Estratégia e marketing sem espuma
Em um mundo de tantas urgências, parece que tudo também há de ser estratégico; um ponto de interrogação já que o excesso deveria ser a antítese da importância
Em um mundo de tantas urgências, parece que tudo também há de ser estratégico; um ponto de interrogação já que o excesso deveria ser a antítese da importância
Tem muita gente falando sobre marketing e pouca gente fazendo marketing. Penso e prática destoantes, posicionamentos turvos e fazeres ocos, à superfície da casca. Há, inclusive, um preconceito à palavra pela sua própria banalização. E, por óbvio, pela falta de entendimento. Infelizmente, perpetua-se também uma vulgarização da expressão estratégia.
Em um mundo de tantas urgências, parece que tudo também há de ser estratégico. Um ponto de interrogação já que o excesso deveria ser a antítese da importância.
Na contramão dos almanaques, estratégico não é mais adjetivo, transformou-se em um substantivo com significado de sobrenome. Repare:
Planejamento Estratégico.
Consultoria Estratégica.
Assessoria Estratégica.
Branding Estratégico.
Visão Estratégica.
A palavra estratégia virou um verniz moderno na tentativa de purpurinar fazeres que se recusam a serem demodês. Nem sempre, evidente. Mas na grande e repetida maioria das vezes neste nosso mercado.
Eis um clamor deste chato: não deixemos que raciocínios tão profundos sejam vistos por ângulos tão rasos e reduzidos. Pela opinião pública, tolerável. Mas pelos especialistas, intragável. Urge a necessidade da ampla compreensão e aplicação do que justificam tais terminologias: densidade.
Duas histórias do cotidiano para clarear esse mau humor. Um dia desses, no meio de uma prospecção, um cliente me indaga: “todo mundo fala estratégico, mas o que é uma consultoria estratégica?”, provocou. Ele estaria cansado da vulgarização? Semana passada, outro empresário me solicitou o descritivo esmiuçado de um plano estratégico, inclusive com os empregos ferramentais. Segundo o próprio, é isso que separa os homens dos garotos – a profundidade.
Ou seja, se não for para cumprir análise e método, para além de um lampejo criativo ou da intuição, não utilizemos estratégia nem marketing. É pelo bem do mercado, pela saúde das nossas profissões, pela reputação que contorna a nossa história.
Compartilhe
Veja também
Quando a publicidade vai parar de usar o regionalismo como cota?
Não é só colocar um chimarrão na mão e um chapéu de couro na cabeça para fazer regionalismo
Marketing de influência: estratégia nacional, conexão local
Tamanho do Brasil e diversidade de costumes, que poucos países têm, impõe às empresas com presença nacional o desafio constante de expandir seu alcance sem perder de vista a conexão com as comunidades