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Como a Revolução Digital está Transformando a Hierarquia de TI

Para se manter na frente, as empresas de TI desenvolveram novos serviços e soluções para desafios ainda não considerados. Nesse contexto, ser grande não é suficiente. O sucesso exige que as companhias se adaptem, aprendam rápido, mudem com as condições e ofereçam soluções flexíveis rapidamente.


20 de março de 2018 - 8h01

 

Por Felipe Monteiro (*)

(*) Imagem Insead

 

A capacidade de adaptar e aprender rapidamente ajuda empresas menores de TI que competem contra os pesos-pesados do setor.

Como a revolução digital transforma o setor de TI?

Conforme as empresas concentram-se na necessidade de soluções de tecnologia voltadas ao negócio para suas transformações, pouco se reflete sobre como a revolução digital está transformando o próprio setor do qual eles buscam ajuda.

Mas, com a ameaça constante de mudança vinda de direções improváveis e que afeta as organizações de maneiras impensáveis, o setor de IT está passando por uma reestruturação. As empresas descobrem que precisam ser ligeiras na adaptação se elas quiserem atender às necessidades progressivas de seus clientes.

Ao passo que a competição aquece as empresas menores de TI, aquelas que são rápidas no aprendizado e rápidas na ação encontram oportunidades crescentes na esfera anteriormente mantidas pelos gigantes do setor: Tata, IBM, Accenture, Infosys e suas gangues.

Um modelo para o sucesso

A empresa que está liderando o avanço é a Stefanini, uma empresa de TI brasileira que desenvolveu um modelo de negócio que ela acredita que possa triplicar suas receitas ao longo dos próximos cinco anos, aumentando seu EBITDA em cinco vezes e dobrando sua equipe para 50.000 no mundo todo.

Mesmo que ainda não esteja na mesma liga da IBM, a Stefanini não é qualquer jogador. Como uma das empresas verdadeiramente globais do Brasil, ela possui uma presença em 41 países e receita de mais de USD 800 milhões, 60 por cento dos quais vêm de projetos fora do Brasil.

Seu modelo, encapsulado na Visão da empresa para 2022, detalhado em meu estudo de caso, “Stefanini e a Revolução Digital: Transformando e Sendo Transformado (coautoria com Gabriel Rozman, um ex-Vice-Presidente da Tata Consultancy Services) tem como base a flexibilidade e relacionamentos próximos com os clientes. O modelo inclui a transformação dos processos de vendas e de entrega da companhia, com o objetivo de expandir sua marca global em países em desenvolvimento e nos mercados maduros da Europa e América do Norte.

O conceito da Visão de 2022 data de 2014, quando empresas ao redor do mundo começaram a perceber que a transformação digital trata tanto sobre pessoas quanto sobre novas tecnologias.

O fundador, CEO e único proprietário da Stefanini, Marco Stefanini, reconheceu que ao mesmo tempo que a revolução digital trouxe oportunidades de negócio e importantes novas fontes de receita para o setor de TI, uma fonte significativa de seus rendimentos estava ameaçada, conforme os orçamentos para empregos de TI antigos migraram para novos projetos digitais. A única maneira de um negócio sobreviver e crescer era mudar junto de seus clientes.

“A transformação digital está criando um momento crítico em que todo mundo deve repensar não somente a maneira como fazem negócios, mas também a maneira que seus clientes, parceiros e concorrentes estão mudando”, observou Stefanini durante uma visita à INSEAD em Setembro de 2017.

Para se manter na frente, as empresas de TI desenvolveram novos serviços e soluções para desafios ainda não considerados.  Nesse contexto, ser grande não é suficiente. O sucesso exige que as companhias se adaptem, aprendam rápido, mudem com as condições e ofereçam soluções flexíveis rapidamente.

A força da reinvenção

O histórico, a adaptação e a transformação da Stefanini para sobreviver nas condições econômicas, financeiras e políticas em constante mudança no Brasil, ajudou a construir os “músculos” necessários para ser flexível.

Isso está agora enraizado na flexibilidade que está ajudando a empresa a competir contra os principais players.

“Sempre estive convicto da importância de nossos líderes terem uma “mentalidade flexível” em que nós continuamos tentando, nunca desistimos e aprendemos com as respostas”, observou seu fundador.

Uma mentalidade flexível, uma ideia  desenvolvida primeiramente pela Professora Carol Dweck da Standford, é a vontade de aprender e tentar coisas novas. É oposta à mentalidade fixa de empresas ou indivíduos que focam em melhorar o que já conhecem.

Enquanto a mentalidade flexível da Stefanini a ajudou a se reinventar no passado, o desafio de hoje tornou-se ainda mais difícil pelo fato de que a mudança repentina está sendo forçada em seus clientes também. Nesse contexto, a prontidão da empresa para embarcar em muitas jornadas individuais com diferentes organizações em diferentes níveis dá a vantagem a ela.

“Não estou dizendo que sabemos como fazer isso ou que seremos os vencedores… mas não acho que a Tata ou a IBM descobriram isso também”, disse Marco Stefanini. “Todos nós ainda estamos aprendendo e tentando bolar uma solução.”

A vantagem empreendedora

Como parte do processo de aprendizado, o fundador da Stefanini viaja incessantemente, voando ao redor do mundo falando com empresas, clientes, novos talentos e startups, perguntando constantemente o que vai acontecer em seguida.

Uma forma de acessar conhecimento especializado é investir em parcerias com empresas startups. Enquanto esses jogadores possuem muita demanda, a cultura empreendedora da Stefanini significa que a probabilidade desta se combinar de forma bem sucedida com essas empresas é muito maior do que as concorrentes autocráticas, bem estabelecidas, nas quais a burocracia é abundante e os processos demoram a serem adotados.

Tamanho é apenas um elemento de sucesso

A Stefanini não é a única estrela digital nos mercados emergentes. Muita coisa está acontecendo no Brasil e na América Latina, onde diversas empresas criam, adaptam e usam a tecnologia em novas maneiras todos os dias para solucionar problemas que, em muitos casos, os clientes ainda não sabem que existem.

O futuro do setor de TI recai sobre a aceitação de trabalhos que não estejam bem definidos e que mudarão constantemente.

Capturar o mercado se tornou uma corrida urgente, em que o tamanho é somente um elemento de sucesso. E as empresas descobrem que, no processo de busca por conhecimento para transformar seus clientes, elas acabam transformando a si próprias.

Felipe Monteiro é Professor Afiliado de Estratégia na INSEAD.

This article was first published on INSEAD Knowledge (http://knowledge.insead.edu). Copyright INSEAD 2017.

Crédito da imagem: https://knowledge.insead.edu/sites/all/themes/knowledge2015/img/share-more-button.png

 

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