O oceano não é apenas recurso natural, é um mistério a ser protegido
Somos feitos de água salgada: espiritualidade, cultura e ciência devem se unir em defesa dessa parte fundamental da nossa existência
O oceano não é apenas recurso natural, é um mistério a ser protegido
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9 de junho de 2025 - 13h30
(Crédito Shutterstock)
O oceano é um mundo vasto, misterioso. Um verdadeiro universo que ocupa mais de 70% da superfície do planeta e abriga cerca de 80% de toda a vida existente na Terra. E, mesmo assim, conhecemos apenas uma fração dele. Estima-se que mais de 80% do oceano ainda seja inexplorado, escondendo ecossistemas, espécies e processos vitais que sustentam a vida como a conhecemos.
Ali, cada onda carrega histórias milenares; cada corrente marinha regula o clima e movimenta nutrientes; cada recife de coral sustenta cadeias alimentares inteiras. O oceano é, silenciosamente, nosso maior aliado na luta contra as mudanças climáticas: remove cerca de 50% do CO₂ que emitimos para a atmosfera, por meio de processos naturais realizados pelas algas, plânctons e outras formas de vida marinha.
Ele também é o berço da nossa alimentação: 80% da cadeia alimentar global têm início nos oceanos, mas esse equilíbrio delicado está sendo colocado em risco pelo avanço da pesca predatória, da poluição e de projetos de exploração de petróleo em áreas de extrema importância ecológica, como a Foz do Rio Amazonas – um ecossistema que não é feito só do rio, mas também de manguezais, praias, recifes e de uma vasta diversidade biológica ainda pouco conhecida.
Mas o oceano é mais do que ciência: ele é também espiritualidade, cultura, memória. Nas águas salgadas, muitos de nós encontram cura, refúgio e fé.
No Brasil, o mar é sagrado. É onde, todos os anos, milhões de pessoas vestem branco, pulam ondas e fazem oferendas na virada do ano, renovando esperanças e pedindo proteção para o ciclo que começa. É para o mar que lançamos flores, perfumes e fitas, homenageando Iemanjá, a Rainha do Mar, a mãe de todos os orixás, que personifica a força, o acolhimento e o mistério das águas.
As festas em honra a Iemanjá, como a emblemática celebração em Salvador no dia 2 de fevereiro, mostram como o oceano também é expressão de identidade cultural e espiritual de povos e comunidades que, há séculos, mantêm uma relação de respeito, reverência e troca com o mar.
O oceano sempre nos inspirou na arte, na música, na literatura, na moda. De “Oceano”, de Djavan, de “The Ocean”, do Led Zeppelin, a “Under the Sea”, da Pequena Sereia; e até “Beyond the Sea”, eternizada por Bobby Darin… são incontáveis as músicas que falam do mar, desse fascínio inexplicável que sentimos por ele. De sua força, calma e mistério.
E, paradoxalmente, mesmo sendo fonte de tanta inspiração, ainda não damos ao oceano o cuidado que ele merece. As consequências disso já são sentidas: a acidificação das águas, o branqueamento de corais, a queda na biodiversidade marinha e os impactos na segurança alimentar de comunidades costeiras, que hoje já enfrentam escassez e instabilidade.
Neste mês do Meio Ambiente, quero fazer um convite: vamos olhar para o oceano não como uma paisagem distante, mas como parte fundamental da nossa própria existência. Vamos reconhecer que a nossa vida é interconectada com esse universo azul. E que defendê-lo é, na verdade, defender a nós mesmos.
O mar nos inspira, nos alimenta, nos protege.
Agora, é a nossa vez de protegê-lo.
Somos natureza.
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