossas obras estão circulando pelo mundo. Temos um mercado aquecido com séries que já estão em segunda e terceiras temporadas, além de documentários, filmes, animações. Ainda temos um longo caminho a percorrer, um mercado a ser consolidado, que ande com as próprias pernas.

Cris Barreto

M&M – O que é desafio para o setor em meio a mudanças também do ponto de vista do consumo e pulverização de plataformas?
Cris – As novas tecnologias e plataformas abriram diferentes caminhos para contar histórias, produzir entretenimento imersivo e redefinir a forma como o conteúdo é consumido. Dessa maneira, o desafio do setor é entender os processos criativos, analisar o negócio do ponto de vista de quem compra, encomenda e distribui, em uma clara proposta de entendimento da indústria audiovisual como encontro entre diferentes players. Também é desafio aprofundar os modelos já realizados, estimular a reflexão sobre distribuição e encomenda de conteúdo em ambiente digital, promover a convivência de canais lineares com conteúdo distribuído simultaneamente em diferentes plataformas, e apontar a agenda para o agora, pois, se antes pensávamos no futuro, agora precisamos entender o presente.

M&M – Dentro dessa discussão, quais assuntos mais se destacam em relação ao futuro da indústria?
Cris – O Video on Demand (VOD) continua como um dos temas de maior interesse do mercado, não mais como novidade de consumo e desejo de possível coprodução, mas num debate sobre a linha editorial, ao que cada um se propõe para não ser só um depósito sem critério de conteúdo. O mesmo vale para os vídeos online, os desafios de manter a qualidade e o futuro dessa produção. Leis, mudanças, propriedade intelectual, novas formas de viabilizar produções também estão em pauta e, principalmente, como escoar a produção brasileira, ultrapassar as fronteiras e dar visibilidade de consistência para o nosso conteúdo no mercado internacional.

3% foi a primeira série brasileira da Netflix cuja segunda temporada já está em produção (Crédito: Reprodução)

M&M – O Rio2C tem bastante assunto voltado a empreendedores, qual a importância deste tema dentro da programação?
Cris – O RioContentMarket foi criado para ser um mercado com o olhar para o negócio com o slogan “Here we do business”. Igualmente para fazer negócios, tivemos experiências de desenvolvimento do empreendedor com consultorias especializadas para novos produtores e para aqueles mais maduros que se lançaram a processos de atualização. Desde 2016, criamos o RioContentLab para os empreendedores de outros estados com o objetivo de preparação dos projetos e seus produtores para participarem das Rodadas de Negócios e Pitching do RioContentMarket, agora Rio2C.

A série Supermax, da TV Globo, ganhou sua produção em espanhol por meio de uma coprodução com a Mediaset (Crédito: Reprodução)

M&M – O que os destaques internacionais da parte de audiovisual estão trazendo em termos de novidades e bons cases este ano no Rio2C?
Cris  – Será marcado pela presença de Bruce Miller, criador, showrunner, produtor executivo da série “The Handmaids Tale”. Em documentários, reunimos as duas principais empresas do gênero, com currículos referenciais em inovação narrativa, a Vice Media, e a Spring Films, responsável por sucessos como “Night Will Fall”, “The Look of Silence” e “The Act of Killing”. A animação está representada pelos criadores de “Lost in Oz”, da Amazon Studios, que levou 3 emmys awards em Excelência em Animação Infantil, Excelência em Mixagem de Som – Animação e Excelência em Edição de Som – Animação. Oportuno destacar também que com a integração das disciplinas, teremos 2 compositores de trilha sonora sensacionais: Adam Anders, ganhador de quatro Grammys e também produtor musical, responsável por sucessos mundiais como a série musical “Glee”, “High School Musical” e “Hannah Montana” e Gustavo Santolalla.

 

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