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Sobre como transformar um travesseiro num robô

Hiroshi Ishiguro ficou famoso por criar o primeiro androide, mas o que ele é quer, na verdade, é vender almofadas


17 de março de 2016 - 2h46

Por Igor Ribeiro, editor do Meio & Mensagem, de Austin

Todo mundo lembra de Hiroshi Ishiguro como o cientista maluco japonês que usou as próprias feições e medidas para construir um androide. Pouca gente sabe, porém, que o professor da Universidade de Osaka é, além de gênio da robótica, um mestre do marketing.

O Geminoide ­– como chama o assustador robô que tem o rosto do professor, que também esteve no South by Southwest – tem, sim, uma função prática. Apesar de sua inteligência artificial limitada, a máquina é capaz de reproduzir falas pré-programadas e responder a questões básicas, servindo como interface humana em tarefas simples. Por exemplo: um atendente de loja, uma apresentadora de TV, ou até para representar o próprio Hiroshi em palestras quando ele não pode estar presente – e ele confessou que já fez isso. Seus androides estão conectados a uma programação de fala humana equipada com deep learning, sistemas de conversação e de tradução baseados no coeficiente Kendall’s Tau (papo matemático). Longe das capacidades do Watson, da IBM; da Sophia, da Hanson Robotics; ou do AlphaGo, do Google.

Segundo Hiroshi, portanto, seus androides têm aplicação prática. E ele sonha com um futuro de sociedade robótica, quando essas criaturas poderão ser úteis nas mais diversas tarefas do cotidiano. Mas, ao compartilhar essas visões, também se revela um ótimo marqueteiro nas entrelinhas, posando com seu cyber “id” para sessões de foto e programas de TV. Hoje, porém, o projeto que mais o empolga é essa almofada feia e estranha chamada ­Hugvie (veja a seguir). Coloca-se um celular na cabeça do travesseiro e, pronto, tem-se um robô. 

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Se uma pessoa deseja falar com outra através do smartphone, ela tem de segurar a almofada, encostando “cabeça com cabeça”. Só o simples fato de abraçá-la para conversar com alguém querido pode, entre outras coisas, diminuir a quantidade de cortisol na corrente sanguínea, baixando o nível de estresse – o instituto de Hiroshi realizou testes que comprovaram isso.

O indício mais legal, no entanto, foi uma experiência realizada no Jardim de Infância de uma escola japonesa. Sem o Hugvie, a turma de duas dezenas de crianças é como a de qualquer outra escola: barulhenta e dispersiva. Com o bonequinho, todos se tornam quietinhos e atentos. Parece mágica. 

Além disso, o celular se conecta com outro dispositivo que pode reproduzir o batimento cardíaco do interlocutor conforme um sistema de reconhecimento de voz e de interpretação de emoções. É uma tecnologia simples, garante o professor, que permite a aplicação fácil do dispositivo e sua comercialização. Talvez seja mais um daqueles produtos japoneses que, por motivos diversos, nunca veremos no Brasil. Mas é aplicável e mostra, mais uma vez, a versatilidade e o poder dos dispositivos móveis.

Sim, o Hugvie pode ser só o passo inicial de um androide customizado que provavelmente o doutor Hiroshi Ishiguro vai oferecer ao mercado um dia. “O senhor deseja uma recepcionista que pareça a Marilyn Moroe? Tá aí. A senhorita gostaria de um jardineiro com a cara do Brad Pitt? Ao seu dispor. Quer uma cópia de si mesmo para enviar àquela aula numa quinta-feira pré-Sexta-feira Santa?…” Tudo parece possível, dependendo da quantidade de dinheiro disponível. Mas até lá, poderemos ter almofadas baratinhas que viram “robôs” com um simples smartphone como cérebro.

Mulheres brasileiras, luta global

Um dos destaques do evento, o SXSW abriu seu trade show domingo, onde empreendedores e grandes companhias apesentam projetos e protótipos. Algumas das startups estão reunidas em áreas “nacionais”, espécies de embaixadas nerds, estruturadas com incentivos de governos, universidades e investidores. O espaço das startups brasileiras não é tão robótico como o japonês, por exemplo, mas está entre as que mais chamam a atenção. Bonito, descolado e repleto de aplicativos e soluções interessantes, como o Bike da Firma, de compartilhamento de bicicletas, e o Beer or Coffee, que facilita o networking. Outro destaque do trade show foram as moças do Think Eva

 

A apresentação das meninas foi no maior palco com plateia, dentro do espaço da feira high tech. Além da plateia lotada, teve boa participação do público e até algumas lágrimas. Falaram as sócias e fundadoras do fundadora do Think Olga e Think Eva, Juliana de Faria e Nina Lima, Nayara Ruiz, coordenadora de comunicação digital do Bradesco, e Lisen Stromberg, COO da entidade americana 3% Corporation. O painel abordou assuntos como a necessidade de as marcas não só melhorarem sua comunicação com as mulheres, mas também incorporarem questões feministas em sua estrutura; o número baixo de representantes do gênero nos departamentos de criação de agências; e a mudança de postura da mídia no tratamento de pautas relativas ao empoderamento feminino.

A turma (mais Lisen) mostrou a uma plateia majoritariamente estrangeira como o as mulheres brasileiras têm aprendido a debater problemas de forma tão séria e dedicada. A equidade de gêneros ainda está longe, mas o painel apontou caminhos consistentes para a comunicação ajudar nesse processo. 

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