Não é sobre trabalho, é sobre identidade
A beleza do SXSW está na diversidade de assuntos e abordagens
A beleza do SXSW está na diversidade de assuntos e abordagens
14 de março de 2023 - 8h43
Em um festival com mira em tendências, sustentabilidade, equidade, saúde mental, futuro e responsabilidade das redes sociais, IA, VR e novas tecnologias são temas mais presentes. Assim como também é frequente a participação daquele clichê que criou uma start up e o mais novo aplicativo que vai mudar sua vida, ficou milionário e tudo isso com seus já muito bem vividos 20 anos.
Por outro lado, um outro tema tem sido bastante falado. O quanto essas novas tecnologias e o cuidado da mente vão aumentar nossa expectativa de vida. O ser humano está se preparando para passar facilmente dos 100 anos. E estamos também nos preparando para a produtividade nessa etapa de vida.
Em um mesmo dia, tive a oportunidade de aprender com duas pessoas que após os 70 anos seguem inovando. Nancy Pelosi, democrata ex-presidente da câmara dos representantes dos EUA, no auge de seus 82 anos, nos deu uma aula de civilidade. Olhou para audiência de domingo de manhã com esperança em meio a um mundo ameaçado pela escalada da violência política e antidemocrática. Ressaltou o papel da política na defesa do respeito fundamental: o direito de cada cidadão viver sua própria vida não sendo confundido com uma anarquia, em que a cultura, crença ou qualquer outro valor sejam mascarados em nome da ascensão de uma visão extremista. Além da importância de resistir e entender que uma luta a favor da democracia, seja ela nos EUA, na Ucrania ou em qualquer lugar do mundo, é uma luta de todos. Nancy apoia uma possível reeleição de Biden, afinal, ele só tem 80 anos.
Na sequência, tive a honra de estar frente a frente com Kevin Kelly. Um menino de 71 anos. Kevin foi cofundador e editor chefe da Wired e trouxe o tema da participação da IA como aliada aos seres humanos. Isso pelo fato de uma IA nunca pensará como um ser humano e, por este motivo, ela sempre será complementar e auxiliar. E depois de fundir nosso cérebro com uma linha de raciocínio brilhante, ele nos deixou 5 lições sobre o assunto:
1. Você não vai perder seu emprego para uma inteligência artificial. Ele inclusive questionou a plateia se alguém ali conhecia qualquer pessoa que já tivesse perdido o emprego para um IA. Se conhecesse, para apresentá-lo.
2. Todo mundo vai ter um estagiário. Aqui ele defende a IA como assistência no aprimoramento das ideias e projetos. Todo mundo terá seu UPI (Universal Person Intern)
3. Quem trabalhar com Inteligência Artificial será remunerado. Isso já está acontecendo e essa profissão já ganhou nome. São os Promptors. Pessoas que trabalham em Co Criação com IAs “sussurrando aprendizados em seus ouvidos”.
4. Você vai precisar incentivar as IAs para que sejam boas. Porque não queremos que as IAs sejam como seres humanos, queremos que sejam melhores.
5. IAs serão boas em sínteses. Ajudarão os humanos a chegarem nos objetivos mais rápido.
6. E é apenas uma questão de tempo até que IAs tenham emoções.
Todos esses ensinamentos geraram um grande questionamento: o ser humano na busca por entender a inteligência artificial, vai querer cada vez mais se entender. Não é sobre trabalho, é sobre identidade. Estamos em rumo a uma crise existencial aos 100 anos.
Mas na saída, Kevin nos dá uma mãozinha pra chegarmos lá nos 100 mais fácil. Divulga seu livro “Excelent Advice for Living. Wisdom I wish I’d know earlier”.
Acredito que seja uma ótima leitura, inclusive para os velhos de 20 anos criadores de start up.
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