Lops: “Transformar brasileiros em apoiadores de causas”
Ex-Dream Factory, Gaetano Lops retoma plataforma digital Eu Apoio, que quer conectar marcas e pessoas a causas sociais para mudar cultura de doação no País
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Isabella Lessa
30 de novembro de 2020 - 12h33
Depois de sair da Dream Factory, onde ocupava a função de vice-presidente, Gaetano Lops deixa o live marketing para se dedicar integralmente ao projeto Eu Apoio, plataforma fundada por ele há três anos para conectar marcas a causas. A partir de agora, o projeto, que tem apoio de marcas como Visa, O Boticário e SulAmérica, é retomado para também conectar pessoas a ONGs.
“Não queria mais olhar exclusivamente para o mercado tradicional de live marketing. Então resolvi fazer o que sempre quis fazer, que é trabalhar com causas”, diz Gaetano. A Gael, agência que havia sido comprada pela Dream Factory, volta a ser independente, mas continua sócia do grupo nos projetos Rio Montreux Jazz Festival e Base Hologram. A operação também acaba de fechar sociedade com o Festival Path.
Ele conta que começou a se envolver com causas sociais anos atrás, quando ainda era morador do Rio de Janeiro e conciliava a rotina de realizar 150 shows por ano com a doação de sopas debaixo da Sapucaí. “Essa disparidade me acompanha há muito tempo e comecei a fazer disso o meu futuro. Com a pandemia, não tive dúvida e tomei a decisão de mudar de mercado”, diz.
Para o executivo, ao mesmo tempo que os jovens estão cada vez mais sintonizados com as necessidades sociais em vários níveis, existe a necessidade de fomentar a cultura da doação entre os brasileiros de maneira mais ampla. Por isso, o site da Eu Apoio está incentivando que pessoas físicas se envolvam com causas por meio da doação de seus Impostos de Renda (IR): uma calculadora indica o valor máximo que pode ser doado com esse recurso, caso a pessoa esteja apta a utilizá-lo.Lançado em 2017, o Eu Apoio surgiu com a premissa de conectar marcas a causas de maneira consistente. De acordo com Gaetano, o site tem o objetivo de estabelecer essa conexão de uma forma rápida, simples e segura por meio da tecnologia. “A gente vê muitas marcas fazendo ações de marketing ligadas a causas e comunicando que fizeram essas ações. Mas, na essência, isso é um case, não está no core business da empresa. E deveria estar”, afirma. A iniciativa criou e coordena, até hoje, o Visa Causas, programa da Visa que já contabiliza mais de 200 milhões de doações desde que começou, há três anos. “Esse é um exemplo de programa que funciona somente se as pessoas se engajarem. Essa é a base do nosso projeto”, explica.
Durante esse período, a plataforma foi aprimorando a tecnologia por meio da qual opera, para garantir a transparência entre todas as partes envolvidas: instituições, empresas e pessoas físicas. Os projetos são cadastrados na plataforma após uma análise de compliance que avalia 46 critérios e prestações de contas – realizado em parceria com a Hyperativa, empresa de tecnologia para o setor financeiro. Com esses mecanismos, Gaetano espera quebrar o preconceito e a desconfiança que pessoas possam ter em relação a ONGs. “Queremos transformar cidadãos brasileiros em apoiadores de causas. A pessoa sabe o que aconteceu com o dinheiro que ela doou, quem foi beneficiado e de que forma”, comenta. A equipe da Eu Apoio, com ajuda das ferramentas automatizadas da plataforma, realiza checagens constantes para verificar que as entidades estejam cumprindo todos os quesitos de compliance.
Outra missão do projeto é gerar visibilidade para causas menores. Hoje, estão cadastradas no site instituições reconhecidas, como Projeto Tamar, Instituto Ayrton Senna, Fundação Gol de Letra e Gerando Falcões, mas também inclui iniciativas como VerBem, organização que, há 20 anos, disponibiliza óculos de grau a crianças e adultos sem condições de adquiri-los. “Muita gente não conhece trabalhos como esses. Mostro aos executivos de marketing e digo a eles que têm a chance de mudar vidas. Em vez de pensar somente em como colocar o material de visual merchandising na gôndola do supermercado, podem inserir isso no dia a dia da marca”, afirma.
Mais que cases, causas
Em breve, a plataforma lançará outros recursos: a geolocalização, para que os usuários possam localizar as ONGs mais próximas de onde moram ou trabalham, a opção de doar tempo, ou seja, escolher formas de participar ativamente dos projetos dedicando-se a atividades. Também será possível, em breve, que funcionários de empresas façam doações por meio do desconto em contracheque por meio da plataforma.
“A empresa tem um papel muito mais importante do que vender alguma coisa. Não é mais assim há muito tempo. Mas essas iniciativas devem ser uma conversa do CMO com o CEO das empresas. Se não for um papel direto do CMO, não vai ser de ninguém. E não pode ser somente uma campanha, tem de ser um movimento”, afirma Gaetano.
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