Pyr Marcondes
29 de setembro de 2018 - 13h37
Ouvimos desde sempre que o voto é a forma mais democrática da população participar ativamente na escolha de quem vai dirigir os destinos da Nação. Picas. Este ano, no Brasil, o voto, que ainda nem aconteceu, ficou já em segundo plano.
Embora siga sendo ele que, de fato, vai concretizar e cristalizar em sufrágio a preferência do eleitorado em todo País, o voto será mera decorrência de fato maior que se alevanta: a influência determinante das redes sociais na pauta das eleições brasileiras, alterando e ditando seus rumos, de forma descentralizada, pulverizada, ampla e … numa palavra… democrática.
Democracia é o regime que se define por ser do povo, pelo povo e para o povo. Pois então. Taí. As redes sociais tornaram essa teoria em prática, como nunca antes havíamos visto.
O espanto que nos avassala desse turbilhão que parece ter emergido das catacumbas de uma sociedade eternamente sem voz é que cada um de nós, não necessariamente, se reconhece nessa revolução popular e digital. Eu olho o que dizem a redes e não me reconheço nelas. Talvez você também não.
Mas é da discordância e das diferenças que deveria se nutrir a democracia, certo? Ou não? Ou a sua democracia é melhor que a democracia dos outros? (A minha é, mas não digo isso publicamente nem fudendo pra ninguém …. rararara).
Pois a diversidade democrática assomou-se rica e poderosa das entranhas da Nação e descobrimos que somos um bando de Macunaimas doidos e meio sem sentido. Certamente, sem nenhum sentido coletivo. Vimos que somos mais um carnavalesco conglomerado de uns, como diria Sergio Valente. Numa conta em que uns mais uns não dá dois. Fica mais a sensação que dá em porra nenhuma.
Se não é exatamente essa sua sensação, a questão aqui não é bem concordarmos (democracia, lembra?), mas exatamente o contrário, percebermos como é uma ampla e caótica discordância nacional o fato mais relevante democraticamente exposto pelas redes sociais nestas eleições. Elas sendo o driver transformador.
Para não ficarmos apenas na minha análise tosca, chamo para me acompanhar quem entende um pouco mais do assunto, meus amigos Caio Tulio Costa e Enor Paiano, que através de sua Torabit, identificaram algo meio que parelho ao que estou dizendo.
Em excelente reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico, principalmente o Caio faz uma análise indiscutível do fato de que são as redes sociais, e não o horário político, o espaço mais democraticamente influente hoje do País.
Se quiser, leia aqui.
Concluo para afirmar o que sempre afirmei, enfadonhamente, nos últimos anos: o mundo digital transforma tudo. Vai transformar mais e mais. E nunca mais estaremos a salvo dessa profunda transformação.
Se não embarcarmos nela, as urnas, as redes e tudo a nossa volta nos engolirão gostoso. Com direito a arrotinho no final.