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Opinião

Da inteligência artificial ao Open Ran: O que esperar do MWC 2024?

Nestes quatro dias de evento do Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, não faltaram inovações, expositores e debates que irão confirmar essas tendências e abrir os olhos das indústrias


26 de fevereiro de 2024 - 18h00

Em 2023, duas tecnologias foram o centro das atenções dos brasileiros: a 5ª geração de redes móveis (5G) e a chegada da Inteligência Artificial preditiva, por meio de softwares especializados. A união dessas duas inovações criou um cenário para o desenvolvimento de aplicações, nascimento de disciplinas e a consolidação de tendências que já estavam se desenhando no mercado, como: empresas com estratégias de cloud híbrida, Hyper-automation (hiperautomação), redes privadas de 5G, preocupações com a eficiência energética e, claro, os novos desafios com a segurança corporativa.

Nestes quatro dias de evento do Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, não faltaram inovações, expositores e debates que irão confirmar essas tendências e abrir os olhos das indústrias de software e de Telecomunicações (Telco) para outras inovações no horizonte. Em tempo, o congresso é uma excelente oportunidade para tomadores de decisões e o público geral descobrirem as tecnologias que mais encaixam em suas rotinas profissionais e dentro de seus lares. Certamente, as inovações terão um grande valor para o mercado, mas poderão ser aproveitadas por todos os consumidores e empresas?  

Um mundo reescrito pela Inteligência Artificial? 

Não é segredo para ninguém que o mercado dividiu-se antes da chegada da IA (2022) e depois de sua incorporação em serviços, empresas e ferramentas digitais em 2023. No MWC, esse “paradigma inteligência” será reconfirmado com empresas de Telco apresentando aplicações e ferramentas mais integradas para diminuir a complexidade e automatizar os ciclos de vida de estruturas. Isso significa menos interrupções nos serviços de internet e a possibilidade de oferecer mais utilidades dentro das redes: o pareamento entre diferentes dispositivos da casa (Iot) para construir smart houses, conexões com níveis de segurança diferenciado, atualizações automáticas de protocolos entre outros benefícios.

Juntamente com os avanços na integração de serviços na nuvem, edge e no ambiente on-premises, a chegada da IA propicia uma mentalidade mais holística para o mercado de Telco, permitindo integrar redes de acesso O-RAN (Open Ran) dentro do portfólio de operadoras. Ainda inédito no Brasil, esse serviço seria fundamental para conectar áreas ermas do País, onde a infraestrutura convencional de 5G ainda não foi instalada e que representam um grande potencial de crescimento. A partir de pre-sets internacionais, essas regiões finalmente terão acesso a uma conexão estável, possibilitando a ampliação de negócios e a democratização de oportunidades em todo o território.  

Aos avanços tecnológicos e às funcionalidades práticas de infraestrutura, disponibilizadas pela função da IA com o Open RAN, somam-se outros serviços que vêm ganhando terreno no último ano, Redes Privadas de 5G. Ainda novidade no mercado brasileiro, essa modalidade de banda tem as mesmas características de uma rede convencional de 5ª geração, a sua diferença, no entanto,  é possuir o acesso limitado dentro de espaço, como  em um aeroporto, campi universitários ou em sedes de organizações. Muito utilizada dentro de indústrias automotivas, farmacêuticas e aeroespaciais, sua implementação garante uma conexão mais estável, rápida e segura para o uso e compartilhamento de dados. 

Além disso, a nova categoria de 5G responde a demandas do mercado por servidores mais robustos para suportar as exigências de equipamentos, softwares e maquinário pesado. De acordo com um estudo sobre a indústria 4.0, realizado pelo Portal da Indústria, atualmente, a maioria dos instrumentos de trabalho na fábrica utiliza uma enorme quantidade de dados, o que requer uma rede estável e integrada com um modelo de IA/ML e hyper-automation para acompanhar dispositivos e pensar em soluções criativas. Graças a essas inovações, avanços nos serviços de varejo, transportes e abastecimentos permitem que clientes desfrutem de produtos de qualidade e serviços de ponto no menor tempo possível. 

Ambientes seguros, empresas sustentáveis e inovação on-demand 

Para além dos assuntos relacionados à adoção e à ampliação de tecnologia, dois outros temas prometem estar no centro das discussões de mesas, estandes e conversas de coffee-break: a pauta ESG, sobretudo na agenda de eficiência energética, e as boas práticas de segurança e ciberproteção. 

Neste último tópico, fica cada dia mais claro a importância de empresas investirem em metodologias mistas que abrangem tanto os serviços de ponta do DevSecOps, quanto um suporte comercial (OSS/BSS) robusto que protejam mais camadas das aplicações corporativas e, ao mesmo tempo, reduzam os pontos sensíveis dentro da organização. Com essas mudanças, executivos limitam a saída de dados sigilosos e evitam ser alvo de ransomwares, cada vez mais frequentes no Brasil.    

Já a respeito dos compromissos ESG, a indústria de telecomunicações deve estar atenta ao uso de energia em suas operações. De acordo com um levantamento da consultoria GSMA, essas empresas são responsáveis pelo consumo de 2% a 3% global de luz elétrica. Em outras palavras, elas sozinhas são responsáveis pela poluição atmosférica e visual semelhante a um punhado de países latino-americanos. Para completar o quadro, o mesmo estudo aponta que os custos com eletricidade dessas companhias variam entre 20% a 40% de seu faturamento, o que sinaliza uma otimização de recursos para aumentar rendimentos e alavancar a imagem da empresa. 

Do ressurgimento do Open Ran como um recurso fundamental para indústria, passando pelo 5G privado, ESG energética, segurança digital e chegando no predomínio da Inteligência Artificial como pilar estratégico para integrar serviços e unir mercados, o MWC deste ano promete uma prévia do que estará em nossas cidades, escritórios e casas em 2024. Seus mais de 80 mil visitantes vislumbrarão novas formas de trabalhar dados e automatizar processos e, mais importante, serão os primeiros peritos para julgar essas transformações. Afinal, os melhores juízes são os clientes. Inovações, tecnologias e inovações vêm e vão conforme o sabor do vento; boas ideias superam a prova da história.  

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