Será que estamos mesmo em uma bolha virtual?

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Ponto de vista

Será que estamos mesmo em uma bolha virtual?


16 de agosto de 2012 - 5h03

Quando pensamos em internet e em tudo que ela permite, pensamos um mundo sem limites, com possibilidades de ir além e conhecer coisas e lugares de uma forma nunca antes imaginada, de encontrar amigos antigos e fazer novos, de trocar informações e opiniões e assim construir uma nova visão de mundo ou até daquele assunto que interessa somente a você.

Por conta disso, a internet vem ocupando cada vez mais espaço na vida das pessoas e consequentemente alterando alguns cenários. Os relacionamentos são cada vez mais virtuais, a informação está cada vez mais disponível em um clique e os anunciantes conseguem falar com seu público e monitorar seu comportamento.

Até aí tudo parece perfeito, mas precisamos começar a avaliar as coisas com uma profundidade um pouco maior, qual é a qualidade desses relacionamentos? Os amigos virtuais têm a mesma importância dos amigos reais? E a informação, é possível avaliar a qualidade e a credibilidade dessa informação? E o engajamento do consumidor, que requer cada vez mais inteligência matemática e menos humana. Acho que precisamos mesmo refletir.

Na verdade, temos aqui vários pontos de alerta e preocupação, o que renderia vários artigos, mas convido vocês a uma reflexão sobre a manipulação de informações que pode estar ocorrendo na internet, a falta de neutralidade e diria até de liberdade, já que tiram o direito de escolher aquilo que realmente queremos ver ou até que seja desconhecido, mas faça parte da construção do conhecimento.

Normalmente, quando buscamos informações ou somos impactados por ela, por fontes como jornais, revistas ou mesmo televisão, temos uma ideia de qual é a linha editorial daquela publicação ou canal, qual é seu posicionamento sobre determinado assunto. Não precisamos concordar, mas precisamos conhecer os diferentes pontos de vista, pois somente dessa forma seremos capazes de construir opiniões e uma visão crítica sobre os mais variados assuntos de interesse.

Já na internet não podemos afirmar que exista essa neutralidade na informação, pois em alguns sites de busca e de relacionamento, nada é explícito. Você pode ser enquadrado em um perfil e por isso ter acesso a informações previamente definidas, preparadas especialmente para o seu perfil, mas não são as escolhidas por você.

O pior de tudo é que não se sabe quais informações basearam seu enquadramento nesse determinado perfil. Então você sabe o que acessa, mas não é possível saber o que você está perdendo, que partes da internet estão fora de seu alcance.

O ativista digital americano Eli Pariser, autor do livro O filtro invisível, alerta contra a personalização do conteúdo em sites como o Google e o Facebook. Ele afirma que duas pessoas podem acessar o mesmo site ao mesmo tempo e ver informações diferentes, adaptadas a suas opiniões e ressalta que quanto maior for o esforço para oferecer informações personalizadas a cada usuário, maior será o risco de que os filtros isolem as pessoas em bolhas virtuais, sem nenhum acesso a opiniões diferentes das suas.

Do ponto de vista do anunciante pode ser um ótimo negócio, pois cada vez mais é possível vender publicidade num site em que o público que chegou a ele foi filtrado e gosta do produto anunciado. Cada vez mais o valor está voltado para a informação do comportamento do consumidor e sabemos que existe um mercado enorme para empresas que vendem nossas informações para outros sites. O resultado disso é que quanto mais empresas compram essas informações, mais nossas preferências continuam a ditar o que nos é mostrado.

A discussão é complexa, mas a reflexão é necessária, pois passa por um dilema ético. Será que a internet que promete liberdade está na verdade cerceando nossa escolha de navegar e conhecer o desconhecido ou somos monitorados por um mecanismo robótico e matemático que nos limita a ver apenas as coisas que alguém julga que seja de meu interesse? Será que estamos nos limitando a essa bolha virtual?

Se isso for realmente assim, poderemos estar fadados a uma sociedade cada vez mais empobrecida intelectualmente? Isso vale um grande debate. 

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