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Opinião

O dia depois de amanhã

Papel das agências precisa ser resignificado: precisamos passar de agenciadoras a agentes de integração


20 de julho de 2017 - 8h35

É onipresente: está nas reuniões, nos almoços, nas ruas e em todas as mídias. Está nas revisões de processos, nas reduções de orçamento, de investimentos e nos downsizes de todas as espécies. Está no bolso. Está, principalmente, na cabeça. A crise político-econômica que o País atravessa é assunto recorrente no dia a dia da maioria das pessoas. E não poderia ser diferente, já que, em níveis variados, afeta a todos sem distinções. O meu objetivo, no entanto, não é falar sobre a crise – pessoas bem mais qualificadas já estão fazendo isso. O meu foco aqui é, no âmbito da publicidade, falar sobre o dia depois de amanhã.

E a saída passa, invariavelmente, por uma profunda transformação.

No excelente artigo “A crise não vai passar”, Bruno Lunardon, sócio-diretor da SoWhat, coloca que: “para boa parte do mercado, que ainda opera em formatos mais arcaicos de agenciamento de espaços de mídia, esta não será uma crise com começo, meio e fim”. E continua: “A crise já acabou. Acabou com agências, com remunerações e com uma realidade que hoje já é distante”. Por fim, questiona: “Onde sua agência inovou de verdade nestes últimos anos? Onde foram investidos os recursos ganhos em outros tempo? Se nada foi feito, é chegada a hora de você fazer algo, dentro ou fora desta estrutura”.

O “fazer algo”, sem dúvidas, passa pelo digital.

De acordo com estudo da consultoria eMarketer, a publicidade digital deverá crescer 15% neste ano no Brasil, alcançando a marca de US$ 3,36 bilhões. Enquanto o mercado vai diminuir o ritmo de compra de mídia, a publicidade online deverá manter um ritmo de crescimento na escala dos dois dígitos. Segundo a consultoria, a publicidade no Brasil deverá movimentar R$ 14,89 bilhões em aquisição de espaço de mídia somente em 2017.

Por que trazer todos esses dados?

Para falar sobre transformação digital, um assunto que, de certa forma, ainda é pouco familiar ao universo das agências de comunicação. “É uma das tendências mais importantes do universo dos negócios. Orienta como as empresas devem trabalhar, comercializar e inovar para competir numa economia digital em constante mudança. De maneira profunda e irreversível, está modificando as relações entre indivíduos e o próprio ambiente de negócios, impactados por uma ampla gama de desafios, mas também de oportunidades. Compreender em que nível de maturidade digital a companhia se encontra é imperativo”, explica Sandra Turchi, professora, consultora e sócia-diretora da Digitalents em outro excelente artigo.

Transformação digital, porém, não se limita à tecnologia: envolvem processos, modelos de relação, perfis e talentos. Perpassa à alta gestão. Segundo estudo do Gartner, 47% dos CEOs reportam a pressão para progredir em direção ao negócio digital e passar da fase de especulação para implantar um plano digital real. Mais da metade deles, de acordo com o estudo, concordam que seus investimentos digitais já melhoraram seus lucros. A pesquisa também apontou que o CIO tem se mostrado mais atuante em relação aos negócios digitais, sendo ele o responsável por educar e orientar o CEO a expandir seus horizontes.

Os tempos mudaram. Não dá mais para olhar para frente e pensar em negócios da maneira como se fazia há 15 anos. Como você já deve ter percebido, não existe mais espaço para fazer publicidade de forma convencional, por meio da mera criação de peças e ativação de campanhas exclusivamente off-line.

E, neste cenário, o papel das agências precisa ser resignificado: precisamos passar de agenciadoras a agentes de integração. Temos que focar na experiência. Precisamos aprender a ouvir; a escutar com atenção à overdose de conversas que acontecem o tempo inteiro, nas mais variadas plataformas. Essa é a verdadeira transformação. Esse é o dia depois de amanhã.

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