Opinião
#COP26 e como desenvolver negócios e marcas sustentáveis
A #COP26 colocou em destaque o debate sobre preservação ambiental, principalmente a partir de perspectivas indígenas
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18 de novembro de 2021 - 14h00
A #COP26, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, colocou em destaque o debate sobre preservação ambiental, principalmente a partir de perspectivas indígenas. Enquanto isso, sustentabilidade é, novamente, uma tendência global de mercado.
Quem fala sobre preservação do meio ambiente sem colocar como centro da discussão os povos indígenas e comunidades tradicionais pela sua existência e permanência no território, não está de fato pautando o tema.
Não existe “preservação do meio ambiente” sem seus guardiões.— Andressa Zumpano #MARCOTEMPORALNÃO! (@zumpanoandressa) November 4, 2021
Diante desse cenário, como as marcas podem se tornar mais sustentáveis, socialmente conscientes e culturalmente relevantes? As marcas querem participar do território de conversa sobre sustentabilidade. Para isso, é fundamental que desenvolvam práticas de negócio que devolvem valor à sociedade.
Chamar atenção para o tema e gerar conversa sobre ele é fundamental, mas impactar apenas com ações de comunicação não é suficiente. Um bom ponto de partida é refletir sobre qual benefício pode ser devolvido à sociedade a partir da proposição única de valor da marca.
São as ações práticas de negócio que geram legitimidade para o posicionamento. Sem isso, marcas se tornam vulneráveis, porque serão questionadas pelas pessoas sobre o que estão fazendo pelo meio ambiente e qual agenda ambiental estão seguindo.
Assim, entender a pauta ambiental de grupos socialmente marginalizados é fundamental para o desenvolvimento de práticas sustentáveis efetivas. Na #COP26, por exemplo, esses grupos falaram sobre o racismo ambiental, conceito que aparece no relatório sobre relações entre raça e crise climática da ONU e diz respeito à discriminação racial contra povos negros e originários na definição de políticas ambientais.
Diretamente da #COP26 , @negrobelchior, e a integrante da CONAQ, Katia Penha, reforçam sobre o objetivo da presença do movimento negro neste evento, que é denunciar o Brasil por suas ações violentas contra os povos negros e originários que ocorrem através do racismo ambiental. pic.twitter.com/fy2yIINFj5
— Uneafro Brasil (@UNEafroBrasil) November 2, 2021
A população indígena possui as respostas (e até mesmo perguntas que ainda não estão sendo feitas) para construção de uma agenda ambiental mais consciente. Povos originários são os guardiões da biodiversidade e a chave para mudarmos a forma com que nos relacionamos com outros seres vivos, com o meio ambiente, com nós mesmos e, consequentemente, como construímos negócios e comunicação.
Nos, os povos indígenas, estamos na linha de frente da emergência climática lutando com nossas vidas e devemos estar no centro dessa discussão. Sem povos indígenas não existe equilíbrio climático. #cop26 pic.twitter.com/d2k3gLeUGd
— txai suruí #MarcoTemporalNão (@walela15) November 3, 2021
Um relatório de 2021 da ONU prova que a presença de povos nativos é o que mantém o equilíbrio das florestas e da fauna na América Latina. As comunidades indígenas são divididas em 522 grupos étnicos e há maior diversidade étnica no Brasil, onde há mais de 300 desses grupos, seguido por Colômbia, México e Peru, segundo relatório de 2021 da UNICEF. Trata-se de uma grande pluralidade cultural abundante em conhecimentos. Contudo, essa população está constantemente em situação de vulnerabilidade social e em meio a disputas por direitos e reconhecimento sobre a posse de terras.
Um recado a COP26: “Os bilhões dos governos mundiais, não vão conter as mudanças climaticas e salvar o planeta. Nossa sabedoria e conhecimento ancestral que praticamos e ensinamos todos os dias que salvará o planeta e a humanidade“
Por Kretã Kaingang pic.twitter.com/QbIUf9cZsv
— Sonia Guajajara (@GuajajaraSonia) November 3, 2021
Conhecer, proteger e defender os direitos das pessoas indígenas é responsabilidade de todos que estão comprometidos com uma sociedade na qual os direitos humanos e da natureza são inseparáveis. Marcas que querem ser sustentáveis têm muito a aprender com a cultura indígena e com informações baseadas na ciência. O recém lançamento da Maya, nova representante do IPAM, Instituto de Pesquisa da Amazônia, no Twitter ilustra como a criação feita a partir dessas reflexões gera resultados, percepção positiva de marca e relevância cultural, ao gerar associação de marca com o que está acontecendo de mais importante no mundo agora.
Deixa eu contar uma coisa para vocês? Há uns anos, pesquisadores renomados do Brasil e do mundo se reuniram para realizar uma avaliação científica sobre a Amazônia. Agora, eles compartilham os resultados deste trabalho em um relatório inédito, que será lançado na #COP26. https://t.co/JRyqUXhUM4
— Maya do IPAM (@IPAM_Amazonia) November 4, 2021
Existe um novo significado de inovação e criatividade e ele é socialmente responsável, economicamente sustentável e original, nascido de perspectivas diversas. Convido marcas, especialmente os criativos por trás delas, a focarem esforços em garantir clareza para os consumidores sobre o real compromisso delas com a economia sustentável e a engajarem com o desenvolvimento humano para proteger o planeta e garantir prosperidade para todos.
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