A criatividade pode estar em qualquer lugar?
Flávio Waiteman, CCO e founder da Tech and Soul, fala sobre as diferenças entre o processo criativo no home office e na agência
A criatividade pode estar em qualquer lugar?
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Renato Rogenski
17 de abril de 2020 - 6h00
Uma conversa com o seu time para reviews, papos sobre como anda a vida, além da troca de insights. Assim começa o dia de trabalho de Flávio Waiteman, CCO e founder da Tech and Soul. Apesar do isolamento forçado, ele tenta seguir em casa uma dinâmica parecida com a que possuía na agência há aproximadamente um mês, incluindo seus horários de almoço, início e fim de expediente.
Embora tente seguir a normalidade, o criativo admite que algumas situações atípicas da quarentena, como a participação em duas concorrências, com apresentações em modo remoto, por exemplo, têm ensinado uma série de coisas novas para ele e seu time. Na entrevista jogo rápido, a seguir, o publicitário conta como tenta se adaptar e se reinventar para não deixar que todo o contexto atrapalhe sua criatividade.
Meio & Mensagem – Como tem sido sua nova dinâmica de trabalho?
Flávio Waiteman – Tem sido um desafio, mas nos traz coisas boas, como ouvir mais o próximo. Esperar a vez para colocar um raciocínio. Pensar mais antes de falar. A qualidade da conversa tem melhorado. Na verdade, a Tech and Soul já nasceu pronta para um trabalho com pouca presença. Nosso modelo de negócio prevê várias partes do nosso trabalho feitas fora da agência. Obviamente o que acontece agora sai fora de qualquer cenário imaginado, é dramático na verdade. Porém, o fluxo de trabalho tem sido razoavelmente bom e bem resolvido.
M&M – Quais são as principais vantagens e desvantagens?
Waiteman – É claro que a proximidade entre as pessoas é fundamental. E é na interação que as vezes você entende coisas que nem são ditas, mas que acabam virando a própria campanha. Porém, como estamos com o mesmo time praticamente desde o início da agência, já nos conhecemos bem e tudo fica mais simples. E no caso da Tech and Soul sempre fiz questão de colocar um tempo extra debatendo muito o problema a ser resolvido, antes de estabelecer o caminho criativo. Antes de começar propriamente a criar. E por isso está sendo fundamental agora com a distância entre as pessoas do time. Por outro lado, como diria Renato Russo e antes dele Paulo de Damasco: disciplina é liberdade. Quanto mais disciplina e dedicação por um período de tempo, mais a coisa flui. Antes de bater o cansaço é preciso produzir. Pelo menos no meu caso.
M&M – Qual a mudança que mais pesa no processo criativo?
Waiteman – A mudança maior tem sido no ânimo do time, que é a parte humana das pessoas, independente do trabalho. Veja bem, estamos passando por um cenário dramático da humanidade. Uma das crises sistêmicas mais difíceis. Isso mexe com as pessoas. Acredito que o teletrabalho e a distância são os menores dos problemas. Mas a saúde mental de cada indivíduo é a minha principal preocupação.
M&M – As incertezas sobre o momento tem afetado sua criatividade?
Waiteman – O diferencial agora é você criar cenários que possam acontecer no futuro. Como as pessoas vão consumir informação. Será por whatsapp, ou os telejornais voltarão com tudo? Vai ser de ouvir falar ou a informação vai precisar de uma marca por trás dela? O tempo de isolamento também é um problema. Um amigo de Xangai disse que voltou depois de 52 dias de isolamento com uma sensação de gratidão pela vida, descansado e com gás para recuperar o tempo investido na solução da questão. Ter bons guides, bons hábitos e conversar com o time e não só sobre trabalhos mas como as pessoas estão na verdade, deve ser um dos deveres dos diretores de criação e empresas hoje.
M&M – Qual é recomendação para manter a criatividade neste período?
Waiteman – Criar é o ato de você pegar o nada e colocar tudo dentro dele. Para isso é preciso entusiasmo, altruísmo e uma capacidade imensa de fé naquilo que se faz. Tudo interno. Cabe no espaço que vai de uma orelha a outra. E como o nada cabe em qualquer lugar a criatividade pode estar numa tremenda sede na Faria Lima, na nossa loja da Vila Madalena ou na folha de papel que está agora na minha frente aqui em casa.
Crédito da imagem de topo: piranka/iStock
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