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Opinião

Redefinindo o caminho

Modelos de trabalho para fomentar colaboração, inovação e pertencimento devem levar em consideração as pessoas no centro da estratégia


5 de fevereiro de 2024 - 14h00

O modelo híbrido de trabalho já se mostra uma tendência irreversível. Hoje, mais da metade das empresas (58%) adotam esse formato. Além disso, o LinkedIn Economic Graph, constatou uma queda de 40% (2022) para 25% (2023) no número de vagas anunciadas que mencionavam a possibilidade de trabalhar remotamente.

Essa tendência está em linha com os debates sobre o futuro do trabalho que apontam uma mudança na cultura organizacional. Saímos de uma cultura utilitarista de troca de mão de obra por dinheiro, estamos vivendo uma cultura de engajamento, que mostra as pessoas tão preocupadas com o dinheiro quanto com sua saúde mental, vida profissional e pessoal equilibradas e em busca de propósito. E migraremos, em breve, para uma cultura de significado em que as pessoas estão no centro das estratégias de negócio com voz ativa na construção do impacto positivo dos negócios.

A organização Great Place to Work, que certifica melhores empresas ao redor do mundo, aponta que, nas 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil, os principais fatores que motivam as pessoas a permanecerem nas companhias são: as oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissionais (1º), qualidade de vida (2º) e alinhamento de valores (3º).

O formato híbrido tem se mostrado mais eficaz no compromisso com o bem-estar e o desenvolvimento das pessoas. Por exemplo, iniciativas como quiet quitting, jornada de quatro dias, upskilling e reskilling não apenas fortalecem o engajamento, a retenção e a motivação dos colaboradores, mas também os preparam para assumir novas responsabilidades.

Ao valorizar e incentivar o crescimento dos colaboradores, as empresas podem ser reconhecidas como marcas empregadoras exemplares. Essas práticas promovem uma cultura de aprendizado, cultivam um senso de pertencimento nas equipes e constroem equipes mais flexíveis e adaptáveis.

Avançamos, mas ainda falta muito…

Os modelos de trabalho remoto e híbrido trazem à tona uma discussão importante para as lideranças: como gerenciar as equipes distribuídas e, ao mesmo tempo, humanizar suas relações, entendendo as individualidades? Como equilibrar o bem-estar do colaborador e seu desempenho nas atividades?

Ao pensarmos na experiência do futuro do trabalho, devemos destacar a importância do formato presencial como um espaço de troca de ideias, construção de relações significativas e fortalecimento da cultura organizacional. Vamos além e nos concentramos na criação de um ambiente que inspire colaboração, inovação e pertencimento.

Ir para o escritório apenas para replicar o que já fazemos em casa é uma abordagem que limita o potencial do trabalho, deixando de lado o que pode ser uma evolução significativa. As empresas ainda estão compreendendo os efeitos dos novos modelos de trabalho e como atuar em relação à atração de talentos e ao engajamento de times diante deste novo cenário para que realmente consigamos atingir adaptações em políticas, investimento em tecnologia, aperfeiçoamento na estratégia de comunicação e um compromisso contínuo com o bem-estar e o desenvolvimento dos funcionários.

As experiências ainda são muito desiguais

Nem todas as pessoas trabalhadoras podem se beneficiar do modelo híbrido. Essa modalidade é uma possibilidade para uma parcela da população. Modelos culturais mais hierárquicos e barreiras socioeconômicas que podem dificultar a adoção do trabalho remoto ou híbrido por parte de alguns colaboradores precisam ser analisadas.

Diante da realidade em que algumas funções ainda demandam o modelo 100% presencial, é crucial reconhecer que muitas pessoas jovens, principalmente aquelas privadas de oportunidades educacionais, indivíduos negros, residentes de regiões remotas, trabalhadoras(es) domésticos e a população mais velha, ocupam essas posições. Como líderes, cabe a nós assegurarmos que todos tenham acesso ao mesmo desenvolvimento, qualidade de vida e senso de pertencimento, construindo assim um ambiente de trabalho mais inclusivo e equitativo para todos.

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