CQC: “Somos enzimas atividoras de polêmicas”
Gerente de conteúdo da Eyeworks Cuatro Cabezas no Brasil, argentino Diego Barredo fala sobre o sucesso das atrações
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Edianez Parente
11 de maio de 2011 - 1h37
Argentino, Diego Barredo, 34 anos, é o gerente de conteúdo da Eyeworks Cuatro Cabezas no Brasil, responsável pelos programas da produtora feitos em parceria com a Band. A argentina Cuatro Cabezas, ou 4K, que há 16 anos estourou no mercado daquele país com o CQC (Caiga quien Caiga), virou uma vedete no mercado de formatos e foi em parte adquirida pela holandesa Eyeworks. No Brasil, emplacou, além do CQC (Custe o que Custar), também A Liga e Polícia 24Horas. Barredo falou ao Meio & Mensagem sobre a 4K, instalada num casarão do bairro paulistano do Pacaembu. Leia a seguir:
Caso Bolsonaro
Não imaginávamos toda essa repercussão, porque ele é um deputado eleito, já está na Câmara falando essas mesmas coisas faz muito tempo. Então, supõe-se que a mídia tenha conhecimento disso, da linguagem, dos posicionamentos do Sr. Jair Bolsonaro (deputado federal pelo PP/RJ). Por outro lado, isso tudo desencadeou a discussão de um número imenso de pessoas. Nosso posicionamento é que, de certa maneira, funcionamos como enzimas ativadoras de polêmicas; gostamos da discussão, pois achamos que na polêmica e na discussão chegamos a instâncias superiores de raciocínio. Muitas ideias estavam petrificadas, e a discussão é uma forma de quebrar este molde e criar novas ideias.
Eyeworks Cuatro Cabezas
No Brasil, temos A Liga, o CQC e o Polícia 24 Horas, que é um programa com os mais altos — senão o mais alto — índices de audiência da Band. Também fizemos O Mundo Segundo os Brasileiros; e agora lançamos o novo programa do Danilo Gentilli – o Agora é Tarde.
Parceria com a Band
Com a Band, há uma parceria de negócios e também uma parceria emocional… Somos de conteúdo, não participamos da venda comercial; não temos o esquema de venda, até porque não é preciso; o esquema deles é muito efetivo. Na produção, trabalhamos em conjunto com a agência de publicidade e produzimos integralmente. Tudo o que sai dentro do programa é nosso.
Modelo de anúncios
É um modelo que temos na Argentina já faz muito tempo e é ótimo, porque rapidamente identificamos que essa forma de fazer nos marcava no horizonte, numa união com a agência, com o cliente, com o produto, que é imbatível. Colocamos nossa linguagem estética, as figuras do elenco interagindo com o produto numa forma pouco tradicional, como seria, por exemplo, eles simplesmente terem a lata de cerveja na mão.
Produção e publicidade argentina
A publicidade brasileira também é, como a argentina, uma grande referência da América Latina no mundo. Desconheço haver incentivos excepcionais para a atividade na Argentina, como fomentadora desta produção. Achava até que, por exemplo, o Rio de Janeiro tinha mais incentivos que Buenos Aires hoje. Eu cursei Jornalismo e Ciências Políticas. O que acontece é que, em termos gerais — o que é meio difícil falar — é que a educação pública na Argentina tem um certo padrão. Mas eu também vejo aqui no Brasil interlocutores muito bem preparados; o pessoal daqui é extremamente capacitado. E os produtos que nós passamos aqui são produtos de qualidade, e não são produtos que imitam o formato argentino. Das cerca de cem pessoas que temos aqui, 90% são brasileiros. Por exemplo, o chefe de edição do CQC é brasileiro.
Audiência no Brasil x Argentina
Na Argentina, a atração é da Telefé, rede aberta líder de audiência, há 16 anos. Aqui, desde 2008, creio que o programa está bem ajustado ao mercado local; lógico que não vamos pegar o mesmo resultado em qualquer tipo de emissora, até porque também o programa é o que é por aqui porque tem uma emissora que nos dá todo o suporte.
Convergência
No caso do conteúdo adicional na internet, a Band trouxe um parceiro: a Telefônica. O projeto está ganhando mais conteúdo, devagar, porque criar conteúdo específico para essas plataformas vai depender também da capacidade da nossa estrutura. Nosso core-business é a TV, não podemos criar conteúdo específico o tempo inteiro para a internet porque não damos conta. Não somos uma fonte inesgotável de conteúdo maravilhoso. Mesmo assim, eu acho que aquilo que estamos colocando no ar é lindo, incrível; acho que criamos um conteúdo muito diferente, porque você vê os apresentadores batendo um papo que você não vê no programa, trocando ideias, falando com as pessoas, uma coisa muito mais relaxada que não dá para ter no CQC.
Os apresentadores
O Marcelo Tas é um cara experiente, é uma referência pra mim. Ele se entrega. Não quero trabalhar com pessoas que não estejam à vontade. E o que falamos a todos — e é muito claro no CQC — é que, se sentir em algum momento que não é prioridade, vamos continuar amigos, mas nossa exigência é tentar fazer o melhor programa da televisão brasileira, ou o melhor possível dentro do nosso gênero. Mesmo porque eles têm de estar disponíveis para as matérias a semana toda: se toca o telefone vermelho, todos têm de estar disponíveis.
A Liga
Ele tem a linguagem, o público e algumas coisas parecidas com o CQC, mas é um mais programa vivencial. Damos uma temperatura e calor ao jornalismo que o próprio jornalismo tradicional não tem. A Liga é um programa fresco, bem-humorado, mas rigoroso na investigação jornalística. É um programa no qual nos cobramos muito. Houve uma denúncia de que a gente tinha pagado por uma entrevista. Saiu “fumaça” das minhas orelhas. Primeiro porque eu sei, internamente, que não foi assim. O programa tem um time de jornalistas e de investigação que nem tem verba para pagar nada… Tem um quadro, trazido do CQC, que é o Proteste Já, que é engraçado, mas é uma investigação jornalística, com checagem das coisas. Mesmo porque nós temos que ter certo cuidado até com os processos.
Processos na justiça
É até um mito. Não temos muitos, até porque temos cuidado e, também, bons advogados. Há pessoas que reclamam um pouco das brincadeiras – com celebridades, especialmente -, mas também depende da temperatura do momento. Entendo que não é todo o mundo que está disposto a brincar, um dia pode-se estar mal-humorado… E no momento em que as pessoas dão a entrevista, elas estão aceitando a comunicação, pois são figuras públicas. Não tenho nem que pedir para autorizar a entrevista para mostrar a imagem.
Criação e diferenciação
O método é jornalístico, mas há fibra e preocupação com o humor. O CQC é uma criação coletiva, com um time de roteiristas, pauteiros e produtores, que também são roteiristas, pois levam conteúdo às matérias. Na Liga também é assim. Nosso diferencial é fazer produtos de qualidade, quase artesanais.
Destaques da TV brasileira
CQC, A Liga e Polícia 24 Horas… o Junto e Misturado (TV Globo), além das novelas, em que o Brasil é craque. A Globo em geral. Acho algumas coisas do Pânico na TV geniais, com um timing e uma inteligência para criar os personagens.
Concorrência com o Pânico
No começo, a imprensa tentou fazer a gente virar concorrentes. Não conheço pessoalmente nenhum deles, mas há profissionais que já trabalharam lá e trabalham aqui. Acho que o mercado é ainda grande para nós dois; ainda cabem vários CQCs.
Argentinos
Vão dominar o mundo (risos). Na verdade, vamos ganhar a próxima Copa e deixar para quem mais quiser essa de conquistar o mundo…
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