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O apagão dos talentos digitais

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O apagão dos talentos digitais

Colocar mesas de pingue-pongue, escorregas e salas de games já se tornou um clichê de como tapar o sol com a peneira. Também sabemos que dinheiro não é o motivo número 1 pelo qual millenials abraçam ou abandonam uma empresa.


25 de março de 2019 - 6h20

Por Bernardo Carvalho Wertheim (*)

EM 2010 EM SANTIAGO DE CHILE, HOUVE UM TERREMOTO DE 8.8 PONTOS QUE RESULTOU EM UM TSUNAMI, AFETANDO A INÚMERAS COMUNIDADES E EMPRESAS. PORÉM O RESULTADO PODERIA TER SIDO MUITO PIOR, SALVO QUE A POPULAÇÃO, E PLANEJAMENTO ESTRUTURAL NÃO FOSSEM TOTALMENTE DIRECIONADOS A PREVENÇÃO DE DESASTRES NATURAIS. EDIFÍCIOS, VIAS DE EVACUAÇÃO, SISTEMAS E EQUIPES DE EMERGÊNCIA JÁ ESTAVAM PREPARADOS PARA TAL EVENTO. MESMO ASSIM A ECONOMIA SOFREU UM IMPACTO DE ATÉ 30 BILHÕES DE DÓLARES.

Corta para 2019.

Todos os dias converso com Gerentes e Superintendentes de R.H., Diretores de Transformação Digital, Líderes de Design e CEOs sobre os desafios de identificar, atrair e reter talentos digitais.

Normalmente a conversa inicia com um longo suspiro e desabafo por parte destes líderes.

“Já tentamos de tudo: software, indicações, redes sociais, eventos e campanhas. Nosso RH não possui suficiente familiaridade com estes novos perfis digitais, perdemos muito tempo e não conseguimos trazer os melhores talentos para dentro de casa.”

Seriam sinais de, citando o sempre sublime Pyr Marcondes, um apagão de talentos? E o desafio não termina por aí, mesmo quando o tão sonhado UX designer ou Cientista de Dados assine a carta oferta, o mesmo deixa a empresa em cerca de um ano, levando consigo conhecimento e um significativo investimento de tempo e dinheiro.

Claramente o mundo mudou e a demanda por perfis extremamente escassos no mercado segue crescendo. As instituições de ensino, salvo alguns “bootcamps” como a Tera (somostera.com) não produzem suficientes profissionais para suprir o apetite de agências, consultorias, startups e multinacionais por profissionais capazes de trabalhar em modelo ágil para criar, desenhar, desenvolver e otimizar produtos digitais inovadores.

Novos cargos parecem surgir a cada dia, como Chatbot Advocates e UX Writers. Mas que diabos fazem estas pessoas, onde elas vivem, quanto ganham, e principalmente, o que as motiva?

Talvez a verdadeira pergunta deveria ser mais ampla: “o que estamos fazendo de errado?”

Colocar mesas de pingue-pongue, escorregas e salas de games já se tornou um clichê de como tapar o sol com a peneira. Também sabemos que dinheiro não é o motivo número 1 pelo qual millenials abraçam ou abandonam uma empresa.

De acordo com a revista Exame, um péssimo chefe é a principal causa de pedidos de demissão, e o propósito, plano de carreira, ambiente e reconhecimento profissional são os fatores críticos para obter uma melhor retenção de talentos.

Como eu gosto de dizer aqui na empresa: jogar dinheiro em um problema é a forma mais preguiçosa de tentar resolvê-lo.

As dezenas de profissionais que entrevistamos todos os dias tem novas aspirações e expectativas que um par de anos atrás.

Portanto, neste texto irei trazer algumas provocações para você, caro(a) leitor(a), com o intuito de instigar uma nova forma de encarar a realidade do mercado de trabalho especialmente no ambiente digital, e que mudanças poderiam causar um maior impacto em sua organização:

1.Qual é seu propósito, você realmente irá causar um impacto na sociedade ou no planeta em que vivemos? Este propósito está sendo comunicado de forma clara e consistente?

2.Sua cultura estimula a inovação, autonomia e a criatividade?

3.Você já fez uma pesquisa de remuneração para melhor entender o que está sendo oferecido no mercado?

4.Ferramentas e processos, seu software de gestão de projetos, despesas e relatórios funciona no celular e é acessível de forma remota?

5.Você tem uma política de trabalho flexível ou obriga todos a estarem presentes no escritório todos os dias?

6.Sua empresa tem um diverso quadro de raça, preferências, culturas e gêneros?

7.Os líderes estão atualizados com as melhores práticas de gestão, sabem inspirar e motivar suas equipes?

8.Você investe em capacitar novos talentos e movimentações internas? Os líderes procuram contratar pessoas mais aptas do que eles?

9.Seu RH está constantemente buscando perfis ou apagando incêndios, seu software de recrutamento é escalável, fácil de utilizar e integrado aos distintos canais digitais da empresa?

10.Quanto tempo seus gestores se dedicam a participar em eventos e compartilham conhecimento com a comunidade, além de contar um pouco sobre como é trabalhar em sua empresa?

11.Contratar ainda é “responsabilidade do pessoal do RH”?

 

 “Como líderes, nós deveríamos estar construindo equipes e empresas, não produtos.”

Design Leadership: How Top Design Leaders Build and Grow Successful Organizations. 2016

Autor: Richard Banfield.

 

Algumas empresas estão colhendo os frutos de uma estratégia sólida de atração e retenção desses novos talentos. Empresas como o Nubank trazem imagem, ambiente, reputação e consistência a essa equação, gerando um pipeline de candidatos tão forte quanto seu pipeline de clientes. O foco é nas pessoas.

Um conselho: antes de reclamar do RH, do mercado e dos profissionais, comece olhando para dentro de você, da sua equipe de liderança e converse com seus pares do mercado, ou fale conosco. Repense seu programa de estágio e invista em sua marca empregadora. Lembre-se o esforço e dedicação devem ser estruturados e planejados para evitar os inevitáveis terremotos.

Em resumo caro(a) gestor(a): Seu principal cliente está na verdade, sentado ao seu lado.

 

(*) Bernardo Carvalho Wertheim é Chief Happiness Officer @ The Bridge, especialista em recrutamento, outsourcing e tecnologias para atração e retenção de talentos digitais.

www.thebridge.social

https://www.linkedin.com/in/bernardocw/

 

  1. *Estima-se que o custo de contratar um profissional digital é de por volta de U$ 6.500 por ano, de acordo com a Deloitte (2018).
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