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SXSW

Robôs devem ser produtivos enquanto nós devemos ser criativos

Este é um dos cinco insights que eu tive no South by Southwest 2023 e quero dividir com vocês


24 de março de 2023 - 14h19

Inteligência artifical de biometria por voz

Crédito: Shutterstock

A edição 2023 do SXSW (South by Southwest) foi a minha estreia no evento. Até chegar lá, eu senti uma mistura de emoções, uma combinação de medo do desconhecido com muita ansiedade para vivenciar a experiência de estar em um dos principais festivais de inovação e tecnologia.

Sempre foi um sonho profissional e pessoal participar deste evento. Durante uma semana fui exposta a ideias inovadoras, a pessoas inspiradoras e tive a oportunidade de ampliar meu conhecimento em diferentes áreas. O que eu vi e ouvi lá, vai me render assunto até o fim de 2023, pelo menos. E aqui, neste artigo, quero dividir com vocês os meus principais insights.

1 – A Inteligência Artificial é uma assistente em nossos trabalhos

Assim como a calculadora precisa de um ser humano para funcionar, a IA também é uma ferramenta que demanda uma ação humana. Então, a ideia de que seremos substituídos por essa tecnologia não é real. Quem falou sobre isso numa palestra foi a futurista Amy Webb, que já foi incluída pela revista Forbes no rol das “cinco mulheres que estão mudando o mundo”. Para Amy, essas ferramentas não resolvem paradigmas humanos, mas são um apoio ao que o ser humano precisa ou virá a precisar.

Kevin Kelly, fundador e um dos principais colaboradores da revista Wired, também discutiu o tema da inteligência artificial. Para ele, o que a IA é capaz de realizar são tarefas que não são desejadas por seres humanos, o que vai aumentar a nossa produtividade em setores específicos. Ou seja, a inteligência artificial está mais para uma assistente ou guia em muitas tarefas, do que para uma ameaça à sua capacidade de pensar fora da caixa.

2 – A tecnologia continuará impulsionando a nossa criatividade

Na palestra “The AI – Powered Future of Creativity” (O futuro da criatividade impulsionado pela IA, em tradução livre), Jonah Peretti, fundador e CEO do Buzzfeed, falou como a IA pode ser útil para os profissionais criativos identificarem novas oportunidades de criação. Para ele, IA não é uma ameaça à criatividade humana, mas sim, uma ferramenta poderosa para melhorar e aprimorar o processo criativo.

Eu saí da palestra pensando que a inteligência artificial será muito utilizada por influencers, como um apoio na produção de conteúdo, por exemplo. A forma como produzimos conteúdo certamente será impactada. Sairá na frente quem conseguir combinar as melhores ideias em texto, áudio e vídeo. Como a IA entrega o básico, é a forma de se comunicar que será o diferencial.

3 – Precisamos nos preparar para viver 100 anos

Eu achei muito inspiradora a palestra sobre longevidade, “Get Ready for a 100 years life” (Prepare-se para uma vida de 100 anos, em tradução livre), que debateu sobre como as pessoas estão redefinindo o conceito de envelhecimento e vivendo mais. A palestra mostrou indicadores de que a felicidade aumenta à medida que envelhecemos.

Isso significa que, quanto mais vivemos, mais felizes nos sentimos, porque a gente vai se tornando mais seguro a respeito do nosso propósito de vida. E isso nos lembra de que a vida não se resume à quantidade, mas sim, à qualidade das experiências que temos e ao impacto que causamos na vida de outras pessoas. Para viver mais e bem é fundamental encontrar um propósito e se envolver com aquilo o que nos interessa.

4 – Temos a chance de ser o “Pablo Picasso das nossas carreiras”

Robôs devem ser produtivos, enquanto nós somos criativos. Como eu já mencionei aqui, as atuais gerações de inteligência artificial são mais como assistentes e estagiários, e não representam uma ameaça real aos empregos humanos. Assim, como afirmou também Kevin Kelly, agora podemos nos dedicar a ser o “Pablo Picasso das nossas carreiras”.

Picasso não tinha intenção de produzir 100 mil quadros, por exemplo. Ele tinha a intenção de produzir um quadro e causar impacto. Então é isso, enquanto as tarefas maçantes são realizadas por ferramentas inteligentes, a gente consegue pensar em outras coisas, em questões mais profundas dos seres humanos. Exemplos: como vamos melhorar o nosso consumismo? Como vamos tratar diabete e obesidade? Como vamos lidar com a poluição? Saindo deste lugar de onde precisamos ser muito produtivos, entramos em uma posição de poder pensar em questões humanas e mais sociais.

5 – Imaginar um futuro bom depende de um mindset

A tecnologia, como tudo nesta vida, tem dois lados: o lado “maravilhoso” e o lado “perigoso”. O lado “maravilhoso” é a capacidade, por exemplo, que a inteligência artificial tem de transformar a ideia de criação de uma startup, que antes só existia na sua cabeça, em algo sólido com branding, nome e pitch de vendas e otimizar o processo. Sugerir a partir de palavras, opções de logos, que é claro que você irá melhorá-los, mas pelo menos, o caminho de ideação, brainstorming, foi encurtada com ideias e opções, por exemplo.

Em oposição a isso, há riscos associados a seu uso inadequado ou irresponsável. Amy Webb apresentou um exemplo sobre a possibilidade de a IA criar uma vacina que aparentemente nos cure de uma doença, mas que tenha efeitos colaterais devastadores, como tornar a população infértil. Ou algo que me veio à cabeça também, é o uso de IA para criação de fotos, por exemplo, imagina o número de fake news, com esse processo, se utilizada, de forma inadequada.

É importante que a tecnologia seja desenvolvida com responsabilidade e ética para que possamos aproveitar seus benefícios sem colocar em risco a própria existência da humanidade. Assim como também é importante que a gente seja capaz de imaginar um futuro melhor. Porque a nossa realidade é um reflexo da nossa imaginação. Então, se queremos criar um futuro bom, temos que imaginar um futuro bom. Ou seja, o nosso futuro também vai depender do nosso mindset, de qual lado da inovação escolhemos focar.

Termino este texto não com um insight, mas com uma palavra: serendipity, que transmite a ideia de descobertas inesperadas e felizes. Uma sensação frequentemente experimentada durante o SXSW, que é cheio de surpresas e oportunidades inesperadas. Assim como a inovação.

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