SXSW: Os desafios de um futuro que já começou

20 de março de 2023 - 17h20

Engana-se quem pensa que o SXSW é um evento direcionado a profissionais de marketing, criação, as turmas de statrtups e “futurólogos” de plantão. Ao contrário, é uma dessas oportunidades que entregam debates interessantes sobre temas que atravessam todas as áreas, ou seja, independente da profissão, o SXSW tem algo para te ensinar. Lá, discutimos caminhos para o futuro e as transformações impostas pela tecnologia a curto, médio e longo prazo.

Inovação, interatividade, tendências, comportamento, música, consumo…esses foram alguns dos assuntos que renderam excelentes conversas e provocações que desafiam a criatividade dos profissionais contemporâneos. Sem dúvidas, o futuro do trabalho esteve entre os temas mais comentados e, usando-o como fio condutor, chegamos a constantes questões que preenchem reuniões entre gestores de grandes empresas.

Nunca tivemos tantas ferramentas a nossa disposição, mas existem fórmulas para usá-las? O que funciona para uma empresa vai funcionar para as demais? Como encontrar o melhor caminho para a companhia onde você constrói a sua carreira? Esses são alguns dos muitos questionamentos que circularam nos corredores do SXSW desde o fim da última semana.

Ryan Gellert, CEO da Patagônia; e Hamdi Ulukaya, CEO da Chobani, por exemplo, abordaram em palestras diferentes o propósito das organizações e as tendências comportamentais da geração Y: como a relação desses jovens com o trabalho mudou e como eles enxergam os limites entre vida pessoal e profissional. Horários mais flexíveis, home office, escritórios imersivos, ações internas pensadas para engajar e promover interação entre times, reconhecimento estão entre as demandas dos profissionais do futuro que começam a chegar ao mercado.

Existe uma tendência em expansão: o fortalecimento das comunidades vem sendo amplificado, desde a cidade onde as organizações estão inseridas, até o fortalecimento de laços dos grupos de trabalho. Essa expansão gera o que chamamos de tribos e geram um senso de pertencimento forte.

Para ajudar esse processo de evolução das organizações, é preciso olhar para a tecnologia como uma realidade que pode ser moldada e usada a nosso favor. A inteligência artificial está entre nós todo o tempo. Ian Bearcraft, por exemplo, falou com maestria sobre o tema, indo muito além do super comentado ChatGPT. Se apresentando como alguém que constrói experiências para as próximas gerações usando as tecnologias do amanhã, traçou um paralelo entre a mecanização dos skills de indivíduos durante a revolução industrial e a necessidade de digitalização destas habilidades para que a inteligência artificial possa ser potencializada.

Outra afirmação importante, inspirada pelos pontos levantados por Ian Bearcraft: definitivamente tecnologia e inovação não podem mais estar apenas área de TI, ou de transformação digital. Maximizar a produtividade através da tecnologia e pensar constantemente em novas formas de fazer algo melhor é um papel de todas as áreas. As ferramentas estão cada vez mais acessíveis e, a partir de agora, o grande diferencial será saber tirar proveito delas.

Estamos entrando na era do conhecimento cada vez mais diversificado, com uma gama interminável de informações disponíveis e com fácil acesso. O mercado vai abrigar mais profissionais generalistas e criativos, capazes de tirar valor da tecnologia. Estes vão substituir os grandes especialistas. As descrições do que é um emprego e um cargo estão mudando e nós acompanhando de perto essa transformação.

O SXSW renderia páginas e páginas de insights que a curto prazo viram ideias plausíveis, a médio prazo podem virar projetos e a longo prazo gerar transformações nos mercados que ficarão para as novas gerações. Hoje começamos a construir os formatos de trabalho que queremos que nossos filhos encontrem nos próximos anos.