Assinar

Comunicar para transformar

Buscar
Publicidade
Opinião

Comunicar para transformar

O papel da divulgação de pesquisas de interesse público


30 de abril de 2025 - 14h00

Por mais complexas que sejam, as mudanças sociais só se concretizam quando a informação chega a quem mais precisa dela. É por isso que a divulgação de pesquisas de interesse público, especialmente nas áreas de saúde e educação, deve ser tratada como prioridade. Produzir dados relevantes é apenas o primeiro passo. O desafio seguinte é garantir que esses dados cheguem ao público de forma eficaz. É fundamental traduzi-los em linguagem acessível, disseminá-los amplamente e assegurar que esses dados encontrem o devido espaço no debate público, influenciando positivamente as decisões e políticas públicas, como fazem instituições internacionais, como a World Health Organization (WHO) ou o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que publicou em 2021 um levantamento que aponta mais de 19 mil nascidos vivos por ano de mães com idade entre 10 e 14 anos, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Tomemos como exemplo a redução da gravidez na adolescência entre jovens que frequentam o ensino médio integral. Um estudo recente, de grande impacto social, apoiado e divulgado pelo Instituto Natura, no Brasil, mostra que quanto maior o tempo que adolescentes permanecem na escola, menor é a chance de uma gravidez precoce. Os dados apontam que um aumento de mil matrículas no ensino médio integral está associado à redução de 114 jovens em idade escolar grávidas no município. Porém, se essa informação não chegar às comunidades, aos gestores locais e às famílias, seu potencial transformador se perde no meio do caminho.

A divulgação de dados como esse, de forma clara e acessível na grande imprensa, tem o poder de desconstruir estigmas, orientar políticas públicas e inspirar escolhas mais conscientes. A sociedade precisa conhecer os efeitos positivos de determinadas políticas – como, nesse caso, a expansão do ensino em tempo integral – para que possa defendê-las, aprimorá-las e cobrar sua continuidade.

Ao comunicar, uma organização reforça sua missão, fortalece sua relação com a sociedade e potencializa o alcance das transformações que deseja promover. Para que essa comunicação seja realmente efetiva, é essencial que a linguagem utilizada seja acessível, clara e inclusiva, permitindo que diferentes públicos compreendam e se conectem com a mensagem. O uso de gráficos, ilustrações, infográficos e outros elementos visuais também contribui para tornar o conteúdo mais didático, envolvente e fácil de assimilar, ampliando ainda mais seu impacto e alcance.

Nesse contexto, a comunicação não pode ser vista como um apêndice do processo científico ou das ações institucionais, mas como parte central da estratégia de impacto e sensibilização pública. E aqui entra outro ponto fundamental: a responsabilidade das empresas em contribuir com isso.

Empresas que atuam com impacto social, especialmente no campo da educação e da saúde, têm a oportunidade de amplificar vozes, traduzir dados e investir em campanhas que aproximem a população das soluções que estão à sua disposição. Para cumprir esse papel, é fundamental adotar estratégias de comunicação que priorizem a escuta ativa das comunidades atendidas, traduzam informações técnicas em linguagem simples e acessível, e utilizem canais diversos, como redes sociais, rádios, TV e jornais para alcançar diferentes perfis de público.

Além disso, campanhas bem-sucedidas costumam envolver o uso de dados transformados em infográficos de fácil leitura e conteúdos que valorizem histórias reais de pessoas impactadas pelas ações da empresa. Dessa forma, a comunicação deixa de ser apenas institucional e personalista e passa a ser uma ponte concreta entre as soluções e quem mais precisa delas.

Mais do que informar, a boa comunicação tem o poder de educar, mobilizar e engajar. E em tempos em que a desinformação ameaça o avanço de tantas conquistas, divulgar pesquisas de interesse público em veículos de comunicação é, acima de tudo, um ato de cidadania.

 

Colaboração: Maria Slemenson – superintendente de políticas públicas do Instituto Natura para Brasil.

Publicidade

Compartilhe

Veja também