Há necessidade de mais mulheres na criação
Pippa Seichrist, presidente global da Miami Ad School, fala sobre mulheres na direção criativa e sobre a criatividade no ensino
Pippa Seichrist, presidente global da Miami Ad School, fala sobre mulheres na direção criativa e sobre a criatividade no ensino
Isabella Lessa
11 de novembro de 2015 - 9h03
Em 1993, Pippa Seichrist e seu marido, Ron Seichrist, abandonaram suas carreiras como diretores criativos para a abrir a Miami Ad School, uma escola cujo propósito é oferecer ao jovem criativo “autonomia sobre a carreira”. Nascida no Texas e filha de engenheiros, Pippa conta que descobriu o universo da criação por acaso, depois de ter se formado em artes, negócios e letras. Nessa entrevista, publicada na íntegra na edição 1685, de 9 de novembro, do Meio & Mensagem, a presidente global da escola fala sobre a importância da inovação para as marcas, do ambiente criativo nos mundos acadêmico e empresarial e do espaço da mulher na direção criativa das agências.
Aprender criatividade
Acho que algumas pessoas têm cérebros mais criativos que outros. Existe uma pesquisa científica que afirma que pessoas criativas possuem mais matéria branca ao redor do cérebro, o que faz com que os impulsos eletrônicos demorem um pouco mais para “entrar”, e durante esse tempo, são capazes de fazer conexões randômicas, que dão origem a mais ideias. Não creio que se possa ensinar alguém a ser criativo, e sim métodos para que a pessoa possa descobrir por si mesma. É como o piano, há aqueles que são virtuosos e há os que conseguem tocar uma canção. Estamos pegando pessoas que são naturalmente criativas e fazendo com que elas se tornem virtuosas em criatividade. Dizem que são necessárias 10 mil horas de prática para dominar algo, para se tornar um expert. Algo importante é o ambiente. Cada escola é diferente da outra e nenhuma tem uma placa na frente que indica que é a Miami Ad School. São inesperadas, um lugar de possibilidades. Há uma sala com paredes cobertas por plumas, outra coberta por grafites. Em algumas aulas ensinamos técnicas de brainstorming, estratégia.
Novo e memorável
Em algumas escolas públicas há tantas crianças na sala de aula e tudo tem que ser feito de maneira rápida. Na aula de geometria, há uma resposta certa e uma errada e, se você tem assuntos onde só há duas alternativas de resposta, você aprende a pensar que a vida é assim. E não é. Nos EUA, devido ao corte de orçamento, tiraram matérias como arte e música da grade curricular, acho que isso é uma perda imensa. Mas há professores do ensino médio e fundamental, por exemplo, que fazem trabalhos fenomenais. Mas o que dizemos aos estudantes é que não há uma resposta certa, há várias respostas certas. Você tem que inventá-la. Disse a eles que tudo o que criam deve ser como o primeiro beijo, porque sempre lembramos desse momento, com que roupa e em que lugar estávamos, que idade tínhamos. Mas nunca nos lembramos do 27º beijo, e isso se aplica a publicidade, marketing e design. É preciso criar algo novo e memorável.
Tendências
Creio que haverá muito barulho sobre a necessidade de mais mulheres na direção criativa. Eu palestrei na 3 Percent Conference, em Nova York, sobre caminhos para ajudar mulheres a atingirem esses postos e, esses dias, estava em uma reunião com as alunas daqui de São Paulo falando sobre as possibilidades de ser uma criativa. Outro ponto que deve mudar é como as marcas vão desempenhar papeis mais importantes na vida das pessoas, e a criação de conteúdo será peça-chave nisso.
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