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Homero Olivetto: “Cannes simbolizou a dedicação e paixão do meu pai pelo que ele fazia”

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Cannes Lions

16 a 20 de junho de 2025 | Cannes França
Cannes

Homero Olivetto: “Cannes simbolizou a dedicação e paixão do meu pai pelo que ele fazia”

Diretor de cinema e filho de Washington Olivetto fala sobre a relação do pai com o Festival de Cannes, que irá homenageá-lo como parte das comemorações pela distinção ao Brasil como Creative Country of the Year


14 de junho de 2025 - 14h39

Homero Olivetto

Homero Olivetto sobre o pai: “Ele achava o máximo vencer, claro, mas acho que ele gostava mesmo era de vender bem e de encantar as pessoas” (Crédito: Bob Wolfenson)

A 72ª edição do Cannes Lions começará oficialmente na segunda-feira, 16, com a promessa de uma cena inédita: um trio elétrico, batizado de W do Brasil, desfilando no “circuito Palais-Martinez”. A iniciativa da FilmBrazil vai abrir as comemorações pela escolha do País como primeiro Creative Country of the Year. O reconhecimento ao mercado brasileiro incluirá homenagens a Washington Olivetto, desde o trio batizado como W do Brasil e o hit já ensaiado “Alô, alô, W/Brasil”, de Jorge Benjor, até a cerimônia de encerramento do festival, na sexta-feira, 20, com presença da família do publicitário, que faleceu em outubro do ano passado e foi a primeira grande estrela brasileira no mais importante festival de criatividade do mundo.

Antes de embarcar para Cannes, o cineasta Homero Olivetto, filho mais velho de Washington, falou ao Meio & Mensagem sobre a relação do pai com o Festival de Cannes, com os prêmios publicitários, sobre a abertura de portas internacionais para as gerações de publicitários que vieram depois e o legado deixado para o mercado brasileiro.

Meio & Mensagem – Na sua percepção, como era a relação do seu pai com Cannes, já que ele até escolheu a região para ter uma casa?

Homero Olivetto – Cannes deu muitas alegrias para o meu pai, claro. Ele adorava a região, a energia do lugar, e, principalmente, a casa dele. Acho que, somando o lado profissional e pessoal, Cannes e vizinhança simbolizavam de certa maneira os frutos de toda a dedicação e paixão que ele tinha pelo que fazia.

M&M – Você tem alguma lembrança curiosa de momentos que tenha vivido com seu pai no Festival de Cannes?

Homero – Eu fui algumas vezes com meu pai pra Cannes e região, mas não me lembro de ter ido durante o festival. Minhas lembranças com ele, acho que em qualquer lugar, são quase sempre muito felizes.

M&M – Qual sua lembrança sobre a relação do Washington Olivetto com prêmios, especialmente Cannes? Havia uma ansiedade nessa época do ano?

Homero – Minha lembrança é a do meu pai vibrando e excitado antes de ir ao festival, muito feliz e comemorando na hora das conquistas e, logo depois, voltando ao trabalho e olhando para frente. Ele achava o máximo vencer, claro, mas acho que ele gostava mesmo era de vender bem e de encantar as pessoas. Os prêmios eram uma confirmação dos bons trabalhos e ele adorava esse combo.

M&M – O Washington foi a primeira grande estrela brasileira no Festival de Cannes, abrindo caminho para gerações posteriores. Na sua visão de filho, e também de profissional da indústria audiovisual, qual foi a importância desse pioneirismo para o mercado brasileiro?

Homero – Foi muito importante. Ele abriu portas para o Brasil, criou um jeito diferente de trabalhar, de lidar com a profissão. Os prêmios, claro, ajudaram a construir a carreira dele e deram crédito para ele fazer todas as coisas importantes que fez por onde passou. Principalmente na W/Brasil. Ele sempre se preocupou em ter consistência no trabalho dele, em ser responsável e coerente no que fazia. Acho que ele usou muito bem a fama que ganhou para devolver para a profissão e para quem trabalhava com ele bons valores, solidez e visões novas e originais. Foram todos esses fatores que fizeram dele uma referência e uma potência para o mercado brasileiro.

M&M – Como parte da homenagem que faz este ano ao Brasil, o Cannes Lions vai homenagear o legado do Washington para a publicidade mundial. Para você, qual foi o grande momento do Washington em Cannes?

Homero – Imagino que deva ter sido o primeiro Leão de Ouro, porque ele era muito novo e acabou abrindo os olhos do mundo para o Brasil daquele momento em diante.

M&M – Na sua opinião, quais são os principais ensinamentos que o Washington deixou em relação a esse ofício e ainda valem para as novas gerações de publicitários?

Homero – Posso dizer pelo que vi de perto. Eu vi um homem que amava o que fazia. Uma pessoa entusiasmada, orgulhosa não só das campanhas que criava, mas, principalmente, das pessoas com quem criava. Queria ver todo mundo feliz, realizado, tão entusiasmado quanto ele, e trabalhava para isso. Acreditava que todo mundo tinha que ganhar bem, ter vida pessoal, interesses diversos. Não estou falando de colocar uma mesa de pingue-pongue na recepção. Ele realmente praticava o alto astral por onde passava. Acho que esse jeito de ver a vida vale para qualquer ofício e para qualquer geração.

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