Opinião: A era da inovação disruptiva
Empresas devem entender que o empreendedorismo precisa ser um elemento central da sua cultura, estratégia, visão e propósito
Empresas devem entender que o empreendedorismo precisa ser um elemento central da sua cultura, estratégia, visão e propósito
Meio & Mensagem
26 de agosto de 2014 - 9h55
Por Gian Martinez (*)
A inovação disruptiva é aquela que está reinventado a forma como buscamos informação, pedimos táxi, encontramos empregos, compramos ingressos para o cinema, medimos nossa saúde física, assistimos conteúdo, nos relacionamos, enfim… Reinventando a forma como interagimos com o mundo. Indústrias inteiras estão sendo redesenhadas sob uma nova lógica, com novos princípios, novos processos e uma nova maneira de encarar o mundo.
Abraçar o risco é uma regra a ser seguida em busca de um tipo diferente de crescimento: o exponencial. Empresas, marcas, modelos de negócio com apenas 3-5-10 anos estão dominando completamente mercados antes sólidos e/ou construindo novas fronteiras jamais antes exploradas.
Estar vivo aqui, agora, é um privilégio. Porém, quando estamos no meio de uma revolução tão importante, dificilmente temos plena consciência disso. A história do mundo prova essa tese: a vasta maioria das pessoas não tinha noção de que vivia ali o Iluminismo, a Revolução Industrial ou a Revolução Tecnológica. Não conseguiam enxergar a transformação que presenciavam em toda a sua dimensão: individual, familiar, social, cultural.
Essas grandes mudanças são sempre moldadas por certos desbravadores que “puxam o barco”. Suas ações provam que um novo caminho, melhor, mais inteligente, é possível. Com isso passam a ser naturalmente seguidos pelos demais. E, no mundo da informação em tempo real, esse processo de disseminação e influência se acelerou. O que antes demorava décadas agora demora dias, minutos, segundos.
Isso fez com que a ideia de começar algo novo, de criar, de startup, se tornasse atrativa, fresca, jovem, contemporânea e, aos poucos, massiva. Hoje 71% dos jovens brasileiros pretendem ter o seu próprio negócio. Isso é fantástico. Esses jovens sabem que tudo o que está aí está para ser melhorado, reinventado. Dar espaço às suas ideias é dar espaço para um novo Brasil.
O mercado vai ser cada vez mais duro com as empresas que não entenderem que o empreendedorismo precisa ser um elemento central da sua cultura, estratégia, visão e propósito. Inevitavelmente terão dificuldades de atrair e reter os melhores talentos e perderão competitividade.
Estamos em um mundo que resgata e valoriza, dia após dia, o verdadeiro espírito empreendedor. Estamos alimentando aquele impulso inventivo que fez a nossa vida dar saltos de qualidade em todas as áreas. Porém, calejados com uma história de aprendizados e “bombados” pelas ferramentas do século 21.
O processo adotado por esses desbravadores é claro e direto ao ponto: foco em identificar um problema relevante, desenvolver uma solução viável melhor que as disponíveis, colocar na rua a proposta o mais rápido possível e aprender o máximo sobre como as pessoas irão reagir a essa proposta. Com base nesses aprendizados matar, mudar ou, principalmente, evoluir essa proposta até encontrar um modelo de negócio escalável e sustentável.
Isso exige foco no aprendizado, no feedback e na colaboração. Eliminar ao máximo o desperdício e colocar sempre os usuários no centro do desenvolvimento. Nenhum empreendedor tem tempo e dinheiro para jogar fora. E o ambiente competitivo exige que você ofereça o melhor, sempre: para seus clientes, funcionários, parceiros, comunidade, mundo. E o melhor de hoje não será o melhor de amanhã.
Nesse contexto as ideias têm pouco ou nenhum valor sem execução. Fazer é tão ou mais importante que conceituar. E isso exige atitude, energia, coragem e um tanto de desprendimento.
Ao colocar as pessoas no centro entendemos que a velocidade e sustentabilidade do seu crescimento estão diretamente conectadas com a sua capacidade de gerar valor para todos. Construir relações ganha-ganha não é uma estratégia, mas um princípio em tudo o que fazemos. O egossistema dá lugar ao ecossistema.
Tudo isso deveria ser óbvio. Mas claramente, para muitos, ainda não é. Empresas, governos, instituições das mais variadas naturezas e dos mais diversos tamanhos insistem em jogar um jogo antigo, ultrapassado, que será cedo ou tarde engolido por um desses desbravadores. Insistem em pensar pequeno diante das possibilidades infinitas.
É tempo de empreender. Se esse ainda não é o seu país, se essa não é a sua empresa, se esse ainda não é você, não se desespere: sempre é hora de começar.
* Gian Martinez é cofundador da Coca-Cola Accelerator e escreve para o Meio & Mensagem mensalmente. Este artigo está publicado na edição 1624, de 25 de agosto de 2014, de Meio & Mensagem, disponível nas versões impressa ou para tablets Apple e Android.
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