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Opinião

Novas fronteiras criativas


23 de maio de 2023 - 15h00

Há um cruzamento indissociável dos games com a cultura no nosso tempo (Crédito: Divulgação/Shutterstock)

Uma história fantástica para celebrar o que seriam os 40 anos do game Clash of Clans, da Supercell — que, na verdade, completou no ano passado sua primeira década de mercado. O projeto criativo imaginou como seria o início da marca nos anos 1980, convivendo com videogames clássicos, como Pac-Man e Mario Bros, e se tornando o maior fenômeno da cultura pop que o mundo havia visto até então. O case, que inclui um curta em formato de documentário, venceu, na sexta-feira, 19, a disputa pelo Best of Discipline de Gaming do The One Show 2023, entregue em Nova York. A criação da Wieden+Kennedy Portland trabalhou junto com Spark e Riot no enredo fictício da origem do jogo, sua derrocada, anos depois, e o ressurgimento há dez anos, quando, de fato, Clash of Clans foi lançado.

A ação ilustra bem o cruzamento indissociável dos games com a cultura no nosso tempo. E a premiação no One Show precede em apenas um mês a aguardada estreia da categoria Entertainment for Gaming no Cannes Lions.

Será a 30ª competição do evento que, neste ano, chega à sua 70ª edição. Assim, os games entram para o hall de disciplinas emergentes, ao lado de B2B e Commerce, que em Cannes ganharam áreas específicas nos dois festivais anteriores, em 2021 e 2019, respectivamente.

Por um lado, a escalada nos festivais dos games, commerce e B2B é parte das transformações modernizadoras pelas quais passam esses eventos. Mas também reflete o ganho de relevância que essas disciplinas conquistaram nas estratégias e na divisão de verbas dos grandes anunciantes. A atenção das marcas deve-se à natureza eficaz desses canais para a conexão com as audiências desejadas e seu poder para a concretização de vendas. O engajamento dos públicos no momento de entretenimento dos jogos eletrônicos ou na jornada de consumo do comércio eletrônico supera a atenção dispensada a outrosmomentos de exposição a mídias. Os anúncios nesses ambientes representam um terreno de oportunidades não só para os anunciantes, mas também para agências e produtoras, que têm a chance de experimentar e propor novas estratégias para abordagens menos invasivas e concessão de benefícios aos gamers e compradores.

A adaptação das técnicas da publicidade a essas novas fronteiras do entretenimento e do varejo gera novas experiências imersivas e interativas, além de serem um campo vasto para aplicação da inteligência artificial. Nos festivais de criatividade, elas amplificam as possibilidades para as agências mostrarem serviço em terrenos de viés mais comercial, nos quais têm o desafio de adicionar aspectos lúdicos a estratégias que precisam gerar retorno comprovável para os negócios.

Esse é um dos aspectos debatidos na reportagem da editora Isabella Lessa, publicada nas páginas 12 e 13. A matéria marca a abertura oficial do projeto Criatividade 2023, que inclui, durante todo o ano, a cobertura dos principais festivais internacionais de publicidade, como Cannes Lions, D&AD, Clio Awards, One Show, ADC Awards, New York Festivals Advertising Awards e London International Awards. Além de conteúdos para redes sociais e uma série em vídeo a serem publicados nos próximos meses, o projeto engloba a consolidação do Ranking M&M, no início do ano que vem — como ocorre há 15 anos —, com as agências, anunciantes, campanhas e produtoras mais premiadas nesta temporada de festivais.

O aumento na presença de abordagens específicas sobre games e commerce nos últimos anos nas principais premiações da indústria prova não só o peso conquistado por essas disciplinas nos budgets dos anunciantes e nas estratégias criativas, mas também a influência que os troféus ganhos nos festivais têm sobre o planejamento futuro da comunicação das marcas — resultando em um ciclo de realimentação que já ajudou diversas outras disciplinas a ganharem relevância.

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