Inovação no marketing: nossa oportunidade de co-criar o futuro
A provocação não é sobre o que estamos aprendendo sobre as tendências globais, mas como estamos nos permitindo ser transformados por elas
A provocação não é sobre o que estamos aprendendo sobre as tendências globais, mas como estamos nos permitindo ser transformados por elas
15 de março de 2024 - 15h54
A cada dia em Austin, existe a expectativa de ser tão inspirador quanto o anterior. O SXSW é uma constante de aprendizados e trocas, onde as manhãs são dedicadas a absorver conhecimento e as noites, a construir conexões e relacionamentos. A presença enorme de brasileiros no evento é de chamar atenção e a maior facilidade que temos em se conectar e compartilhar ideias fora de nossa terra natal é notável. Isso me leva a questionar: por que é necessário sairmos do país para abaixarmos nossa guarda e nos conectarmos mais abertamente? É uma sensação de estranheza de se sentir em um happy hour em São Paulo, enquanto estamos a milhares de quilômetros de distância.
Quanto aos conteúdos apresentados, apesar da vastidão de temas abordados, uma reflexão persiste: ainda não encontrei algo que verdadeiramente rompa com o que já está em nosso radar no Brasil. Me refiro especificamente ao setor de marketing, creators e implementações de tech e AI. Muitos paineis bacanas com discussões sobre o futuro da experiência de compra e venda com mais AI e omnichannel, os novos contornos da creator economy, estratégias para manter a criatividade e autenticidade e as transformações no papel do CMO e no marketing digital parecem ecos de uma conversa global que já estamos participando. Nada é mais eficiente para acelerar a diversidade nas empresas e na sociedade do que data science. Só vai mudar com o poder da tecnologia.
O uso da Inteligência Artificial, seja no aprimoramento do processo criativo, na produção de vídeos ou como suporte aos criadores de conteúdo, domina as conversas, apontando para uma mudança na maneira como produzimos e consumimos conteúdo. Está se tornando uma corrida para explorarmos o potencial humano ampliado pela tecnologia da melhor forma.
Ouvir dos líderes de marketing mundiais não apenas como estão navegando por estas mudanças, mas também suas visões para o futuro do mercado, tem sido o ponto alto da experiência. Eles nos oxigenam a entender como o mundo está abordando essas transformações. Muitos fizeram provocações a respeito do atraso que o governo e instituições têm em relação a todas as transformações que estão acontecendo com a AI. Deveríamos estar ativamente moldando esse futuro, em vez de passivamente esperando que ele se desdobre. E isso serve muito para o nosso país.
A provocação não é sobre o que estamos aprendendo sobre as tendências globais, mas como estamos nos permitindo ser transformados por elas. É um convite a questionar não apenas as inovações tecnológicas, mas também as conexões humanas que elas propõem ou impedem e distanciam. Privacidade de dados deveria ser o tema mais importante da atualidade a ser resolvido. Se não for assim, sempre será um grande problema. Estamos diante de uma oportunidade única não apenas para prever o futuro, mas para co-criá-lo. Como disse Amy Webb e reforçado por Scott Galloway: não esperemos um salvador dos mundos, não esperemos que Mark Zuckerberg e Sam Altman sejam altruístas, mas sim comecemos a aplicar essas lições que levaremos de Austin para influenciar positivamente as nossas comunidades e o mundo ao nosso redor.
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