A polêmica campanha dos supermercados Iceland

Bárbara Sacchitiello
14 de novembro de 2018 - 10h57

Uma polêmica do universo publicitário do Reino Unido vem ganhando atenção da mídia nessa semana. Uma animação, que mostra um orangotango visitando um quarto de uma garotinha, foi utilizada pela rede de supermercados Iceland Foods como sua campanha natalina. O comercial, no entanto, vem causando grande debate nas redes sociais após as entidades regulatórias da TV do Reino Unido terem proibido sua veiculação.

A história teve início em agosto, quando o Greenpeace encomendou às agências MC&C e Mother uma campanha que alertasse sobre a destruição das florestas tropicais para extração de óleo de palma. Como resultado, as agências criaram a animação, narrada pela atriz Emma Thompson, que mostra a cena de um filhote de orangotango visitando o quarto de uma garotinha e encontrando diversos produtos industrializados que fazem uso do óleo de palma, entristecendo-se ao lembrar que aqueles itens acabaram causando a destruição de seu habitat. A ideia é convidar as pessoas a refletirem – e evitarem – o consumo de produtos que façam uso do óleo de palma. Assista:

Na expectativa de aproveitar a data mais importante do varejo no ano e, ao mesmo tempo, alertar sobre a questão ambiental, a rede Iceland Foods decidiu usar o filme do Greenpeace como sua campanha natalina. A exibição, no entanto, durou pouco. Após algumas veiculações na TV, as entidades regulatórias britânicas de mídia suspenderam a exibição em obediência à Lei de Comunicações de 2003, que proíbe a veiculação de campanhas de qualquer cunho político na TV comercial.

A proibição, no entanto, acabou gerando muito buzz em torno da campanha e gerou até uma petição, nas redes sociais, na qual as pessoas pediam que às emissoras liberassem à veiculação da campanha. O vídeo está disponível nas plataformas sociais do supermercado, do Greenpeace e também vem sendo exibido nas salas de cinema do país.

Em artigo escrito para o The Drum, Genevieve Tompkins, chief strategy officer da MC&C & Media, declarou que a agência tinha conhecimento, desde o início, de que era praticamente impossível os órgãos reguladores liberarem a veiculação e que o episódio serviu para gerar uma importante mídia espontânea para a causa ambiental e para a Iceland, que possui um programa para tentar eliminar a comercialização de produtos que fazem uso de óleo de palma em suas lojas. A porta-voz diz estar muito feliz com a mídia gerada pelo fato e salienta que a campanha do Greenpeace não conseguiria alcançar tamanha repercussão de forma isolada.

Após o episódio, a Iceland Food deu continuidade à ação de marketing colocando um orangotango robótico em alguns pontos das ruas de Londres, para chamar a atenção das pessoas para a causa. A tecnologia do boneco, que é manipulado por controle retomo, foi desenvolvida pela agência de PR Taylor Herring.