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O Rei da TV: como a série retratou o magnetismo de Silvio Santos

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Mídia

O Rei da TV: como a série retratou o magnetismo de Silvio Santos

Produtor e diretor do título disponível na Disney+contam porque optaram por um tratamento ficcional à história do apresentador e empresário


18 de agosto de 2024 - 9h01

Silvio Santos - O Rei da TV

Star+ (atual Disney+) retratou a história de Silvio Santos no streaming, com o ator José Rubens Chachá no papel principal (Crédito: Divulgação)

Personagem indiscutível da cultura brasileira, a carreira longeva de Silvio Santos, como artista e empresário, foi tema de algumas produções audiovisuais.

A mais recente é o filme Silvio, que estreia nos cinemas no dia 5 de setembro, com Rodrigo Faro no papel principal. O longa se debruça especialmente sobre a história ao redor do sequestro de Patrícia Abravanel, filha do dono do SBT, em 2001.

Neste domingo, dia 18 de agosto — o primeiro sem Silvio Santos —, o SBT mostra, às 19h30, uma parte do documentário inédito Silvio Santos: Vale Mais do que Dinheiro, que, posteriormente, será exibido na íntegra, em sete episódios, no +SBT, nova plataforma de streaming da emissora, que seria lançada oficialmente hoje, mas teve sua estreia adiada.

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No entanto, antes disso, a Star+ (atual Disney+), lançou, em 2022, O Rei da TV, série de ficção, baseada em fatos reais, com duas temporadas, que teve Marcus Baldini, Carol Minêm e Julia Jordão na direção, e produção da Gullane. Com o ator José Rubens Chachá no papel principal, o drama biográfico aborda momentos importantes da vida de Silvio Santos, desde a infância pobre e vivência no circo até sua candidatura à Presidência da República e escândalo do Banco PanAmericano.

Caio Gullane, produtor de O Rei da TV e cofundador da produtora, conta que a série demorou mais de um ano para ficar pronta, incluindo o extenso processo de pesquisa e a escrita do roteiro. Apesar de ser uma ficção, as temporadas recriaram de forma quase fidedigna vários acontecimentos marcantes na trajetória do apresentador.

“É uma série totalmente baseada em fatos, então, estudamos a vida dele. O Silvio teve a vida muito registrada, foi um comunicador de mão cheia, que passou pelo rádio, livros, gibis e televisão, em diversos formatos. Além disso, foi um empresário muito hábil. Tudo isso faz dele uma grande pessoa”, diz.

Silvio Santos como personagem

O diretor de O Rei da TV conta que a construção da narrativa que contemplasse uma história de mais de 60 anos na televisão foi importante e desafiadora. Mais do que fazer um recorte temporal, era preciso dar dimensões ao personagem, o que ajudaria a entendê-lo.

“Queríamos que fosse um personagem multifacetado, porque isso aprofunda a ideia de olhar para o Silvio, mas também torna o projeto melhor. Quando entrei no time, eu tinha uma memória afetiva, mas não tinha noção, por exemplo, que ele tinha sido da Globo ou o que eram as caravanas de quando ele começou”, diz.

Por falar de memória, Baldini revela que a figura do apresentador sempre esteve presente em sua família. Seu avô foi comprador assíduo do famoso carnê do Baú. “Eu ficava esperando chegar ao final do ano para poder trocar o carnê por presentes. Então, foi um privilégio dirigir uma série que fica agora como um relato de um olhar para uma pessoa tão importante”.

Uma das características do Silvio que mais fascinaram o diretor durante o processo de produção da série foi o magnetismo, fio condutor da relação construída com o público. Para Baldini, isso diz muito a respeito da importância do artista para o entretenimento popular na televisão brasileira.

“Algo oposto às outras emissoras é a posição que o Silvio ocupava nesse lugar popular, do interesse do público fiel, muito baseado no magnetismo. Além disso, havia um feeling sobre o que ia dar certo ou não e como conectar as empresas ao redor do SBT. Quando gravamos a série, brincávamos que era um império apoiado em duas cordas vocais”, acrescenta.

Olhar brasileiro

Em entrevista ao Meio & Mensagem, Gullane fala sobre o processo de criação da série e o legado que Silvio Santos deixa na produção e no entretenimento do Brasil.

Meio & Mensagem – Como foi o processo de desenvolvimento da série para contar a história de Silvio Santos no streaming?
Caio Gullane – Sempre tivemos em mente fazer uma série ficcional, porque a ficção permite você escolher um caminho e um ponto de vista para a história. Focamos na trajetória desse homem que, desde a infância, se mostrou muito criativo e construiu, com altos e baixos, um império. Ele é um personagem com uma trajetória quase de ficção pronta. Agrupamos todos os fatos que ocorreram na vida dele e construímos a dramaturgia. Por ser uma obra ficcional, não fizemos a quatro mãos, com a família ou SBT, foi um projeto somente da Star+. Foi uma diversão poder reconstruir e aprender com a história dele. Para se ter uma ideia, ele foi um comunicador que falou com todos os presidentes durante a democratização. Ou seja, ele tinha acesso às pessoas mais importantes do Brasil, assim como às mais simples. Essa capacidade de transitar que sempre teve faz dele, além do artista bastante criativo, um empresário muito atento e perspicaz.

M&M – Mesmo não tendo a participação direta dele ou da família, houve algum feedback após o lançamento?
Gullane – O Silvio dominava muito a narrativa e nunca soubemos o que ele achou. Acredito que ele nunca falou. Realmente, vamos ficar com essa curiosidade. Sem dúvida a série tem conflitos, mas também tem muitas homenagens, momentos de alegria e de exaltação de toda a criação dele. Depois do lançamento, não tivemos nenhum problema ou questão, muito porque é uma história totalmente construída sobre fatos. É quase uma reprodução alinhavada em uma linha ficcional.

M&M – Na sua visão, qual é a importância de Silvio Santos para a indústria de produção e entretenimento no Brasil?
Gullane – Desde o começo, tanto nós quanto a Star+, ficamos encantados com a vida desse homem que, até hoje, tem o título de apresentador mais longevo do Brasil. Foi um artista que ajudou a construir a história do meio. Gostem ou não, o jeito que ele criou de fazer televisão foi muito original para a época, com quadros e plateia, e foi copiado por outros lugares do mundo. Outro ponto é que, décadas atrás, ele foi um dos comunicadores que mais compreendeu a família brasileira. Ele tinha muita noção de que existem diversos brasis, inclusive porque foi um homem que passou por altos e baixos na vida, principalmente quando jovem.

M&M – No decorrer de todo o processo de criação e produção de O Rei da TV, quais os maiores aprendizados que a equipe coleciona?
Gullane – São dois aprendizados. Primeiro, Silvio nasceu em uma família pobre e, por isso, precisou se desdobrar. Talvez seja disso a conexão com a classe brasileira mais baixa, algo que transbordou para a arte dele. Toda atividade que colecionou na bagagem se inseriu dentro do negócio. É possível ver o que ele aprendeu na rádio, no circo, em programas com ou sem auditório e como tudo isso inspirou parte da televisão mundial. Um aprendizado é que vale mesmo a experimentação e a experiência em diversas áreas. Outra coisa é que fazer a série nos fez conhecer mais de perto a história do País, porque as duas se misturam. Ele passou pelo governo ditatorial e pela democratização. Foi pivô de momentos políticos.

M&M – Silvio foi um grande empresário de mídia e você é fundador de uma produtora. O que fica de legado também termos de inteligência de negócio?
Gullane – O Brasil é um país continental e muito diverso. Nós que trabalhamos em comunicação precisamos estar atentos sempre à diversidade de culturas pelas quais transitamos e convivemos. Então, para fazer uma obra que atinja o Brasil, é preciso ser consciente dessas coisas e o Silvio sabia muito bem para quem ele trabalhava. Ele conhecia o nosso país e isso fica como legado. Para nós, não adianta fazer um audiovisual que se comunique pouco. Vai deixar saudades e vamos celebrar e estudar o Silvio por muitos anos.

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