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Opinião

Por que as aulas online ainda causam tanto desconforto?

O modelo atual de ensino não atende às demandas futuras da sociedade


3 de setembro de 2020 - 14h58

(Crédito: Irina Strelnikova/istock)

O ensino a distância é uma realidade em muitos países e se apresenta como forte tendência. Só não está amplamente disseminado, porque ainda encontra resistência em grupos mais conservadores, especialmente, entre alguns pedagogos e gestores do setor.

O debate sobre o papel da tecnologia nos processos de educação nas escolas estava morno. Mas, de uma hora para outra, a pandemia chegou e acabamos diante de um grande desafio: enfrentar as barreiras culturais e econômicas envolvendo a transformação digital em nossas vidas.

Quais os papéis da tecnologia nesse processo? Por que ela ainda causa tanto desconforto?

Antes restrito a ambientes acadêmicos e fóruns de especialistas, essa discussão envolvendo as novas interfaces foi parar na sala de casa, na mesa do jantar. A pandemia democratizou essa agenda. E isso foi muito bom! Passamos a enxergar as barreiras culturais e econômicas da questão.

Muitos jovens do ensino fundamental e médio se viram obrigados a estar conectados em seus dispositivos, como tablets, smartphones e notebooks para estudar – e não para jogar, para se entreter. Eles embarcaram em uma nova rotina de aulas, incluindo teoria, resolução de exercícios e forte interação social. Até as aulas de educação física não ficaram de fora.

A pandemia nos levou a refletir sobre a real necessidade de nos adaptarmos, encontrando na tecnologia caminhos para a prática de uma pedagogia alinhada aos novos tempos. E aqui colocamos a tecnologia como meio, e não como finalidade das coisas.

O evento da Covid-19 nos mostrou que aqueles mais conectados se revelaram mais preparados para viver no mundo como ele se apresenta. Passamos a notar como a as novas ferramentas são fundamentais na organização do trabalho, nas relações de maneira geral e na solução de muitos problemas. Quem não acelerar a transformação digital, tende a ficar para trás.

Um olhar holístico sobre o assunto nos permite enxergar a emergência de uma sociedade móvel e, cada vez mais, conectada, com uma variedade de fontes de informação e meios de comunicação que se encontram disponíveis em casa, no trabalho, nas escolas. Há uma forte campanha em torno da necessidade de as pessoas estarem conectadas, sempre aptas a ingressar em experiências de interação social e aprendizado.

Começamos a entender que os ambientes digitais de aprendizado funcionam como uma espécie de espaço hibrido, que contempla processos infocomunicacionais complexos e em constante associação, em que o real e o virtual se misturam cada vez mais, que levantam novas questões sobre conceitos de estética – a linguagem, os formatos e até de modelos.

Um estudo da organização KnowledgeWorks vai nessa direção e afirma que o modelo atual de ensino não atende às demandas futuras da sociedade. É por isso que a educação terá um papel importante para o desenvolvimento saudável dos jovens, que precisam incorporar uma mentalidade de aprendizagem ao longo da vida para fortalecer suas comunidades.

A nova era pode exacerbar o atual desalinhamento ou inspirar novas estruturas de como vivemos, trabalhamos e aprendemos.

As barreiras culturais estão na geração dos pais, e não na dos filhos. As novas propostas precisam nos preparar para a vida, construindo cidadania e relações de pertencimento reais.

O processo de educação é sentimento, combinado a métodos e conteúdos, que devem incluir o jovem e sua relação com a tecnologia e o ambiente. Uma experiência de aprendizagem altamente cognitiva, sinestésica, capaz de acolher tanto o lado intelectual como o emocional.

**Crédito da imagem no topo: Golubovy/istock

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