A redescoberta da rua
Pokémon Go e Jogos Olímpicos são dois fenômenos que aconteceram juntos no Brasil e mostram a força dos indivíduos conectados e ávidos por experiências
Pokémon Go e Jogos Olímpicos são dois fenômenos que aconteceram juntos no Brasil e mostram a força dos indivíduos conectados e ávidos por experiências
Nem comida e nem ciclovia. O que os paulistanos estão fazendo na Avenida Paulista, nas últimas semanas, é jogar Pokémon Go. O jogo de realidade aumentada se transformou em um fenômeno como nunca visto antes. Nenhum outro jogo mobile, de Angry Birds a Candy Crush, foi capaz de atingir este nível de interação. As pessoas encontraram um motivo real e virtual para passear pelos parques, praças e ruas sem se desconectar do celular. A união do online com off-line – acredito que não podemos separar esses mundos – está sendo responsável por mudanças comportamentais.
Nas últimas semanas também presenciamos um movimento parecido no Rio de Janeiro com um outro jogo, a Olímpiada. As pessoas não estavam na praia ou no Cristo Redentor durante o maior evento esportivo do planeta, mas sim no Boulevard Olímpico, no Porto Maravilha – local que mais se destacou na Rio 2016 com diversas atrações e também pela beleza e funcionalidade do mobiliário urbano. Os três espaços abertos do Boulevard Olímpico (Porto Maravilha, Parque Madureira e Miécimo da Silva, em Campo Grande) atraíram cerca de 4 milhões de pessoas, com transmissão de competições e variada agenda de eventos.
No Twitter, o engajamento dos usuários em torno da Olimpíada resultou em 75 bilhões de impressões (número de vezes em que os tuites relacionados ao assunto foram visualizados na plataforma) de forma global, a partir da publicação de 187 milhões de tuites. Com isso, esta foi a Olimpíada mais tuitada até hoje. O Facebook revelou que, entre 1º e 21 de agosto, 277 milhões de pessoas geraram 1,5 bilhão de interações sobre a Olimpíada. E o Brasil foi o país que mais esteve presente nesta conversa. Aqui existe o mesmo movimento do Pokémon Go, só que de forma inversa – do off-line com online.
O que ficou claro com esses dois recentes exemplos é que poucos jogos, do virtual Pokémon Go ao físico Rio 2016, foram capazes de causar este tipo de impacto cultural e social nos últimos tempos. Esses dois movimentos foram responsáveis por um comportamento único dos brasileiros: a redescoberta da rua. Nos últimos tempos, com o poder da internet e especialmente do celular, cada pessoa tem uma particularidade, um mundo, em suas mãos e telas. O online e off-line fazem parte de um mesmo momento. Os indivíduos já navegam no mundo sem distinção entre digital e físico. Eles usam as experiências de forma contínua sem divisões para enriquecer sua jornada. Evoluímos e chegamos no tão esperado figital, ou então fisital, aquele momento em que realmente não separamos o mundo digital e físico.
É para essa transformação que as marcas precisam estar atentas. Com as pessoas mais tempo nas ruas a mídia out of home ganha um maior protagonismo nas principais cidades do país. Integrador e dinâmico, o OOH une estratégia com ativação tendo a tecnologia como fio condutor dessa relevância que tem ganhado.
O comportamento das pessoas está sempre uma curva à frente do marketing. A febre do Pokémon Go e o sucesso da Rio 2016 e a chegada dos Jogos Parolímpicos – eventos que estão levando o Rio fazer as pazes consigo mesmo e resgatar um importante cartão postal da cidade maravilhosa – mostram o quanto existe de oportunidades nas ruas. Esse não é um fenômeno só do Brasil, mas por uma questão de timing, ocorreu aqui simultaneamente e por isso potencializou seu efeito. Na economia da atenção que caracteriza nossos tempos, trata-se de uma boa notícia. As pessoas estão nas ruas e os gestores das marcas que não ainda perceberam esse dado da realidade correm o risco de ficar para trás.
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