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Em 2019, cuide da sua principal marca: você!

Ao longo do seu ciclo de carreira, você está em uma determinada posição, que não é, claro, eterna. Quando parte para um novo desafio, o único legado que leva é você mesmo; agora mais experiente e com uma rede de contatos ampliada. Seja lá em que empresa ou para quem trabalhou, durante toda sua trajetória profissional só há um elemento, note bem, que nunca muda: você.


14 de dezembro de 2018 - 14h01

Por Luís Cláudio Vaz Allan (*)

 

Se pudesse escolher uma grande personalidade mundial para ser CEO da sua empresa, quem você elegeria? Steve Jobs? Mandela? Ayrton Senna? Papa Francisco? Jesus Cristo? Buda? Batman?

Realizei há alguns dias uma dinâmicacom os quatro sócios do Impulso Emerge para pensarmos sobre o futuro da empresa e novas frentes de atuação. Pedi que cada um indicasse um personagem conhecido para assumir a liderança do negócio. Os nomeados foram Einstein, Mestre Yoda, Bernardinho e Gandhi, que, claro, trouxeram ideias inovadoras e surpreendentes para nossa reflexão, muitas delas com potencial para serem contempladas no plano de comunicação.

Já reparou que por trás de uma grande empresa sempre há uma grande marca pessoal? As ferramentas e técnicas de gestão são as mesmas. O que muda são, óbvio, as pessoas. E são elas que fazem a diferença nos rumos de uma organização. Dito isso, tão importante quanto cuidar do branding da sua empresa, seja você sócio ou executivo, é cultivar seu personal branding.

Por que? Reflita comigo.

Ao longo do seu ciclo de carreira, você está em uma determinada posição, que não é, claro, eterna. Quando parte para um novo desafio, o único legado que leva é você mesmo; agora mais experiente e com uma rede de contatos ampliada. Seja lá em que empresa ou para quem trabalhou, durante toda sua trajetória profissional só há um elemento, note bem, que nunca muda: você. E nestes novos tempos de carreiras cada vez menos lineares, dar atenção a você nunca foi tão estratégico.

Como bem observou o economista Octavio de Barros, presidente do Instituto República e sócio-diretor da B3A Inovação, os trabalhadores que têm hoje mais de 40, 50 anos, tiveram uma média de sete empregos na vida e os que estão entrando no mercado irão exercer (ufa!) sete funções ao mesmo tempo. Economista chefe do Bradesco por mais de dez anos, Octavio sentenciou em entrevista ao Estadão: “Emprego no sentido clássico, que pressupõe alguma proteção social subjacente, seria uma espécie em extinção”.

Essa nova realidade do mercado de trabalho fez emergir um novo grupo, o precariado, que irá enfrentar o fim dos empregos e passará a ter incontáveis ocupações ao longo da vida, uma consequência, de acordo com Octavio, especialista no assunto, da queda das fronteiras entre os mundos físico, digital e biológico decorrente da 4a Revolução Industrial e da inovação tecnológica, trazendo aos trabalhadores um sentimento de insegurança existencial.

Para sobreviver neste novo mercado do trabalho on demand e de ocupações instáveis, Octavio recomenda “investir em educação interdisciplinar permeada pela criatividade”. Em seu artigo “Nossos filhos terão trabalhabilidade em 2030?”, a educadora Luciana Allan concorda: “A automação da força de trabalho em funções repetitivas, que podem ser substituídas pelas máquinas, exterminará o profissional que desenvolver apenas competências facilmente executadas por robôs. Será mais valorizado quem tiver criatividade, souber se relacionar socialmente e associe saberes em diferentes campos”.

Contratar você por conta do seu conhecimento e das suas habilidades para atuar em projetos especiais e pontuais é uma tendência crescente, especialmente em função do novo modelo em expansão do trabalho em rede. O que conta cada vez mais não é o crachá da empresa para qual trabalha, mas seu próprio crachá, a força do seu nome.

A pesquisa Mercado Freelancer 2017, realizada pela Rock Content, 99jobs e We Do Logos com 9,5 mil profissionais de diversas áreas, apontou que 77,3% dos brasileiros já oferecem serviços como freelas para engordar a renda familiar e, desse total, 37,1% exercem unicamente atividades como autônomos. Mais: 68% pretendem oferecer serviços de forma independente, o que levará este ano a encerrar com um aumento de 20,1% no total de freelancers ativos no País.

Entendeu agora por que é fundamental cuidar de você, da sua marca pessoal?

Então, anote cinco atitudes para 2019 que ajudarão a transformar você em um business influencer na sua área de atuação.

– Compartilhe seu conhecimento. O que você sabe tem um valor enorme para o mercado. Lembre-se disso. Então, curta, comente e compartilhe nas redes sociais profissionais, como o LinkedIn. Escreva artigos e posts, grave vídeos, organize webinars, participe de eventos, dê palestras. Coloque você na vitrine.

– Adquira conhecimento. A beleza do saber está na troca. Ninguém aprende sozinho. E somos abençoados em viver na era da informação. Basta um toque na tela e um mundo de inspirações se revela. Siga quem admira. Respire conteúdo. Aproveite a infinidade de mentores que está na nuvem para construir sua própria jornada de aprendizagem. Quando imaginou um dia que poderia fazer um curso em uma das grandes universidades do mundo sem sair de casa? Assista um TED por dia e faça de 2019 o ano da sua própria disrupção.

– Guarde tempo para o hora-bar. Essa é uma dica do amigo Romeo Busarello. Estar conectado é questão de sobrevivência para continuar existindo no mercado corporativo, mas não esqueça que há vida além da internet. O olho no olho também é essencial. Circule, marque um café, um almoço, uma happy hour. Você irá se surpreender o quanto as pessoas estão abertas para conhecer pessoas.

– Divulgue você. No meu artigo O Homem é a Mensagem, já enfatizei a grande revolução que as mídias sociais nos trouxeram ao permitir que qualquer um de nós se transforme em um meio de comunicação para propagação de mensagens. Exemplifiquei com casos de marcas pessoais que têm forte impacto nas redes, como Richard Branson, Bill Gates, Ricardo Amorim, Romero Rodrigues e Sofia Esteves (o LinkedIn divulgou recentemente os Top Voices de 2018, os mais influentes da rede social). “Abra-se ao diálogo, seja um embaixador da sua marca sem perder sua autenticidade e construa admiração para seu negócio a partir da sua marca pessoal”, escrevi na ocasião. Se sua marca for relevante e se tornar um influenciador, as chances da mídia te reconhecer como fonte e do mercado te assediar serão indubitavelmente maiores.

– Defina seu posicionamento e seja um líder de opinião. Em seu livro “Posicionamento. A Batalha por sua Mente”, o especialista em marketing Al Ries reforça a importância de ocupar uma posição na mente do consumidor, criando uma nova categoria que será liderada pela sua marca. Com sua marca pessoal não deve ser diferente. Identifique em quais áreas se sente mais à vontade para ser um influenciador, uma referência, fortalecendo sua marca pessoal a ponto de você sempre ser lembrado quando determinado assunto entra em pauta. Pare e pense: quais são minhas hashtags? A partir daí, trace seu plano de marketing pessoal.

Não perca mais tempo! Aproveite o novo ano para traçar o planejamento da sua marca. Afinal, não custa lembrar, você é seu principal ativo.

(*) Conheci essa dinâmica em workshop que participei com um cliente em comum que tive com a amiga Fernanda Romano, fundadora do Malagueta Group, que, diga-se de passagem, sempre cuidou muito bem da sua marca pessoal 😉

(*) Luis Claudio Allan é Sócio e Diretor Executivo da FirstCom Comunicação e da People2Biz e Presidente do Instituto Crescer

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